003| ONG

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Filipe Ret

Segunda-feira de lei, mais uma semana iniciando e a boca tava como? Movimentada. Final de semana rendeu mais do que o esperado, um vai e vem de playboy do caralho, estavam loucos por todo tipo de droga. Ainda teve aquela patricinha toda invocada, que mina doida da porra!

Ri sozinho lembrando do modo que ela se transformou quando bebeu, e principalmente do que Seu João disse no domingo quando nos encontrarmos no bar.

"Fiz uma corrida pra uma loira, bonitinha até mas tava toda descabelada chorando, dava até dó. Disse que nunca mais pisava nesse lugar."

Saio de casa e subo na tiger que estava estacionada, hoje minha irmã Mariana iria me mostrar a nova contratada para ajudar ela na ONG. É sempre importante eu saber quem entra e quem sai do morro, evitando que rival venha de penetra.

Passo pela padaria onde algumas crianças tomavam café, buzino e os garotos correm até mim olhando o fuzil que sempre mantenho na bandoleira.

_ Nossa tio, que legal! Quando crescer posso ter um igual? _ O menino diz com os olhos brilhando, dou um tapa de leve na cabeça dele.

_ Pode não, vai estudar que tu ganha mais moleque.

Pelo relógio de pulso percebi que tô atrasado pra caralho, Mariana já devia ter virado onça naquela ONG. Acelero a moto pelas vielas até chegar na quadra, Mariana estava encostada no batente com uma loira magrinha, será que era ela?

_ Filipe eu te falei pra estar aqui UMA hora antes! _ Ela reclama, como sempre.

_ Eu cheguei, não cheguei porra?

A menina finalmente olha para mim, parecia ter medo. Bom mesmo. Quando aqueles olhos azuis se fixam em mim eu desabo á rir, caralho, não era ela que nunca mais ia pisar no Sabiá?

_ Tá rindo de que palhaço!? _ Mariana pergunta me estapeando e eu só respondo "nada" em meio os risos. _ Esse aqui é o otário do meu irmão, Isabelly.

_ P-prazer. _ Sonsa pra porra.

_ Isabelly né? Nunca te vi na minha quebrada, é do asfalto? _ Ela confirma.

Mariana me puxa para dentro da ONG explicando a história toda que Isabelly contou, dizendo que ela era um pouco difícil.

_ O jeitinho dela até chega irritar, mas eu entendo. O pai dela é um cuzão tirano, trabalhei com ele quando tava fazendo estágio. _ Conta quando a menina saiu do cômodo. _ Vai falar com ela, ela tem medo de você. _ Mariana ri indo brincar com as crianças.

  Resolvo ir tirar uma com a cara da patricinha, ela estava agachada falando com uma menina e parecia ter cativado a criança. Isabelly se levanta arrumando a saia longa, pelo menos não estava com um salto caro igual ao fim de semana. Ela mesma se aproxima, toda a marra tinha retornado e parecia até mesmo outra pessoa.

_ Olha aqui, esquece desse fim de semana tá? Já me fodi muito por causa desse dia de merda. _ A loira diz arrumando o cabelo.

_ Se toca garota, isso não é o fim do mundo não pô. _ Ela revira os olhos, que miserável bonita.

_ Se toca você, tu não sabe de nada da minha vida pra estar falando isso.

A ousadia combinada com um nariz empinado deixa essa garota mais esnobe do que metade de SP, isso me irritava pra cacete. Me aproximo do seu corpo tentando a intimidar, nada adiantou pois ela me olhou nos olhos mantendo a marra.

_ Olha aqui sua putinha, você já deve estar bem avisada que aqui quem manda nessa porra sou eu, mas tu ainda quer meter essa... _ Suspiro me acalmando, não posso perder o controle com essa menina ou minha vida tá na merda. _  Te orienta ou meto uma bala nesse rostinho bonito.

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