Capítulo 31

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Sarah

Minha tia se adaptou rápido ao ambiente, parece que estudou e pesquisou sobre todos os assuntos que estão sendo falados nesta conversa.

Acho que eles gostaram dela, tia Safira tinha um jeito diferente de conquistar todo mundo.

- E o bolo? - Paulinha aparece perguntando.

- Verdade, vamos bater os parabéns - Sami diz.

Bater os parabéns é uma expressão bastante usada que significa o mesmo que cantar parabéns, caso nunca tenha ouvido.

Mônica chama a todos para a mesa do bolo, minha tia levanta sorrindo, mas consigo ver o seu olhar triste. Sei disso porque é o mesmo olhar que carrego, mas ninguém nunca percebeu.

Sei que ela queria mesmo estar aqui, e se esforçou para isso, esse dia dói no coração de todos nós.

- Se quiser posso te livrar dos parabéns - Phil fala no meu ouvido. Sorri para ele.

- Tudo bem, vai ser rápido - digo e ele assente com a cabeça, mas não parece convencido.

No momento que acendem a vela ouvimos orações, orações altas e em uníssono.

Eles não parecem se importar muito e começam a bater palmas, mas eu sei de onde esta vindo. Isso me causa uma tensão e sinto como se não pudesse mais respirar, meu peito aperta, meu corpo esfria e me desespero.

Philip percebe que tem algo de errado e vem até mim. Eles terminam a primeira música do parabéns e eu os ignoro totalmente.

Eu sei que estou tendo mais um episódio dos meus ataques de pânico, mas não queria que todos descobrissem que eu sofro disso com uma certa constância.

Parece que as orações se intensificaram e as ouço ainda mais altas. Achei que fosse coisa da minha cabeça até que todos param de cantar parabéns e ouvem também.

- Desculpa, acho que são nossos vizinhos - Mônica fala percebendo todos procurando de onde vinham as vozes.

- Sim, eles fazem isso todo ano, havia me esquecido - Ben fala. - Na verdade nunca tinha parado para perceber que era nesta mesma data todos os anos.

- Vamos cortar o bolo - Laurinha fala animada interrompendo a fala do seu pai.

Agradeço mentalmente a ela por isso.

- Quer sentar um pouco? - Phil pergunta para mim.

Afirmo que sim com a cabeça e ele me acompanha até a mesa que estávamos sentados antes.

Logo depois todos vem ao nosso encontro, menos a Sami.

Sami corta dois pedaços do bolo para as meninas e vem se juntar a nós depois de entregar algo num copo para elas tomarem.

- Mas eu não lembro o por quê eles fazem isso - Ben ainda falava da minha família, sem saber quem seus vizinhos eram para mim.

- Acho que tem a ver com a esposa dele, ela faleceu tem alguns anos - Mônica fala.

- É uma tradição, todos os anos os familiares e amigos mais próximos, se juntam numa casa e rezam pela sua alma e agradecem a mulher que ela foi, falando coisas boas, vendo fotos, rindo das brincadeiras que elas fazia - tia Safira fala e sinto que cada palavra é uma facada em meu peito.

Sei que não conseguirei manter isso em segredo por muito tempo, então não me restam alternativas a não ser falar sobre isso para eles.

- Você os conhece? - Sami pergunta alisando sua barriga.

Tia Safira me olha esperando que eu a deixe responder, eu apenas afirmo com a cabeça.

- Lembra quando eu disse que minha família morava nesse bairro? - pergunto para todos, mas sei que só disse isso ao Philip. - Com bairro eu quis dizer rua, e com rua eu quero dizer...

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