Parte 31

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Pista
Jonas

Quando abri a porta, senti como se uma onda de escuridão tivesse invadido o meu consultório. Por isso apoiei a mão no batente, pressionando os olhos por causa da fraqueza que se apossou de mim.
Havia algo errado no ambiente, e não era somente pelos urros grotescos que penetravam meus ouvidos. Juliana estava certa, eles estavam sendo controlados por alguma coisa. Algo maligno e extremamente manipulador.
Sem me deixar abater pelo medo, puxei a maçaneta, e travei a entrada com a chave. Depois me virei em rumo ao corredor B, e percebi que quantidade de lunáticos reunidos era maior naquela ala. Como se tivessem sido colocados ali para dificultar a chegada ao quarto 150. Não havia jeito. Teria de passar por entre a multidão, e fazer a caminhada infernal se quisesse ter notícias da Amato. 
Inspirei todo o ar que pude, estufei o peito e me meti no amontoado de pacientes. Os uivos passaram a aumentar a cada passo que dava. Definitivamente eles estavam bloqueando a passagem de propósito. Porém isto não seria o suficiente para me fazer desistir. Eu tinha um objetivo e iria alcançá-lo. Não importava o quê teria de enfrentar no meio caminho.
O ulular se intensificou, o suficiente para tentar proteger a minha audição com as mãos, e fechar os olhos enquanto movia meus pés. Tentando ao máximo não ser abalado pelas circunstâncias. Contudo estava tão focado em seguir sob a linha reta que quando me dei conta tropecei no meu cadarço e fui para o chão.
Felizmente eles apenas berravam sem parar. Sendo assim não precisava me precaver contra um grupo de pessoas que poderia me pisotear. Logo, me apoiei para ficar de pé, e para a minha surpresa, quando estava prestes a me erguer, alguém estendeu a mão, me ajudando a me levantar. Mas quando soube quem era, imaginei que ficar no chão não era tão ruim quanto parecia.

_Klaus? O quê faz aqui?

_O surto dos pacientes tá sendo gravado e transmitido por alguém nas redes sociais. Tem notícias da Lici ?

_Eu esperava que você tivesse.

_Como assim? Acabei de chegar e você é quem passa mais tempo com ela.

_É. Não é o quê tem acontecido ultimamente. Mas enfim vamos até o quarto dela, estou com um mal pressentimento e acho melhor verificarmos se ela está bem.

Respondo preocupado e nos entreolhamos com a certeza de que temos de ir atrás da paciente n° 13 imediatamente. Assim ele me dá passagem e nós dois passamos pelo mar de corpos, tentando abafar os incomodantes sons a qualquer custo.
Depois de alguns minutos finalmente chegamos ao fim do pandemônio, e quando olhamos para a direção do quarto que fora isolado dos demais, percebemos que aquela área em específico está completamente silenciosa, embora haja um enorme tumulto provindo do pátio. O quê dá a entender que tudo está sendo orquestrado para nos distrair.
Sou o primeiro a caminhar até o quarto de Alicia, e no momento em que me aproximo, noto que a porta está emperrada, dessa forma empurro a madeira com o ombro, até criar espaço para colocar minha mão, e empurrar a mesa que foi colocada para selar a entrada.
O cômodo está extremamente bagunçado. É como se um furacão tivesse passado e desorganizado cada coisa no espaço. Com cuidado adentro o mesmo, e no momento em que coloco a cabeça para dentro do mesmo, noto que não há nem sequer sinal de Alicia, apenas vestígios do crime que cometeram contra ela.

_Teu mal pressentimento tava certo. O quê tá rolando heim ?

“E o rei foi sacrificado para capturar a rainha.” Ouço em minha mente, e dou um passo a frente, pronto para achar alguma pista que possa nos ajudar a resolver o paradeiro de Lícia. Klaus fica parado analisando o cenário, enquanto passo minhas mãos pelos arquivos, procurando por qualquer coisa que me ajude a saber para onde ela foi levada.

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