CHAPTER FIFTY NINE

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Astrid

  Estávamos perto de pousar em Washington, Timothée havia me contado que estava morando em Nova York com Ellie, claro que fiquei um pouco desconfiada com essa relação, mas Ellie parecia ter mudado muito desde que passou a ficar sozinha, tudo que devo a ele por ajudar Timothée é enorme. Fiquei feliz por ela ter impulsionado nossa volta.

"Está pronto para contar a sua mãe?" Perguntei, descíamos pelas escadas até as nossas malas já a nossa espera com dois homens vestindo exatamente a mesma roupa. Provavelmente os pais dele já sabiam que estávamos de volta.

"Sim." Respondeu com confiança, atravessamos o mar de pessoas pelo aeroporto e entramos em um dos carros a frente, em silêncio o tempo todo, eu queria dizer a ele que estaria lá caso tivesse medo, mas não disse, não estava pronta para dizer nada ainda. Assim que chegarmos, seria um novo enfrentamento, estaríamos diante de seus pais.

   Ele saiu do carro no momento em que paramos diante da Casa Branca, Timothée abriu a minha porta e me ajudou a sair.

"Leve as malas para o meu quarto." Ele disse ao homem esperando por nós na entrada, passamos pelo saguão e encontramos Marc e Nicole de pé na sala de estar.

"Vocês estão de volta." Marc abriu os braços e envolveu Timothée em um abraço, ele se remexeu incomodado e se soltou no minuto seguinte. "Que bom ver você Astrid." Eu acenei para Marc. Timothée não abraçou Nicole e nem se aproximou, ela parecia rígida como uma pedra, diante de nós dois.

"Eu tenho algo a dizer." Timothée pediu que eu me sentasse e ele ficou de pé atrás de mim. "Astrid está grávida." Esperamos pelo silêncio, nem Marc e nem Nicole disseram nada por um minuto inteiro.

"Parabéns?" Nicole disse forçando um sorriso. Marc se aproximou de Timothée e lhe puxou para um abraço apertado.

"Fico muito feliz por vocês, de verdade." Ele se afastou e encarou Timothée de cima a baixo, estava sem reação nenhuma, parecia congelado no próprio lugar.

"Você está feliz?" Questionou, abrindo a boca e a fechando depressa. Timothée tentou sorrir, se esforçando o máximo para que seus pais não percebesse que ele estava chocado, eu também estava, não esperava uma recepção tão amorosa.

  Nicole se retirou da sala, os saltos batendo no piso e se afastando ao máximo quando ela saiu de vista, Marc abriu os braços e me abraçou, sacudindo de um lado e outro.

"Eu vou ser avô." Marc sussurrou e me segurou pelos ombros. "Obrigado Astrid." Ele agradeceu com um sorriso radiante e sincero. "Isso merece uma festa."

"Não." Timothée interviu e o sorriso de seu pai estremeceu. "Não queremos uma festa, não tem nada a se comemorar." Eu me encolhi devagar, mesmo que não quisesse uma festa, nem nada disso, Timothée havia exagerado nas palavras. Ele olhou para mim e percebeu meu desconforto. "Quer dizer... não tem porque comemorarmos com algo grande, está bem?" Apertou o ombro do pai que se esforçou para sorrir novamente. Timothée veio até mim e passou o braço por minha cintura.

"Vou conversar com a Astrid, me de licença." Ele me puxou pelo corredor e entramos em uma sala quando abriu a porta e se esgueirou contra ela. "Me desculpa, eu não queria ser rude."

"Tudo bem." Sei que ele não queria falar por mal.

"Vem cá." Timothée me puxou por trás da cabeça e me levou até ele, em um beijo, seus lábios macios criavam sequelas em todo meu corpo, espalhando o doce sabor da sua boca contra a minha, eu queria viver nas nuvens para sempre, eu adorava seus beijos e a forma como me beijava, podia sentir todo o amor que ele tinha por mim e me sentia grata por ter encontrado algo assim na minha vida.

   Ele afastou o rosto e sorriu.

"Seu pai já sabe?" Perguntou.

"Sim." Respondi devagar e ele riu.

"Como ele reagiu?"

"Bem?" Ele riu de novo e encostou a testa na minha, respirando ofegante, o abracei com as mãos nas suas costas e o queixo pendurado em seu ombro, dei uma olhada na sala pequena, com livros e estantes gigantes, poltronas vermelhas alinhadas diante da janela. "Onde estamos?"

"Ah." Se afastou e olhou ao redor. "Esse é o menor quarto desse lugar, é o depósito do meu pai." Suas mãos foram até a cintura e senti que ele estava um pouco exausto. "Eu não quero morar aqui, não para sempre, quero que nossa vida seja perfeita, não quero morar em Washington onde todo mundo vai colocar nosso filho nos holofotes , eu quero que ele viva uma vida normal."

  Eu assenti. Eu também queria isso, mais do que nunca.

"Eu tenho certeza que ele ou ela vai ter um bom pai que vai a proteger muito." Abracei Timothée por trás de suas costas e beijei a lateral do seu pescoço. "Tenho certeza que você vai ser um bom pai."

"Eu não tenho certeza disso." Ele se afastou e sentou em uma das poltronas. "Eu não quero cometer os mesmos erros, mas sei que vou cometer, é imprevisível Astrid, eu ainda vou machucar seu coração, vou ser cruel, vou viver uma vida completamente agitada, vou encontrar pessoas que talvez não agradem você."

  O que ele queria dizer com isso?

"Estamos bem." Garanti, e estávamos mesmo bem, tínhamos nos esforçado muito por esse relacionamento.

"Eu não vivo em um relacionamento, não sou uma pessoa que consegue construir esse amor, eu te amo muito, mas eu não sei como viver para sempre com você." Eu me abaixei diante dele e segurei suas mãos que estavam muito frias. "Eu sou um desastre Astrid."

"Não é não, não importa o que as pessoas dizem sobre você, não importa o que você fez, eu ainda vou amar você."

"Eu não posso deixar que você me ame." Ele disse rígido novamente, eu afastei meu rosto e sentia meus olhos ardendo prontos para lacrimejar. "Eu não quero que você sofra nas mãos de uma pessoa nojenta como eu, vai ter uma hora que não vou aguentar, eu vou sair das rédeas e vou magoar você. E vai doer muito."

   Uma lágrima desceu por sua bochecha e caiu sobre seu colo.

"Eu vou trair sua confiança Astrid e eu não posso impedir isso."

                                *

Aviso da autora:

A partir de agora, a história vai tomar um rumo bem diferente, a segunda parte da história de Timothée e Astrid vai ser um pouco mais forte, envolvendo temas como violência doméstica, traição e gordofobia, são tema sensíveis que serão abordados ao longo da segunda parte.

    Obrigado a todos que estão lendo e votando, fico grata e muito feliz de ler todos os comentários, um beijo da autora.

TOMORROW| Timothée ChalametOnde histórias criam vida. Descubra agora