"Someday somewhere"

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Esta one shot foi parcialmente inspirada nas músicas A Soulmate Who Wasn't Meant To Be - Jessica Benko e Memories - Conan Gray.

☁️

A chuva lá fora não faz menção de cessar.

As gordas gotas batem na janela como se fossem quebrá-la a qualquer momento.

Eu apenas observo, tentando imaginar que as estrelas e a lua estão perfeitamente visíveis lá fora.

Odeio a chuva, tenho medo desde aquele dia, quatro meses atrás. Parece um medo bobo, eu sei. Mas não é.

Quando sinto que não consigo mais, vou até a janela de vidro e puxo as cortinas, na tentativa de não vê-la mais. Eu sei que logo meu corpo reagirá, se continuar assim seria pior.

Caminho da sala até meu quarto. Está tudo pronto para que eu possa ir para a cama, mas não consigo dormir em dias chuvosos.

Procuro meus AirPods por todo o quarto, mas não parecem estar em lugar algum. Droga.

Meu último recurso é a caixa.

Aquela caixa que não abro há meses, e, sinceramente, queria continuar assim. Mas não posso evitar, pois minha respiração está começando a ficar pesada por causa do barulho lá fora.

Puxo a enorme caixa debaixo da minha cama, observando o quão empoeirada ela está.

Assopro a poeira da tampa e abro-a. Me deparo com as fotos. As drogas das fotos.

No momento seguinte é como se uma coisa afiada atingisse meu peito, fazendo com que uma lágrima corra em meu rosto. Eu havia prometido à mim mesmo que não choraria mais, já fazem meses, mas isso não parece funcionar na prática.

Não quando estou olhando diretamente para esses olhos verdes. Mesmo que em uma fotografia.

Seco meu rosto, me recusando a chorar.

Tiro as fotos, tentando olhá-las minimamente. Todo o conteúdo ali dentro é assustadoramente nós. Não tem nada que eu mais odeie nesse momento que isso, além dele, claro.

Os tickets do cinema. Dos jogos. As pulseiras dos shows. O filme favorito dele. Seus óculos que quebraram e ele esqueceu quando foi para casa. Assim como esqueceu de mim.

Todas as coisas ali dentro me deixam mal. Não quero mais isso.

Estava prestes s fechar a caixa, para guardá-la novamente, quando visualizei meus fones. Agora me lembro bem o motivo de ele estar aqui, me lembro a última vez que usei-o.

Coloquei todas as pequenas partes do que nós fomos e guardei novamente. Preciso ter coragem para jogá-las fora, mas enquanto não acontece, vou apenas ignorá-las.

Ando novamente até a sala, com meus AirPods e meu cobertor na mão.

Procuro a playlist que ouço quando chove. A única que me acalma.

Estou prestes a dar o play na música, quando, de repente ouço a campainha tocar.

Por que alguém viria me visitar? E mais ainda, em meio à uma tempestade.

Vou até a porta, mesmo contra meus instintos que me pedem para não me aproximar da chuva. Minha mão treme ao girar a maçaneta, e logo após meus coração que balança, ao avistar os redondos e curiosos olhos verdes.

— Você? — pergunto assim que recupero a voz. — O que está fazendo aqui?

— Posso entrar? — ele pergunta.

A Soulmate Who Wasn't Meant To Be • DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora