Parte 35

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ENCOLERIZADO
Jonas

Resolvi sair para beber água, e quando voltei Alicia e Klaus não estavam mais no banco. Só havia uma mancha espeça e vermelha que gotejava no piso ao escapar pelos espaços da madeira. Deixei o copo cair. Então corri atrás deles ao ouvir o som de um espelho sendo quebrado.
Mas ao chegar na porta, me deparei com a Alicia nos braços do namorado, e me retirei. Já havia alguém lá para protegê-la de si mesma. Então minha presença era desnecessária. Por isso acendi um cigarro, e me encostei na parede ao lado. Esquece Jonas. Esquece. Pois quando uma garota tem duas opções, ela sempre escolhe o cara com quem tem uma história. Disse a mim mesmo na tentativa de me acalmar, e antes que pensasse outra bobagem fui capaz de ouvir o sussurro dela.

_Aconteceu de novo Klaus. Só que não foi como na infância. Ele não só me tocou como colocou aquela coisa grande e repulsiva dentro de mim.

O choro dela fez com que eu sentisse sua dor, e sem querer dei movi o punho para trás, acertando a parede de maneira que esta rachou, mas minha mão não sangrou. Alguém a feriu. Alguém a violou. Alguém ousou mexer com a mulher que amo, e isso não vai ficar barato.
Respirei fundo para não destruir ainda mais o prédio, e depois dei leves golpes no batente do banheiro, simulando batidas na porta. Alicia me olhou, e vi que seu glóbulo ocular estava vermelho por causa das lágrimas. Aquilo doeu em mim de novo. Só que me contive. Klaus estava ali. Eu tinha que ter termos. Mas se pudesse estaria lhe abraçando, e garantindo que quem fez isso não sairia impune.

_Quem fez isso com você?

Perguntei e os olhos dela se arregalaram. Era evidente que estava nervosa pois trocou olhares telepáticos com seu companheiro antes de se voltar na minha direção.

_Como...

_Eu sou filho de Balthazar, e aparentemente minha carne está recebendo os poderes dele.

Minto. Pois não sei como vai reagir quando souber que Balthazar e eu somos praticamente o mesmo ser, exatamente como Klaus acusou.

_Mas depois falamos sobre isso. Me diz quem foi. É só o quê preciso saber no momento.

De novo a mesma ficou surpresa com o rancor presente em minha voz, e me olhou como se tivesse de esconder o quê sentia. Contudo não me importava mais. Se Klaus quisesse brigar comigo por causa dela que viesse. Eu preferia que soubesse, do quê deixá-la chorando, sem a esperança de quê o seu algoz receberia a devida punição.

_Foi o... Balthazar?!

Quase me virei pronto para lutar com a minha metade do outro lado, mas ela saiu de perto de Klaus para ir acolher o meu eu mais velho. Se ele tivesse lhe ferido da maneira que alegou, não faria tal coisa. Por isso abaixei a guarda, e quando o moreno olhou para mim, tentei fingir que não havia agido com um ímpeto quase romântico antes.








Fique
Balthazar

Após alguns minutos respondendo algumas perguntas sobre meu estado, Alicia se acalmou e foi para os braços do pai de sua filha que a chamou para irem ao refeitório mais próximo, deixando apenas a mim e Jonas no corredor. O mais novo demonstrou muita fúria, e logo conclui que ele sabia do ocorrido.
Ele se sentou, e colocou a mão na cabeça com ar de decepção. Eu conhecia bem esse modo de se expressar. Não estava triste pelo houve com Alicia, e sim furioso consigo mesmo por não ter impedido.

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