€-- Sentia uma dor enorme nas costas. É claro. Minha mãe era pesada e eu tinha dez anos.
€-- Não preciso de ajuda. Não somos iguais!
€-- Mas isso não duraria muito mais tempo. Logo ela se libertaria de mim. Logo logo, sua vida voltaria a ser como...
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-Chutadora de lixeiras?
Essa voz insistente e irritante me importunava já fazia uns cinco minutos.
Não importava o quanto eu fingia de surda, ele não parava. E eu sabia, exatamente quem estava falando. Era difícil não saber, só conheço uma pessoa com essa voz rouca.
- Credo, você só dorme. Vamos garota acorde. - Começou a balançar meu corpo.
Dei-me por vencida, abrindo os olhos lentamente. A sala já estava vazia, estava só eu e ele nela.
- O que você quer? - Levantei a cabeça da mesa.
Não posso nem descansar em paz.
Levi estava do meu lado em pé. Com sua mão no meu ombro.
Ele sentou na mesa da frente, passou uma perna de cada lado da cadeira, ficando de frente para mim. Levi colocou uma maçã na minha mesa, e cruzou os braços no encosto da sua cadeira logo em seguida.
- Come.
Cerrei os olhos.
- Eu não quero.
- Claramente está com fome - ele insistiu.
Ele estava certo. Eu sentia fome.
Estava economizando muito na comida. Estava usando o pouco de dinheiro da minha reserva de emergência com coisas mais necessárias como o aluguel, as contas. Deixei uma parte para pagar a mensalidade da escola.
- Para de ser chata, e come a porcaria da maçã.
Ia negar. Eu queria muito.
Mas ouvi minha barriga roncar. Eu nem tinha tomado café da manhã. Por isso, peguei a maçã sem reclamar.
Levi me olhava sem nem tentar disfarçar. Eu olhava de volta. Eu não desviaria o olhar primeiro.
Aparentemente ele também não.
Seus olhos acinzentados eram marcantes. Levi poderia intimidar qualquer um com esse olhar seco que as vezes transmitia. E também poderia encantar qualquer um, se assim quisesse.
