Parte 23

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RANCOR
BALTHAZAR

Por horas a anjo vermelho lutou contra mim, igual a uma harpia raivosa. Ela realmente desejava me matar. Eu só me desviava de seus ataques com certa destreza. Quem a enviou a Muntig parecia disposto a fazer um inferno do meu paraíso selvagem. Já havia se passado sabe-se lá quanto tempo, e estava em paz com minhas caçadas, a caverna, e a diversidade de espécies daqui. Embora sentisse falta da civilização, me sentia muito bem entre os antigos, e agora que essa ruiva havia chegado, todo o meu ódio começava a florescer.

_Controla-te anjinha, se queres saber a verdade.

Agarrei seus pulsos e imobilizei suas pernas com as minhas. Já não tinha paciência para lidar com aquelas acusações. Se ao menos fosse por algo que cometi eu suportaria calado, só que este não era o caso.

_A verdade? É que tu és um maníaco incapaz de desenvolver sentimentos e que sente prazer em torturar inocentes.

_Sou ? Ao menos lestes o meu histórico antes de fazeres tal acusação?

_É claro que não! Se fizeste aquilo comigo! Sabe-se lá do quê fostes capaz  com as outras!

_Certo. Vamos recomeçar, anjo vermelho. Sou Baltar. O segundo ceifador de Yarv. Sim eu gosto de mutilar, estripar e torturar. Mas embora tenha matado muitos homens, mulheres e até crianças. Jamais cometi um ato tão vil.

_Matastes os menores?

_Era um executor! Esperavas o quê? Que tivesse piedade?! Sou o representante da morte que assumiu o lugar de Saryl e a morte não se apieda de ninguém.

_Isto não te dá direito algum. Meu pai servia a Yarv, e Yarv não detém o poder de decidir quem vive ou deixa de viver.

_Achas mesmo que podes me julgar? Se teu pai é Saryl, isto significa que tua mãe é Killoph, e ela também é a tua avó. Posso ser parte da sujeira, só que tu anjo de olhos violeta, nasceste da podridão.

_Meu pai não sabia que minha mãe era a mãe dele, e tu sabes disso!

_É? e depois de descobrir ainda a engravidou, trazendo a vida, esta aberração que agora está a me insultar.

_Você é um monstro!

_É. Eu sou. Porém estou longe de ser um apreciador de garotinhas. Agora se me der licença tenho que trocar essa pele úmida.

Disse entredentes e me afastei. Ela que se virasse naquele mundo extremamente perigoso. A salvei uma vez, duas seria idiotice, após tamanha ingratidão para comigo.  Contudo algo dentro de mim, fez com que retornasse ao local de sua queda, mas a dama de cabelos vermelhos não mais estava lá.
 A teimosa provavelmente tinha ido em direção as ruínas dos antigos, o único lugar de Muntig, onde nem mesmo eu, me atrevia a me aventurar. “Tu és realmente patético Baltar.” Disse a mim mesmo enquanto ia atrás daquela garota.
 Tornados se faziam por toda parte, em estruturas que pareciam ser feitas de gesso. Os raios iluminavam o céu escuro. A alada caminhava a frente, em rumo ao que achava ser uma gruta, e pela minha estadia, sabia que aquela era habitada por algum ser. Por isso continuei a segui-la. Teria que ajudá-la de longe, porquê se a pegasse nos braços para tirá-la dali, pensaria ainda pior de mim. Seus pés deram um passo a frente, e quando o fez, 12 olhos rosas  brotaram na penumbra.
 
 
 
 
 
 
A GIGANTE
BALTHAZAR

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