Isabelly
_ Eu avisei que isso não ia dar certo, não avisei? _ Reclamo pisando naquele chão batido com meu salto da versace. _ Olha aqui Day! Estamos no fim do mundo por sua culpa!
_ Cala a boca Isabelly.
A situação era desesperadora, Day havia nos metido em uma espécie de favela e meu deus! Era humanamente impossível alguém morar ali e gostar. Haviam alguns homens sérios parados na frente do nosso carro e eu estremeço. Iríamos virar estatística.
_ Qual é, o que as madames estão fazendo por aqui? _ O mais alto, um homem negro pergunta.
_ B-boa noite moço, eu, quer dizer, nós estávamos indo para uma boate encontrar nossos amigos e nos perdemos. _ Day explica e mostra o endereço para os homens.
_ Duas gatinhas perdidas, que perigo! _ O seu parceiro ri debochado e eu reviro os olhos.
_ Vão ajudar sair daqui ou não? _ Pergunto sem paciência e Day me dá uma cotovelada com um sussurro, "não fode a gente!"
O homem que falou primeiro aponta para a subida, indicando que precisaríamos subir. Pergunto o porquê de apenas não deixar nós irmos embora e ele responde:
_ Seguinte loirinha, se eu deixar qualquer um que diz estar perdido sair desse morro, principalmente em um dia como este, me escuta... _ Ele se aproxima do meu ouvido. _ o meu chefe cancela meu CPF.
Me arrepio e entramos no carro, seguindo as motos barulhentas que aparentemente servia de guia. Entramos em ruas tão estreitas que achei que iria entalar, passamos por ruas cheia de barro e por quadras pixadas. Era de certa forma, uma estética marcante. O som de graves que estava escutando desde que cheguei no tal morro agora era nítido, um funk completamente errado. Apologia ao tráfico era o de menos pior nas letras proibidas.
_ Esse baile tá melhor do que nossa boatezinha de boy! _ Day ri dançando enquanto guiava o carro.
De repente as motos param em frente ao nosso carro, descemos e esperamos os homens voltarem. Day dançava o funk no escuro me fazendo rir, ela cantarolava a música e ria.
_ Se os caras deixarem eu vou ficar aqui, parece ser muito bom. _ Reviro os olhos odiando a ideia.
_ Isso aqui definitivamente não é meu lugar! Olha a cor do meu salto! _ Levanto uma perna mostrando o barro na sola.
_ Nossa! Você fala como se não tivesse água, sua idiota.
Ela continua dançando até os desconhecidos chegarem acompanhados de mais dois homens, ambos eram altos e intimidadores porém eram tão bonitos que até mesmo esqueci que nas melhores das opções eram traficantes procurados. O mais alto, um moreno com o cabelo muito bem cortado e com cordões de ouro de grossura descomunal se aproxima ainda mais de nós duas, Day se encolhe e eu tento mostrar alguma postura.
_ Essas aí que chegaram chegando de BMW, MD? _ O tal MD assente. _ Pois bem, o que as moças vieram fazer por essas bandas?
_ Eu já disse pro seu parceiro, estamos perdidas! Não somos informantes ou nada disso! _ Explico e ele me observa de cima á baixo, se demorando nas minhas pernas nuas.
_ Disso eu já sei, muito narizinho empinado pra se meter com favelado. _ Ele ri e os outros acompanham, o homem nos analisa um pouco e finalmente se pronuncia. _ Vocês pode ir pegando o beco tá ligado? Só rala do meu morro porque não quero deputado e nem engomadinho fazendo protesto procurando vocês.
Praticamente corremos para dentro do carro, solto o ar que nem percebi que prendia e olho para Day, ela parecia pensativa e logo descobri o motivo. Ela abre a porta e sai do carro abaixando o vestidinho preto justo, ela joga os cabelos negros para trás e olha para os traficantes.
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Choque De Realidade • R E T
Roman d'amourFilipe Ret, ou somente Ret. Quem era ele? O comandante do Morro Do Sabiá, um dos maiores da grande SP. Famoso por ser impiedoso e manter sempre sua postura, Ret era temido e respeitado, na mesma proporção. Isabelly Ricci, a Bel era uma estudante d...