Parte 32

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Hora da História
ARAX

Alicia só se deu conta de quê o sangue tinha um gosto ácido depois de virar o cálice em um gole, e quando vi que seus olhos tremulavam, a peguei nos braços, e lhe levei de volta a cadeira na qual algemei os seus pulsos.
O veneno faria seu coração parar, permitindo que as células de Lagrath escorregassem para dentro do mesmo, forçando-o a produzir a hemolinfa dracôniana que usarei como combustível para a minha máquina.
Ela se recosta no colchão tentando abrir seus olhos. Toco sua pele, acariciando sua bochecha, e a expressão dela é dominada pelo pânico. Teme que o alucinógeno sirva para saciar meus desejos sexuais, e isto me faz abrir um sorriso, enquanto me encontro preso a nostalgia de quando era só uma menininha.

_Não vou machucá-la. Não há necessidade. Não quando tenho o quê preciso. Aliás. Vou até te dá um presente antes que vá para o outro lado.

Sento-me perto do seu leito, e a mesma estranha esperando que eu faça alguma coisa. Ah a sua expressão de medo realmente me tenta a realizar certos desejos...
Só que me contenho, seu corpo passará por uma mutação, e preciso me certificar de quê colherei a energia aqui neste mundo, ou seus átomos serão puxados para Iterse, e terei de brigar com outros demônios para poder alcançar o poder supremo.
Logo não posso cansá-la. O quê é uma pena. Já que sua face de dor e o corpo vulnerável me chamam, como um pedaço de bife suculento que anseio estraçalhar.

_Acalme-se. É realmente apenas um presente. Algo que quer muito saber.
Passo minha mão por sua coxa, deslizando os dedos de forma que lhe causo arrepios, por conta dos nervos a flor da pele.

_Lembra-se da primeira vez que tentou se matar? Bem havia uma razão para isto. Era eu que sussurrava em seu ouvido. Como se fosse o demônio interior que não habitava o teu âmago.

Rio maliciosamente e a ouço gemer, como se perguntasse por quê, mas é tudo o quê consegue fazer, já que o narcótico a impede de proferir alguma palavra direito.

_Por sua causa Lyris...

Aperto sua pele enquanto a vejo se debater movendo a cabeça para direções opostas.

_Toda a minha vida foi destruída. Eu era um príncipe. Amado por todos. Até o dia que você e Balthazar conseguiram realizar seu golpe de poder em Parsax e Iterse, e fizeram de mim o inimigo público.

Os olhos dela ardem de ódio, e me sinto cada vez mais alegre por lhe contar os fatos.

_Eu precisava te punir, e como você sempre foi uma vagabunda difícil de matar decidi que viveria para te torturar. Por tal razão entrei no seu avô Enrico Marino e o professor Julian para te atormentar.

A face dela se enrijece. A minha irmã fica em choque com a revelação. Mesmo que no fundo já desconfiasse, ter tal confirmação lhe dilacera. Me recosto ao seu lado. Retiro o cabelo da orelha, e em seguida me aproximo do seu ouvido.

_Você e eu temos uma ligação profunda irmãzinha. Um laço criado pelo trauma que tem te perseguido por todas as vidas desde que saiu de Iterse. Então não importa se Balthazar fará qualquer coisa para te proteger, eu sempre saberei qual é a sua fraqueza, e a usarei para te destruir.

Digo ao percorrer os dedos por sua calcinha, pronto para lhe deixar um pouco cansada. Mas antes que minha diversão comece, um vulto surge diante de nós, e o meu ar se esvai através da mão que aperta o meu pescoço com tanta força que, parece ser capaz de quebrá-lo. Então antes que reaja sou atirado contra três paredes de distância, e fico estirado nos escombros como um saco de pancada destruído por um soco. Balthazar está aqui.


O RESGATE
Balthazar

O sangue quente está circulando por minhas veias. Vê-lo tocá-la daquela maneira fez com que me recordasse do dia em que a conheci, e do quê fui o obrigado a presenciar. Olho-a presa na cadeira enquanto pisca sem parar. Está drogada e alucinando. Desgraçado. É a única palavra que me vem a mente para descrevê-lo neste momento. Então dos meus dedos crescem unhas negras que cortam mais que o diamante. Talvez permitir que Leblyz saia não seja uma má ideia. Só que antes de fazê-lo preciso tirá-la daqui.

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