PROIBIDO
Balthazar
A humanidade tem nos dado muitos nomes no decorrer de nossa jornada. No início éramos conhecidos por títulos que eles nos atribuíam como: Anunnakis, Deuses, Anjos, Demônios...Mas cada fato que te contarei será dito de acordo com as memórias de que me lembro.
Portanto não se assuste se as divindades citadas não forem encontradas nos livros dos homens, pois ainda que poucos tenham tido acesso a esta informação, é a partir da nossa história que todos os seus mitos se originaram" Respiro fundo e tomo um gole de Whisky, mostrando que a história será longa e cheia de reviravoltas que podem não terminar com um final feliz.
"Depois que o anjo da morte, Saryl partiu com a deusa rainha Kiloph. Yarv me promoveu a novo mensageiro, e pude colocar em ação todas as coisas que aprendi. Eu mutilei, estripei, e torturei vários seres em nome do meu pai. Mas ao contrário do filho favorito, amava sentir o gosto do sangue de minhas vítimas, e o cheiro da morte. Ter aqueles corpos tão frágeis em meus braços era viciante." As palavras que saem de minha boca deixam Jonas desconfortável.
"Achava que estava sozinho no universo, e que as mulheres só serviam para o prazer. Até a conhecer. Ela sempre teve olhos doces, e lutou para fazer o certo, mas em sua mente haviam desejos obscuros que me excitavam. Lyris a filha de Saryl, era excepcional, uma em um milhão, e foi assim que começou a minha perdição." Suspiro, e sorrio lembrando-me de alguns momentos quentes que tivemos.
"Eu odiava o quê Saryl tinha feito com a rainha Killoph. Ele era o seu filho, não devia desejá-la, nem lhe querer daquela forma. Porém depois que vi a minha sobrinha, comecei a entender o quê eles tinham. Não havia proximidade familiar entre Killoph e Saryl. Ela não conhecia seus filhos, era apenas a parideira de Yarv que ficava presa no Jardim proibido. Sendo assim Saryl a viu como mulher, porquê nunca lhe apresentaram como sua mãe." A história deixa Jonas assustado. Se Lyris é Alicia, ela é irmã dele e ao mesmo tempo sua sobrinha. Ele já entendeu que isso estava incorreto em tantos níveis que não conseguia encontrar palavras para se expressar.
"O mesmo agora acontecia comigo. Eu não conhecia Lyris, nunca me foi apresentada como sobrinha ou irmã. Era só uma jovem mulher, muito bela, e com ideias que me deixavam louco. Como o Hades eu a vigiei. Como um traidor fui bastante sorrateiro. Lyris também não era uma santa, andava se relacionando com o mensageiro da glória de Yarv, Mykhal, e o próprio irmão Azy. Ela era perfeita." A última frase faz com quê Jonas engula a própria saliva.
PERMISSÃO
Balthazar"Fui até Saryl. Ele agora era um rei, e com a ajuda dos condenados por Yarv, dominava Iterse, o reino das almas esquecidas pelo arquiteto da vida. Seres que serviam como prova de quê Yarv falhava. Evidências que por não poder destruir, guardava no subterrâneo de Parsax." Jonas ouve aquilo cada vez mais entretido, tudo lhe parecia doentio. Mas estranhamente encantador.
"Saryl me negou a mão da princesa Lyris. Eu não participei de seu golpe para tomar Iterse de Yarv, portanto não era digno. Aquilo me destruiu. Ela era o meu único amor, a única por quem faria alguma coisa. Por isso iniciei um motim que tirou o pai dela do trono, e me fez o novo rei de Iterse." O meu olhar é cheio de soberba, mas não tarda a se entregar a tristeza.
"Sob a promessa de não levar o seu pai até o portal dos arcontes, Lyris concordou em assumir a coroa para me legitimar, e enfim se tornou minha. Entretanto tinha um problema. Ela não me amava. Não suportava está perto de mim, e vez ou outra Mykhal e Azy eram encontrados pelos cantos de Iterse com a nova rainha." Tento me conter, mas meu ciúme é evidente, e Jonas parece entender.
