𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐎

414 37 10
                                    

܀܀܀•∿୫ꕤ୫∿•܀܀܀
PRÓLOGO
܀܀܀•∿୫ꕤ୫∿•܀܀܀

Inglaterra, 1821

A aurora riscava o céu com os mais belos tons alaranjados, o brilho profanando a noite escura e carregando com ele qualquer sensação de frio cortante dos campos verdejantes que eles viviam.

Uma porta se abre em algum lugar da grande casa e dela sai uma garotinha correndo desesperada como se sua vida dependesse da urgência dessa irremediável corrida. O sol acariciava-lhe a pele e ela sorria mesmo estando em um estado de medo e perseguição. Tão logo adentrou ao mato alto das antigas plantações, escondeu-se segurando os joelhos contra o peito, desejando não ser achada.

Nesse exato momento, um jovem de idade parecida com a da garotinha, saiu pela mesma porta escancarada, deu um passo e parou, encarou a imensidão que reinava brutal à sua frente.

Como irei alcançá-la? Eu nem sei onde ela está!

Ele pensava rápido, ao descer a passos sorrateiros os degraus que se seguiam. Sentiu um frio percorrer-lhe as costas e um mar de sentimentos ruins lhe acometeram a mente. E se ela se machucou? Eles tinham costume de brincar nas redondezas e ela conhecia como a palma da mão aqueles terrenos arenosos e planícies cheias de buracos calcados no chão.

Mas o desespero de que hoje, só hoje, ela tivesse esquecido de uma dessas subjugadas informações, tomou conta do coração apertado do garotinho de cabelos rosados. Tanto era o seu medo que passou a chamar o nome da outra criança e — talvez pelo desespero em sua voz falhada — ela apareceu como um tufo de cabelos em meio ao verde alto.

Sem muito esperar o garoto correu ao seu encontro e abraçou com força o corpo alheio, não se importando se aquilo lhe era falta de decoro.

— O que houve? — perguntou a jovem encarando preocupada os olhos amendoados do rapaz.

— Eu achei que tinha perdido você! — o garoto disse com a voz quase chorosa.

— Yuji... você nunca vai me perder e eu nunca vou perder você. Está me ouvindo?

— Vamos ficar juntos pra sempre?

— Sempre.

— Jura?

— Juro, juradinho! — A pequena disse séria.

— Promete?

— Jurar é prometer!

— Prometa!

— Prometo, prometido — ela falou revirando os olhinhinhos para o desespero do jovem — agora volta pra lá e conta de novo que eu vou me esconder.

O rapaz com um sorriso 'enlarguecido' e brilhante — que fazia inveja ao próprio sol da manhã — apertou mais forte os dedos em suas mãos já ásperas e marcadas e, virando decidido, saiu dali. Entrou de volta na grande casa e fez o que a garota pedia.

Ela agora olhava tristonha para o local que antes estava seu secreto amor, hoje era um dia que ela podia brincar com ele, sem serem repreendidos pela família, mas a jovem sentia o marcado peso de não poder desfrutar de quem ela realmente gostava — a qualquer hora — por um simples comedimento familiar. Por Yuji, a garotinha faria tudo, até ir contra uma doutrina injusta e costumes mal intencionados de uma sociedade sem precedentes.

Resolveu aproveitar o máximo que o prometia aquele dia, olhou em volta e sentiu vontade de se esconder, talvez, no único local que sabia que Yuji demoraria para a encontrar. Assim o fez, com as pernas curtas de criança, correu, esbarrou em pequenos galhos e seguiu o caminho até a velha, abandonada e acabada construção. Todos nas redondezas haviam avisado as crianças sobre a maldição de ir a tal local. Yuji como sempre era o mais certinho e não desobedecia as ordens do pai da menina, evitava brincar por lá e também acabava por convencer a amiga a não fazer o mesmo. Porém aquela vez era diferente, ela estava tomando o comando da situação e, como sempre, poderia colocá-los em problemas, mas valeria à pena.

Yuji saiu novamente da casa e como na vez anterior cravou os olhos pelos campos, notou uma pequena fita branca agarrada em um galho qualquer e correu para pegar, tratava-se sim de um dos adereços que sua amiga usava. Seu coração gelou ao notar pequenas pegadas no lamaçal. Ele sempre foi muito bom caçador e também rastreador, não tardou a entender qual tinha sido a direção que ela havia pegado e onde aquele caminho — para o desespero do garoto — ia dar.

