Único

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Eu li antes de postar, mas como já estou com um pouco de sono posso ter deixado passar algum errinho, então desculpe se tiver algum erro, espero que gostem
P.S: a música não serviu de inspiração, era só o que eu estava ouvindo enquanto escrevia e editava mesmo, pode ser que gostem :)

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Carolina abriu a porta de casa suspirando pelo cansaço, tirou seus sapatos perto da porta e a fechou atrás de si, notou que a casa estava muito quieta, mas ao perceber o par de tênis no tapete soube que Pedro, seu melhor amigo, estava em casa, entrou e deduziu que esse estava dormindo já que passava da uma da manhã.
Carolina não era de sair com seus colegas de trabalho, para falar a verdade não nutria amizade por nenhum deles, trabalhava pela obrigação mesmo, mas naquela semana muitas coisas boas haviam acontecido, promoções e fechamentos de novos contratos milionários, então quando foi convidada diretamente por sua chefe para comparecer ao happy hour naquela sexta se viu na obrigação de aceitar. No local fora mais do mesmo, todos falando de como amavam a empresa e que se viam como família. Por dentro a mulher ria de deboche, se as pessoas na mesa soubessem o que um falava do outro pelas costas essa confraternização terminaria no casos de família isso sim. Para não fazer desfeita comeu uma porção de batata e tomou seu agraciado suco de laranja, havia ido de carro e não queria colocar uma gota de álcool em sua boca por conta disso, era muito correta em certas coisas e volante e bebida era com certeza a maior de todas.
Seguiu pelo caminho ainda escuro do corredor para sala e adentrou a cozinha buscando uma latinha de chopp de vinho na geladeira, notou uma marmita com um recado colado era de Pedro informando que fez lasanha e que aquele era um pedaço caso ela chegasse com fome, a mulher sorriu e pegou o pote da geladeira o levando ao microondas.
Acendeu apenas a luz da varanda para não ficar tudo tão claro e saboreou a bebida observando o trânsito de São Paulo e aguardando sua comida ficar pronta. Se perguntava como tão tarde da noite ainda haviam tantos carros correndo em todas as direções, realmente se sentia uma formiguinha quando parava para pensar na cidade com o status de metrópole que era São Paulo.
Voltou para realidade quando o bip do microondas avisou que sua comida estava pronta. Chocando ninguém estava uma delícia Pedro tinha uma mão extremamente boa para cozinha, Carolina achava um desperdício ele seguir os passos do pai quando não queria, sendo que tinha talento para sua carreira dos sonhos, gastronomia.
Após terminar seu jantar lavou a louça e jogou a latinha fora, seguiu para seu quarto na ponta do pé para não acordar o amigo.
Ao adentrar o cômodo foi tirando suas roupas e jogando no cesto, entrou em seu banheiro ligando o chuveiro e se preparando para um banho quentinho.

Pedro chegou cedo em casa naquele dia, tão cedo que tomou seu banho e ainda conseguiu ir até o mercado para comprar ingredientes para uma lasanha, fazia umas semanas que estava com vontade, mas nunca saia do trabalho em tempo de passar no mercado, as vezes achava que só porque seu pai sabia que ele não queria estar lá exigia mais ainda de si.
Lavou as mãos na pia e colocou seu avental tirando as coisas da sacola. Com muita calma e paz começou a cozinhar cantarolando algum hit dos anos 80. Sua paixão disparada desde a infância era cozinhar, mas seu pai sempre viu esse seu desejo com maus olhos, em seu mundinho conservador seu filho gostar de cozinhar era quase um atestado de homossexualidade e por isso ele sempre o repreendeu quando o assunto surgia.
Aos 18 anos assim que se formou pensou em desistir de tudo, enfrentar o pai e finalmente seguir com o que queria, mas seus planos foram por água abaixo quando o mais velho sofreu um acidente que o deixou impossibilitado de continuar trabalhando, Pedro achou que a empresa seria vendida, mas o pai não queria desfazer o império que construiu desde novo vendendo ou deixando nas mãos de outro, então a mãe de Pedro praticamente implorou para que ele seguisse os passos do pai e por amor a mãe ele resolveu atender o pedido, fez a faculdade de negócios que o pai tanto queria e assim que se formou, aos 22, pegou o cargo de presidência da empresa.
O início foi um inferno ele não sabia nada e todos os funcionários o olhavam torto por estar onde está apenas por ser filho do dono, ele também não gostava e se pudesse passaria o cargo, mas essa não era uma opção.
Naquele dia em específico teve pelo menos umas três reuniões super longas e chatas, tudo que queria era voltar para casa e cozinhar para desestressar, quem sabe esperar Carol chegar do trabalho e ficarem na sala fofocando, ela poderia fazer carinho em seu cabelo e falar que ia ficar tudo bem. Pensando nisso Pedro queimou as pontas do dedo na panela quente, reclamou de dor e passou os dedos no cabelo para diminuir a ardência, pensar em Carolina trazia para si um misto de sentimentos confusos. Eram amigos desde a sétima série e ela sempre o viu como um melhor amigo, no começo era isso mesmo, mas assistir de perto a pessoa maravilhosa que ela se tornou fez com que se visse apaixonado por ela antes que terminassem a escola, na época ela namorava, um cara bem babaca, por isso Pedro resolveu guardar para si o sentimento, eles acabaram em salas separadas no segundo e terceiro ano e com isso o homem achou que o sentimento mudaria, mas ele só ficou mais forte. Então ele pensou que quando estivessem na faculdade a mudança de prioridade e ajuste nos cronogramas iria fazer o sentimento passar, mas também não funcionou. Sendo assim ele aceitou, não tinha possibilidade nenhuma de tirar a garota de sua vida, talvez com o tempo e a distância fosse melhor, mas quando ela bateu em sua porta no meio da madrugada chorando e pedindo um lugar para ficar ele sabia de duas coisas 1) ela sempre poderia contar com ele e 2) o sentimento nunca iria passar.
O cheiro da lasanha inundava a casa toda, Pedro estava sentado na bancada esperando o timer do forno apitar, assim que o barulho ecoou pela cozinha soube que sua obra estava pronta.
Se sentou para jantar meio triste por sua amiga ainda não estar em casa, estava precisando dela, mas se não havia chegado havia motivo e ele não ia ficar mandando mensagem e ligando pedindo atenção, por mais que quisesse e muito. Assistiu alguns filmes na sala e quando o relógio bateu meia-noite e meia foi dormir, durante sua estada na sala viu um stories de um dos colegas de trabalho de Carol em um barzinho onde ela aparecia no fundo, pelo menos sabia que ela estava bem.
Pedro deitou em sua cama, assistiu a vídeos, leu um ou dois capítulos de um livro, jogou um pouco, mas nada de conseguir dormir, rolou de um lado para outro da cama e nada de sono, sabia que tinha algo que o deixaria cansado o suficiente para dormir, mas não tinha certeza se era apropriado seguir com essa ideia, pensou por alguns minutos e após um "foda-se" mental ligou o abajur de luz baixa para seguir com sua ideia...

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