Capítulo 15 - Arm está escapando pelas minhas mãos...

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Setembro...

Big

                           Não estamos bem!  Ontem aproveitei que Arm tinha alguns assuntos para resolver e liguei para o Pol vir me buscar.  Estava com saudades de mãe Joly.  Ouvi uns dez minutos de sermão por minha ingratidão e mais dez por minha cegueira de não ver que o menininho dela e da Nat me amava.

                        Tia Nat morreu há anos e ainda assim a mãe de Pol e nossa, por empréstimo, fala dela como se de repente ela fosse surgir ali, linda e radiante como um raio de sol refletido no mar... Depois dos sermões, meia hora de beijos e colo muito bem-vindos. O menininho dela não me beija mais acordado e um carinho de mãe pode não substituir o do namorado, mas ao menos alimenta o amor-próprio.

                        De repente, sentindo esse amor e depois de uma tonelada de comida e vinho, comecei a pensar que mesmo que meus verdadeiros e amados pais tenham partido, sou um homem de sorte. Tio Khorn e tio Kan tornaram-se meus tutores com a morte prematura de meus pais biológicos. Com eles e tio Tom, ganhei três pais e com tia Nane e tia Joly, ganhei duas mães. 

                     Vivendo sob o jugo doentio de Ken, teve momentos que esqueci minha sorte, mas eles nunca me deixaram sozinhos e onde preciso de colo e amor, eles vão me socorrer. Vim aqui tentar conversar com Pol. Eu sei que ele e Arm compraram as nossas alianças, mas já faz um mês  e até agora estou esperando que Arm converse comigo. 

                    Ultimamente, depois que chegamos de minhas apresentações, ele corre para o escritório e trabalha até tarde. Só vem para o quarto quando adormeço ou, quando ele pensa que adormeço... Tenho sido um menino rebelde e finjo dormir só para ouvir suas declarações. Mas ele nem me toca... E eu cansei de ser um menino bom... Só preciso saber como acordar ele para tê-lo todo para mim... Coloquei na cabeça que ele está esperando voltarmos para casa. Mas falta tanto tempo...

                   — Pronto, Big. Sou todo seu.

                   Pol me conhece, não vou enrolar...

******

                   — Está aí a frase que ando esperando, mas não de você!

                   Pol muda o semblante. Pol é só dois anos mais velho que Arm, mas ele age como pai e é por isso que vim aqui conversar com ele.

                   — Ele recuou, Big?

                  — Não é bem isso, porque todas as noites ele fica lá me matando de vontade de agarrar ele com as mais belas declarações de amor... Mas se eu faço que vou acordar, ele vira para o lado e dorme.

                  — Big, entre eu achar o Arm e a morte da mãe dele passaram-se seis meses. Nós dizemos que nossas mães morreram na mesma época porque é verdade, mas nós não estávamos juntos. Depois que o pai dele morreu, a mãe dele foi viver com um homem e pelo que entendo do pouco que Arm me falou na época, esse homem, humilhou muito ele. Acho que isso desequilibrou Arm. Por isso que as nossas Famílias meio que mimam ele demais...

                 — Vontade de matar gente assim! E porque a mãe dele não abandonou esse encosto?

                 — Primeiro, porque era namorado dela e depois, cafetão dela. Nossas mães faziam a vida, depois que nossos pais morreram. E esse mesmo homem agenciava minha mãe, por isso elas se conheciam. 

O Fruto Proibido  1                                 #BigArmOnde histórias criam vida. Descubra agora