Parte 37

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Espíritos
ARAX

Jonas e Klaus não podiam ver, mas através dos meus olhos demoníacos, era possível assistir vários espíritos agarrados nos ombros deles, com sorrisos agressivos enquanto sibilavam sobre suas fraquezas, para que se digladiassem ao ponto de esquecer que estava ali. O quê era de muita ajuda pois desta maneira consegui enviar uma mensagem para a minha amante que chegou o mais rápido que pode, usando as entradas secretas do meu Instituto.
A fumaça cobriu o lugar, e assim que ela surgiu, meu sorriso cresceu. Rosa estava com olhos chorosos por conta do quê fizeram comigo. Sua bochecha redonda como de uma menininha havia se tornado rosada, dando-lhe um aspecto tão infantil quanto o de minha irmãzinha. Ela se ajoelhou para me libertar, e assim que se tornou menor e frágil, senti o meu sangue ferver ao ponto de tomá-la nos braços.
Rosa realmente parecia ser muito mais jovem do quê era de fato, e eu amava isso, pois dava-me a impressão de quê tinha uma criancinha nos braços que queria brincar, com a serpente que tinha no meio das minhas pernas. Beijei-a, colocando minha língua em sua boquinha de infante. Então minhas mãos foram para os seus seios aos quais apertei com delicadeza, arrancando-lhe um gemido de mulher que me tirou do transe.
Rosa não entendia que devia esboçar gritinhos finos iguais ao de uma garotinha, e isso me deixou exasperado ao ponto de lhe acertar um tapa. Se não vai me satisfazer não me provoque. Sai do círculo pronto para acabar com aqueles dois vermes irritantes.
 Contudo em vez de encontrar um par de corpos, só havia os pingos de sangue que os amantes da puta infernal deixaram para trás. Os miseráveis tinham escapado, e além de ter que atrasar a morte deles, me dei conta de quê o moleque realmente estava ficando poderoso.

 
 
Lar Doce Maldito Inferno.
Alicia

Ainda me lembro do som do cinto ao ser lançado no ar antes de estalar em minhas costas. De como Ele pressionava seus dentes, pressagiando que ia me bater com vontade. Das vezes que me encolhia ao seu lado tentando conseguir um pouco de atenção, e tudo o quê conseguia era o total desprezo por meus infantes ideais.
 Me recordo também que isso me fez perder a cabeça, e fiquei a um tris de matar minha prima enforcada porquê Ele a defendia e amava, mas a mim não. Lembro-me das suas raras bebedeiras e que numa delas deu um tapa no rosto de minha mãe por ciúmes e só não veio para cima de mim, porquê liguei para vovó e ela me ajudou a fugir de casa.
Salomão me destruiu física e psicologicamente de tal forma que, não me importei, quando Elisandra puxou uma faca para mim, alegando que eu era próprio demônio, pois foi assim que Ele fez com que me sentisse. Meu pai me tornou uma bomba relógio e sei que a qualquer momento posso explodir...
 
_Alicia...
 
Ouço uma voz conhecida e sou tirada de minhas recordações. Estou nos braços de alguém e sinto grãos de areia escaparem pelos meus dedos dos pés.
 
_Onde estamos?
 
Percebo que o céu é de um vermelho quase sanguinário, como se criaturas estivessem massacrando umas as outras dentro dele.  Então ouço o som das ondas se aproximarem, e pego um pouco de água para me espertar, mas quando minha mão entra em contato com as ondas, percebo que não é H2O e sim sangue.
 
_Onde estamos?!
 
Agarro no colarinho de seja lá quem for, e quando nossos rostos se encontram, me dou conta de quê estou no colo de Jonas. Entretanto ele está diferente do normal. Além de suas vestes serem completamente negras, há marcas de queimaduras nas mãos, e cortes no pescoço.
 
_Jonas.
 
O analiso por alguns segundos, e no momento que seus olhos acham os meus, dou um pulo para trás. Ele não é o doutor. Não há dúvidas disso. Pois suas íris nem sequer são humanas, elas parecem reptilianas.
 
_Balthazar?!
 
Ouço como se fosse a voz da serpente e a palavra foge da minha boca, fazendo com que o estranho clone obscuro do médico reaja. Será possível?! Luckylah era de fato um reflexo da minha realidade oculta?!
 
_Como?
 
Ele fica boquiaberto.
 
_Como descobriu?!
 
Completa e me mostro confusa.
 
 
 
 

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