𝐸𝑙𝑒𝑣𝑒𝑛

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O colégio já estava completamente vazio e silencioso, o que me faz refletir se foi possível me escutar quando estava na sala dos professores junto a Saray.

Já tinha passado do horário, então só ficam alguns professores, zeladores, diretor e outros que trabalham no colégio, sem alunos.

Coloco os meus fones e caminho pelos extensos corredores da escola. Tem tanto corredor enorme nessa escola, que eu levaria menos tempo correndo por eles e chegaria mais cedo nas aulas.

Assim que viro um deles, me deparo com Altagracia pulando e rindo de animação, levo um susto com a garota que estava em estado de euforia.

- Porra Altagracia, não me mata do coração! - digo com a mão no peito.

~ AAAAAA. - ela me sacode toda ~ ME CONTAAAAA!!!

- Te contar o que? - eu sabia muito bem do que se tratava.

~ Você e a senhora Vargas trepando na sala dos professores. Tu seguiu os meus concelhos né?

- ALTAGRACIA!kkkkk. - solto risadas tímidas - eu não me vendi por notas não, só... Aconteceu.

~ Ah, você admitiu! E aí? Como foi? Ela chupa bem? - a amiga exclama ainda eufórica.

Inconveniente.

- Altagracia, eu não vou ficar falando das minha intimidades assim não. Mas eu não imaginava que eu perderia a virgindade na sala dos professores!

~ Mulher, o cabelo da professora... Sua blusa toda aberta, saquei na hora. Parece que foi mais selvagem, não foi romântico.

- Alta, você está me constrangendo. Vou para minha casa, já passou da hora. - digo entre risadas.

~ Ah, e sobre aquele dia, você me perdoa? Sinto sua falta.

- Relaxa, tá tudo bem.

[...]

𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩
~ Não te vi mais depois daquele dia. Por que faltou três dias do colégio? - a aluna dos cabelos vermelhos pergunta.

- E você pensa que é minha dona por acaso? - Estefânia revira os olhos e fecha a cara.

Eu adoro deixa - la irritada.

Simplesmente porque é fácil deixa - la brava.

- Eu estou brincando, relaxa - digo entre gargalhadas fracas. - eu tive um problema familiar.

~ Ah, tá. - sua expressão passa de irritação para pensativa, como se quisesse saber de algo a mais, mas não questiona.

- Zulema disse que você perguntou sobre mim. Sentiu minha falta Lascurain?

~ Sim... - ela diz com um sorriso tímido presente no rosto.

Para mim, está claro que Estefânia tem sentimentos fortes por mim.

Sua linguagem corporal diz por ela.

O sinal toca anunciando o final recreio.

- Vai lá, e para de vir para a sala dos professores no recreio.

~ Eu precisava te ver.

- Você sabe que é arriscado. Se desconfiarem da nossa relação como professora e aluna, você pode ser expulsa e eu perder o emprego. Sem contar em processos ou problemas familiares...

~ Eu entendo. - o sorriso da garota se desfaz e ela se apressa para a aula.

𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩
O último horário se encerra, agora podendo ir para casa. Desde mais cedo, uma chuva forte não parava de escorrer e neste momento, o clima não apresentava - se diferente.

Legal, nem blusa de frio eu trouxe.

Caminhava pela rua relativamente devagar, as ruas estavam muito molhadas e o céu muito escuro para o horário.

Noto um carro preto ao meu lado, andando devagar. O seu vidro do passageiro se abre e eu olho quem está dirigindo.

~ Entra no carro. ~ diz a professora de sociologia.

- Não precisa, muito obrigada. - respondo ainda caminhando.

~ Entre agora Lascurain. - eu adoro quando ela diz com autoridade.

A mais velha abre a porta do passageiro e eu continuo andando. Sem paciência, Saray sai do carro e me puxa pelos braços até o automóvel. Eu me situava toda encharcada e tremendo de frio.

~ Por que recusar? Você vai pegar um resfriado desse jeito, te levarei para sua casa. - ela diz séria e firme.

- Vergonha, não queria incomoda - la.

~ Ah Fanni, nós já fizemos coisas mais íntimas do que uma carona. - ela sorri fraco e eu faço o mesmo.

Percebo que ela só me chama de Fanni, quando estamos a sós...

Ela passa as mãos no banco de trás e pega um moletom preto.

~ Toma. - ela me entrega e eu o visto.

Então a mesma volta a dirigir. Ela liga o som e começa a mexer com dificuldades por usar uma mão só.

Um funk cheio de putaria começa a tocar de sua playlist. O som estava bem alto fazendo ela soltar altas gargalhadas e eu o mesmo.

A risada dela é tão engraçada, que automaticamente rio junto a ela. Saray é uma pessoa que faz o nosso dia melhor e consegue tirar uma risada nossa fácil.

~ Porra, essa daqui não. Não posso ficar escutando essas coisas com uma aluna menor de idade no carro. - ela olha para mim com um sorriso e olhar cínico no rosto e logo volta a olhar para frente.

- Ah, mas pode transar com ela né? - debocho de Saray, fazendo com que a mesma faça cara emburrada e mostre a língua.

Ela diminui o som e logo troca para uma música do estilo flamenco.

Senhora Vargas segurava tão forte o volante que podia ver a ponta de seus dedos esbranquiçados, mas por outro lado, ela usava o seu banco quase deitado. Ela ficava tão atraente no volante... 

Durante o trajeto sua mão direita passa em minha coxa, subindo e descendo cada vez mais e a apertando forte. Ela olha para mim e dá gargalhadas pela maneira que eu fico nervosa. Sempre que a senhora Vargas faz coisas para me provocar, eu não sei como reagir e só fico imóvel.

Ela se diverte me fazendo surtar internamente.

- Obrigada por me trazer em casa. - ela para seu carro na frente da minha casa.

~ Por nada.

Tomo a iniciativa de colar nossos lábios em um rápido beijo de despedida, e a senhora Vargas não recua.

- Não quer entrar?

~ Eu adoraria mas preciso continuar resolvendo outras coisas, talvez outro dia Fanni.

- Tudo bem então.

Chego em casa e vou direto para o banho, ainda estava bem molhada pela chuva.

Mais tarde, percebo que não entreguei o moletom a Saray. Eu tinha usado, mas o cheiro de Saray ainda estava impregnado, era um cheiro bom, sorrio ao cheirar o tecido macio. Era um aroma do perfume que ela usava todos os dias, também podia sentir um pouquinho do odor de cigarro.

Eu frequentemente me pergunto se Saray tem um marido e filhos, mas agora essa pergunta está atormentando meus pensamentos mais ainda. Porque se ela tiver, eu prefiro me afastar antes que me apaixone mais do que estou. Não quero me machucar, visto que se ela tiver um marido, não separaria dele para ficar com uma adolescente qualquer.

Eu nunca tinha me apaixonado assim, acho que nem sabia o que era realmente apaixonar. Nunca tinha me apaixonado a ponto de sorrir ao sentir o cheiro da pessoa, pensar nela o tempo todo e apenas com um olhar sua barriga sentir um frio interminável. Borboletas dançarem uma dança bonita em seu estômago.

Apenas assistir suas aulas não é o suficiente, eu preciso de mais

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora