My Love Story Beginning

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Foi em um inverno. Não estávamos preparados para lidar com a maldade da humanidade, não tanto quanto daqueles que já não estavam mais vivos.

— Eu disse mãos na cabeça, porra. - aquele homem especificamente assustador berrou, a voz rouca percorrendo o estacionamento aparentemente vazio, só consegui  temer pelos mortos lá fora caso escutasse-no.

Embora ali, ainda consigo me assustar mais com aquelas criaturas do que com este homem e seu grupo. Eles nos renderam, levaram tudo que tinhamos, movido ao instinto de sobrevivência.

— Cara, você não precisa fazer isso... - Yohan falou com a voz conflitante, cruzando os braços atrás da cabeça como nós cinco fazíamos.

Ele sempre foi tão realista... até hoje não entendo o motivo por trás do seu otimismo.

O olhei por entre o emaranhado de cabelo que crescia cada vez mais, estou convicto em continuar calado, só duvido do resto de nós. Yujin parecia mais inquieta do que os jovens Hesoo e Doosik, esses dois assustados demais com aquela arma virada para eles, a arma que costumavam carregar com a condição de permanecerem vivos e que juraram nunca usar contra alguém vivo.

Olhando desse ângulo agora, nós eramos tão genuínos.

— Fica quieto, merda. - o cara, o único que parecia estar mais disposto a nós oprimir deu com a base da arma longa no canto da testa de Yohan, eu e os meninos respondemos com um arquejo e Yujin soltou lágrimas grossas, retirando em seu caminho camadas consideráveis de poeira e suor.

Yohan mal saiu do lugar, se não fosse a sua cabeça baixa e o maxilar apertado, eu diria que ele não parecia ter sentindo algo. Mas em contrapartida não falou mais nada, nosso silêncio foi doloroso e continuou enquanto nossas coisas eram levadas de nós, coisas que tivemos tanto sacrifício em ter, que carregavam nossa história até aquele momento.

O resto do seu pessoal também não falavam muito, os rostos escondidos nos capuzes e mascaras grossas de frio tapando até seus narizes. Quando acabaram todos se foram, sem falar nada ou fazer alguma coisa, deixaram-nos sem um motivo para continuar.

Lembro de ter agradecido por deixarem nossas roupas no lugar, e por estar frio, tão frio que a presença dos monstros era quase nula. Mortos de fome e abestados por isso, acabavam congelando sozinhos, embora os olhos se moviam nas pálpebras quando nos viam, o corpo lento quando não estavam totalmente rígidos pelo frio, a dificuldade era a pele flácida congelada parecendo mais dura que o normal quando nosso grupo abandonou a facilidade das armas e se mantinha à base das facas para nos defender cotidianamente.

Não seria surpresa dizer que morremos. Quando foram embora, não saímos do estacionamento tão rápido, derrotados por aquela emoção sufocante e se não fosse por Yohan, tenho certeza que continuariamos lá. Ajoelhados.

Yohan falou para procurarmos nos poucos carros algo para comer, achamos alguma coisa, e nem tudo estava perdido quando entramos numa van e dormimos, no escuro e no silêncio, sabendo que lá em cima; no supermercado, estava cheio de monstros aquecidos e famintos. Eu podia ouvir os passos deles, enrolado num dos lençóis finos que achamos na van, olhando acima como se enxergasse além dos metros e concretos que nós separavam.

Yohan era capaz de nós manter vivos, eu sabia disso, mas ele temia pelo oque aconteceria conosco ali. Morando numa van e se alimentando dos restos que achávamos feito ratos. Em seu dialeto dizia: nunca era bom não nos movermos. Eu nunca soube oque ele procurava, andamos por toda cidade sem esperança de achar um lugar seguro mas sim, por sentir a necessidade de continuar vivo após perder tanto, família, uma vida e um futuro, mas hoje sei que ele estava errado.

Agora sei, depois de tudo oque vi.

Sei, porque após deixarmos o estacionamento sem relutar, apenas seguindo ele no mais vulgar dos silêncios, do qual essa era nossa única arma e escudo, morremos de frio e fome, primeiro foram os meninos Hesoo e Doosik, enjoados e vomitando tudo oque achamos para manter as energias, febris e doentes, depois foi Yujin, mais tomada pelo lado emocional da coisa, a coitada mal conseguia falar somente chorava e chorava interminavelmente como se possuísse uma tristeza incurável.

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⏰ Última atualização: Jul 27, 2022 ⏰

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