MANÍACO
Balthazar
"Não Jonas, eu não era fiel. Mas a cama se torna fria quando o coração não pode ser aquecido. Jogava com a vida de Lyris por vingança, e saia com as irmãs que a rainha mais detestava. Ela não queria ser minha, contudo sentia pontadas no seu peito, sempre que as irmãs venciam." Ri da memória, e Jonas coloca a mão no rosto decepcionado.
"Lyris não conhecia bem a si mesma. Não era a toa que seus amantes tinham se dividido entre um anjo e um demônio. De tanto irritá-la, ela se deitou comigo, e fizemos coisas que nunca seremos capazes de esquecer. Como um caminho torto, ela enfim se apaixonou. Todavia Lyris foi criada por um soldado arrependido de suas funções. Então nunca se orgulhou de mutilar, estripar e torturar... Muito menos de ter alguém que fazia isto." Novamente sinto meu olhar se tornar murcho. É como se houvesse peso em meus cílios que cismam em ficar molhados.
"Eu a ensinei a arte de tirar vidas. Conduzi suas mãos delicadas até a garganta de alguns e a fiz uma arma mortal. Lyris passou a ter o mesmo prazer pela morte. Mas ao contrário de mim, ela tinha o dom do pai, e o usava para saber quem era merecedor da sua espada. Ela se embebedava com o sangue dos injustos, e vê-la banhada em vermelho era maravilhoso." Meu olhar denota excitação. É inevitável. Adoro o lado demoníaco de minha amada.
"Tendo-a ao meu lado, minha ambição somente aumentou. Iterse, foi apenas um dos primeiros reinos que conquistei com a rainha. Drakos, foi o segundo, mas não menos importante, pois ali Lyris se tornou uma com Lagrath. A antiga gigante cósmica que com seu esposo Aphros dera origem a Yarv. Lyris Lagrath passou a ser o seu nome, e ela se tornou a governante de Drakos. A mudança não afetou muito sua aparência de anjo, apenas os olhos se tornaram violetas, com pupilas de forma ofídea." Jonas parece ficar com o olhar perdido entre as suas lembranças.
"Tudo seria maravilhoso, se não fosse pelo fato de quê Lyris, não estava pronta para o quê estava por vir. Meus desejos se estenderam até dominar Parsax, e me vi sedento por poder. Lyris ficou responsável por Iterse, e como resultado nosso irmão Arax, criou o próprio motim. Iterse era um lugar de dor e sofrimento, onde os injustos se regozijavam. Não podia se tornar o lar da justiça, não de novo. A política de Saryl tinha de ser esquecida, e assim Arax corrompeu a rainha." Acabo expelindo o ar com força, e demonstro culpa pelo ocorrido.
"Arax conhecia os temores de Lyris. Ele a tinha visto crescer , e por observações podia dizer sobre cada coisa que a atormentava. Sabia que ela não suportava ver sangue inocente derramado, por isso a obrigou a sacrificar inocentes de menor porte. Era isso ou os condenados levariam a sua família para o portal. Lyris não resistiu, e se entregou a loucura de tal forma que se desvencilhou do momento." Jonas transforma suas mãos em punhos. É como se sentisse em sua carne, todo o sofrimento de Alicia. Posso ver em sua expressão. O amor não acabou como disse.
"Olhos vazios, eram tudo o quê vi quando a encontrei. Tinha uma criança no ventre e o sangue de muitas outras nas mãos. Havia se abrigado numa floresta após a sua inútil tentativa de morrer. A dor de tirar vidas inocentes a esmoreceu ao ponto de não se importar com seus poderes... Fiz o quê foi necessário, e a levei para o descanso eterno, do qual só poderia acordar quando não se lembrasse do passado." Jonas ouve a narração, e decide pedir uma pausa. A onde ele entrava nisso? O quê Lyris e Alicia tinham em comum ? Ela era do outro lado mesmo? Eram as perguntas que presumia que se passavam por sua mente. Mas prossigo, porquê há muito a ser dito.