Respirou fundo, amava muito aquela menina, mais do que a própria vida, ela fazia seus dias mais felizes, e desde que foi adotado pelo Duque — pai dela — fazia o possível para protegê-la de todo e qualquer mal, então agora se via entre a foice e a espada, pois cavaria a própria cova se ousasse deixar alguém saber que ela esteve no local amaldiçoado. Esquecendo das possíveis brigas e preparado para aceitar total culpa para si, o jovem seguiu para a antiga igreja.

Sentiu um arrepio percorrer o corpo ao chegar na frente da construção, desceu o olhar e encarou o chão, vislumbrando novamente as pegadas desaparecendo na entrada de pedra. Fechou os olhos, respirando fundo. Chamou a amiga com a voz firme e não obteve resposta.

— Eu sei que está aí, achei suas pegadas.

— Você precisa me ver para realmente me achar, Yuji!

O outro revirou os olhos e adentrou a passos medrosos a penumbra do local. Esperou a vista acostumar e pela primeira vez não sentiu medo de estar ali. Era escuro, úmido e a pedra debaixo de seus pés era fria e morta, mas a grande roseira que tomava quase todas as paredes dali, era descomunal, muito viva e sua cor vermelho sangue contrastava com tudo ao seu redor. Admirando a beleza daquelas flores ele avistou o rostinho surpreso, com respiração pesada. O garoto sorriu e viu, num farfalhar dos tecidos do vestido claro — já bem sujo das brincadeiras — a garota correr até ele e jogar-se em seus braços.

— Você sempre me acha, não importa que local escolha.

— Sim, eu sempre acho, eu sempre volto para você.

— Eu gosto tanto de você — ambos disseram juntos e por mais jovens que fossem, sabiam pelos próprios corações que aquilo era verdade.

O abraço caloroso inundou os corpinhos pequenos e trouxe água aos olhos de ambos.

— Você está triste? — perguntou o garoto.

— Se eu estiver você também está.

Mesmo com a umidade dos olhos, os sorrisos encheram os rostos e a garotinha fez algo que julgava certo para o momento, segurou a face do garoto e roçou os pequenos narizinhos fazendo caretinhas. Ele sorriu ainda mais e segurando a mão menor que a sua, saiu correndo dali, partindo para a próxima brincadeira, uma que pudessem fazer antes de terminar o dia — que ambos desejavam que fosse infinito, despreocupado de deveres e onde títulos não importavam.

܀܀܀•∿୫ꕤ୫∿•܀܀܀
Respira! Fofura em pessoa, né?
Amo o Yuji, gente.

lєmвrαndσ quє єu єstσu nσ spírít cσm σ
﹫𝐚𝐧𝐧𝐞𝐥𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐦 ℮ ﹫𝐀𝐧𝐧𝐞𝐋𝐢𝐜𝐞𝐬
(que é onde as histórias estão).

Avisinhos:
Olhem meu insta @annelinalim e o canal do telegram, as histórias vão voltar aos poucos e algumas vão entrar em votação, somente por lá (sempre pelos stories e pelo canal).
(o nome do canal está aqui ﹙ꜜ﹚)

𝐋𝐞𝐦𝐛𝐫𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐝𝐞𝐢𝐱𝐚𝐫 𝐚𝐪𝐮𝐞𝐥𝐚 ★ 𝐛𝐨𝐧𝐢𝐭𝐚 𝐩𝐫𝐚 𝐟𝐚𝐳𝐞𝐫 𝐦𝐞𝐮 𝐝𝐢𝐚 𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳!
⠀⠀⠀⠀⠀⠀@𝐚𝐧𝐧𝐞𝐥𝐢𝐧𝐚𝐥𝐢𝐦
🆃🆆🅸🆃🆃🅴🆁 🅘🅝🅢🅣🅐 ↺
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀https://t.me/qdelicias •
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀𝐀𝐧𝐧𝐞𝐋𝐢𝐧𝐚𝐋𝐢𝐦#𝟎𝟔𝟒𝟖
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀ ⠀⠀🇽​ê​🇷​o

𝐈𝐃𝐈𝐋𝐈𝐎, 𝐘𝐮𝐣𝐢 ℮ 𝐒𝐮𝐤𝐮𝐧𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora