"Is that the way we stand?
Were ou lying all the time?
Was it just a game to you?
But i'm in so deep You know i'm such a fool for you"~ Linger
(The Cranberries)
20 de Junho - DomingoHelô sentiu-se como a rainha do drama saindo para o meio do mato daquele jeito, mas o fato é que não suportaria dividir o mesmo espaço com Nathan e Sarah nem mais um segundo. Em sua ignorância chegou a pensar que tudo estava perfeito, que o namorado a amava, mas esse tempo todo ele a fazia de idiota encorajando-a a acreditar que seus sentimentos eram recíprocos enquanto rolava no feno com aquela maldita putinha loira.
" Há quanto tempo isso tá acontecendo?", se perguntou ao desviar de um pinheiro alto. Os amigos dele com certeza sabiam de tudo. Se fechasse os olhos ainda podia ver os rostos de cada um deles, encarando, rindo com malícia. Não lembrava da última vez que chorou assim com soluços engasgados e sonoros que faziam seu queixo bater. Nunca se viu tão apaixonada, completamente envolvida e manipulada por alguém, mesmo sabendo que talvez não devesse confiar tanto assim, afinal às pessoas mentem. E ela amava Nathan. Só que aparentemente isso não bastava.
Ele não gostava do seu beijo? O problema era ser rechonchuda demais? O seu sotaque o incomodava? Seria ela caipira demais para o gosto dele? Só Sarah com suas roupas modernas e o silêncio misterioso seria boa o bastante?
Não fazia ideia de quanto tempo estava andando apenas entrava mais fundo na mata. Seus braços mal agasalhados arrepiando-se à medida que se afastava. Mas Helô não sentia nada, parecia que seu espírito tinha se separado do corpo a fim de suportar tamanha dor. Caminhou sem rumo até seus pés vacilarem, então teve que parar, sentou numa pedra grande e musgosa. Ergueu a cabeça para o alto. O céu estava lindo. Estrelado. Uma lembrança dos dois deitados no pasto observando esse mesmo céu a invadiu. Na ocasião Nathan contava entusiasmado sobre estrelas binárias e embora não fizesse ideia do que era aquilo Helô gostava de vê-lo falar. Colocando a mão sobre a dele falou que o amava e sorrindo Nathan disse que sentia o mesmo. De repente teve vontade de esmagar todas aquelas estrelas brilhantes. Fazer picadinho de cada uma até ficarem tão horríveis quanto se sentia agora. A menina daquela lembrança era só uma garota burra e iludida. Percebeu agora o que os amigos dele com certeza sabiam há muito tempo. Nathan não a amava, nunca amou e nunca a amaria. Essa conclusão desencadeou mais uma onda de choro a ponto de sair uma bolha nojenta de muco.
Um barulho nos arbustos a fez dar um salto assustada. Seu primeiro pensamento foi de que um animal selvagem a atacaria e esse seria seu fim — o que não seria tão ruim, pois pelo menos não iria prolongar esse sofrimento — depois houve uma leve esperança de que Nathan tivesse vindo desculpar-se, dizer que era tudo mentira, que a amava, mas então a cabeleira cacheada e loira de Kaylane apareceu na penumbra. Sempre uma loira.
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Stories
Teen FictionA história gira em torno de um grupo de adolescentes mergulhando nas reflexões do primeiro amor e na transformação pessoal que cada um pode experimentar. Através de suas experiências, o leitor é levado a uma viagem nostálgica, relembrando sua própri...