EXÍLIO
Balthazar"Eu tive que passar meus dias sem ela, e quando a notícia chegou aos ouvidos de Saryl. Este nem sequer ouviu o meu lado da história e declarou guerra. Na sua concepção havia matado a rainha por ciúme ou desgosto. O reino poderia ser meu, mas atacar Lyris? Aquilo era demais para Saryl." Os meus olhos escurecem como o mar sob o céu sem luz, e o meu eu mais jovem sente calafrios.
"Fui exilado e jogado na dimensão dos arcontes. Lá tive de me tornar ainda mais impiedoso para me manter vivo. Lutei por dias, meses e anos naquele buraco onde Judas perdeu as botas. Até que um dia descobri que a lei do mais forte se aplicava ali, e iniciei meus planos para destronar o atual senhor das sombras. Dá um golpe de estado sempre foi o meu melhor truque." Sorrio confiante. Como tenho orgulho de certas trapaças.
"Tão grande foi a minha surpresa quando o encontrei. O senhor das sombras era ninguém menos que o nosso pai. Yarv. O Demiurgo do catarismo. Não foi difícil vencê-lo. Ele parecia cansado de governar, e praticamente entregou a sua cabeça, a qual cortei com um só golpe, me tornando assim o novo governante do abismo." Denoto ambição e poder insaciável, isto traz certo medo para Jonas que treme ao bebericar o whisky.
"Eu tive poder. O maior dos poderes. Por isso abri as portas da prisão e vim para a Terra. Depois de Governar 2 Infernos. Dominar um bando de humanos fracos e obedientes foi a tarefa mais simples. Bastava lhes oferecer o quê mais queriam que me davam até seus filhos em troca de riquezas e glória." O ar sombrio que exalo, faz com que Jonas estremeça e vire o 3° copo de Whisky.
"Infelizmente, toda grande muralha tem uma rachadura que a leva ruir, e a minha sempre foi Lyris. Quando soube que voltaria a Terra, não medi esforços para me aproximar. Conheci seus futuros avós paternos Eliana Prillo e Márcio Marino, e os maternos Luzia Amato e Mota Callegari. Os trouxe para Grande Cúpula, e aguardei por sua chegada." Me recordo das quatro famílias que se tornariam duas por causa da chegada de Alicia.
"Eu estava tão focado nela. Tão obcecado que nem vi como poderia manter meu império e me juntar a ela quando o momento certo chegasse. Por isso senti um golpe no estômago, quando meu fiel braço direito Guz, me contou que Arax estava vindo atrás da antiga rainha de Iterse, e teria de decidir entre o poder ou a minha eterna amada." Abaixo a cabeça. Contar toda a verdade ao menino não é nada fácil, e este demonstra um pouco de compreensão.
"Eu devia ter escolhido ela sem pensar. Mas sabe o quê fariam comigo e os meus seguidores se não estivesse no controle? Eles nos matariam. Buscariam meios de nos punir. Iniciariam uma nova Idade das Trevas, e isto em algum momento iria afetar Lyris porquê como filha de Saryl, não importaria como nascesse. Se seria ou humana ou Parsaxiana. Alguma hora suas habilidades emergiriam e a chamariam de Bruxa." Aquelas palavras fazem os olhos de Jonas apertarem e vai para o 8° copo de Whisky.
"Foi então que tive a brilhante ideia de realizar o experimento da Lua. O mesmo que Killoph usou para ser tanto a rainha de Iterse, como de Parsax, ou Inferno e Paraíso se preferir. Só assim poderia manter o mundo a salvo, e teria tempo para está junto de minha amada. Mas nada saiu como o planejado." O olho com seriedade, pronto para revelar um segredo ainda mais obscuro que mudaria tudo...
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Silence
RomanceHá uma sociedade por trás de tudo que comanda e modela o mundo para atender aos seus propósitos. Muito fala-se a respeito, porém pouco se sabe para de fato julgar. Todavia enquanto a maioria apenas especula sobre a glória e o perigo, Alicia Amato e...