Prólogo

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"Preciso chegar a tempo, preciso chegar a tempo" o forte pensamento da mulher sucumbia no meio das veredas da trilha nevada em meio a floresta escura.

A uns cem metros atrás cinco homens com lanças corriam para alcançá-la, seus olhos luminosos em verde sequer piscavam ao olhar na direção de onde a moça corria.

À beira de uma rachadura que cortava uns cinco quilômetros laterais, a mulher parou. Seus olhos marejados entregavam seu desespero ao pulsar de seu choro, ela quis pular, quis submergir com o ar a sua volta e chegar à beira d'água, mas não havia tempo.

Uma lança surgiu bem ao seu lado, a fazendo virar de uma vez para trás. Os homens, de olhar fundo, não traziam semblantes saudáveis, era como se o tempo os tivesse alçando antes da hora ou a morte estivesse prestes a buscá-los.

Ao mesmo tempo, um homem finaliza algumas palavras no meio da mesma floresta, não tão distante da mulher.

--- O menino nasceu, senhor? --- A voz surgiu por detrás de uma fumaça verde no centro da roda de velas, onde o homem se encontrava.

--- Nasceu senhor, eles estão vindo ao norte. --- Respondeu o suposto subordinado, quase curvado.

O subordinado ficou parado, olhando de baixo para cima a silhueta robusta do homem na fumaça.

--- A mais alguma coisa que queira me dizer?

O subordinado, olhou para o lado, o medo de responder serviu de adorno ao seu coração.

--- Senhor... Nasceram dois. Então foi sacrificado um para que o outro  herdasse mais de um elemento. Estão dizendo que será o fim das hierarquias e que o velho morrerá.

A sombra verde em meio a neblina, calou-se, olhou atentamente ao homem e avançou para matá-lo. Mas antes de atravessar o círculo, o homem jogou um pó nas chamas, que rapidamente explodiu sobre todas as outras, fazendo uma cúpula de chamas azuis.

Um grito atordoante emergiu alcançando a mulher na cratera, que dava seus últimos passos para a borda. Ao soar do grito, ela se joga.

Os homens ficaram extasiados, mas segundos depois ela emergiu, como sendo lançada pelo nada para as alturas.

O corpo da mulher balançava no ar, sendo levada para a beira do mar.

Então, na floresta em meio às chamas azuis, a sombra do homem grita:

--- Amaldiçoado seja a criança morta!

--- Não... --- Gritou o homem.

Dito isso, a fumaça expandiu para toda a floresta, e aos poucos a vegetação foi morrendo. O homem, percebendo que a sombra não ficaria preso por muito tempo, ajoelhou-se diante do círculo e pôs as mãos nas chamas e pediu:

--- Fogo, pela última vez, atenda o meu pedido, eu troco pelo que pode ser, por minha vida, elimine todo o poder.

O homem foi erguido do chão e pequenas faíscas foram surgindo por toda a floresta, se interligando em alto velocidade, faíscas de todas as cores, e como um pião a girar, a chamas rodearam e em seguidas houve uma explosão, destruindo completamente a floresta.

E, já no meio da água, a mulher lacrimejando olha para trás, vê a imensa fumaça, que tomou a vida de seu marido.

Domov e o Círculo Das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora