De Volta para Casa

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Depois de todos os acontecimentos no Acampamento de Hackett's Quarry, os adolescentes lá presentes agora voltam de viagem no carro da polícia. Tecnicamente eles ainda teriam de responder algumas perguntas dos policiais e coisas do tipo, mas é melhor isso do que voltar para casa morto.

Abi, Dylan e Ryan estão no mesmo carro, ainda tentando processar toda a situação, e como saíram vivos dessa. Afinal, o podcast não mentiu.

"Ei, Abi... o que você vai fazer? Tipo, hã, de faculdade.", disse Ryan.

"Hmm, não sei, talvez... design gráfico ou odontologia", respondeu.

"Por que odontologia?", Dylan se intrometeu.

"Ah, sei lá... arte não é muito valorizada e provavelmente meus avós iriam ficar bravos comigo.", desanimou. "Então, talvez odontologia fosse legal, algo assim."

"Suas artes são lindas.", elogiou Ryan.

"Você também", era o que Dylan queria dizer, mas apenas pensou.

Abi apenas sorriu em agradecimento e se virou para a janela, ainda meio apavorada com tudo que acontecera antes. Um silêncio desconfortável se instaurou entre os três, já que não sabiam o que falar e, aparentemente, ninguém queria comentar mais nada. Ryan pegou seu celular, totalmente sujo (mas funcionando), e colocou os fones, deixando — pelo menos, por essa noite — de ouvir podcasts, apenas uma música mais 'punk'.

Dylan se virou para a janela também, assim como Abi. Se lembrou da conversa recente que teve com Kaitlyn, mais específicamente da frase: "ainda tem o próximo ano, certo?". E, apesar de tudo, Dylan sentiria muita falta dos amigos, — e sua querida mão — só havia pegado o número de Ryan e Kaitlyn.

Ah, espera. Dylan pegou seu celular e contatou o número de Ryan, o enviando uma mensagem:

"Ooi
O que está escutando?
Aqui é o Dylan..."

E é claro que não foi enviada, pois ambos estavam sem sinal. O moreno se sentiu um completo idiota por ter feito essa ação nada inteligente — para quem se dizia ser professor. Sentiu uma cutucada no ombro e olhou para o 'amigo'.

"Toma.", disse Ryan, o entregando um dos lados do seu fone de ouvido.

"Tá bom...?", pegou o mesmo e agora ambos compartilhavam do mesmo objeto. Dylan corou porque não esperava tal atitude do outro, porém resolveu não questionar.

Ele encarava o 'amigo' algumas vezes; claro, de uma maneira discreta — Ou era para ser. Ainda o restava dúvidas sobre a relação que tinham, visto que flertaram bastante na última noite e até rolou um beijo, mas Dylan temia que fosse só mais um caso "Emma e Jacob" de verão.

Talvez Ryan prefira mulheres piratas ou mulheres fodonas. Ou talvez Ryan fosse bissexual. Nunca vai saber.

O garoto tombou a cabeça para o lado, suspirando e tentando se concentrar na música. Ryan fez a mesma coisa, ambos encostando a cabeça, durando a viagem toda praticamente, enquanto Abi estava dormindo.

...

"Garoto Ryan, acorda!", ditou o policial. "Chegamos em sua residência."

O trio acordou no susto, fora uma viagem longa. Como Dylan estava na parte da janela, abriu a porta e desceu do carro, dando passagem para o 'amigo' sair. Por um momento seu coração palpitou, ajudou o garoto com sua mala restante e o encarou uma última vez.

"Até algum dia.", disse ele, o encarando de volta.

Dylan sorriu. "Até.", respondeu, ainda permanecendo ali, na mesma posição. Ouviu o policial chamar sua atenção e saiu do transe. "É... Boa sorte nos podcasts."

"Aí, eu não vou trabalhar com podcasts. É só um passatempo."

"Eu ouviria um podcast seu, se fizesse.", sorriu torto.

"Então boa sorte também, professor de física.", deu dois tapinhas no ombro do outro.

Ambos riram um do outro e Dylan fora chamado mais uma vez pelo policial. Ele queria dizer mais alguma coisa, sabia disso, porém, apenas deu um abraço forte em Ryan e saiu sem o encarar, entrando no carro e saindo do campo de visão do outro.

Ryan não sabia como reagir, ficou paralisado por um instante e só então entrou em sua casa, sentindo seu celular vibrar três vezes.

Número desconhecido — Ou não.

Depois do VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora