Doce Realidade

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Abri de uma vez com cara de poucos amigos, desfazendo rapidamente o bico por uma expressão surpresa. 

-- Você?! -- Era o Kurokawa ali parado, os ombros com uma leve camada de neve, seu rosto se mantinha impassível, mas seus olhos diziam estar agoniados com algo. Quis perguntar o que era, contudo, mal abri a boca e ele me puxou pela cintura para um beijo extremamente desesperado. Esqueci da minha tia por um segundo estando enroscada naquele ósculo confuso.

-- Quem 'tá aí menina? -- a mais velha perguntou da sala ainda no celular. Empurrei ele para poder responder a minha tia, respirando com dificuldade.

-- N-Nāo é ninguém.. Só um entregador perdido.. -- menti com uma história forçada para evitar um encontro da minha tia com o gângster. – Por Kami! O que infernos você está fazendo aqui? – soei visivelmente alterada por todos os motivos possíveis, mas enumerando os três mais importantes, em primeiro lugar porque achei que ficar acordada até tarde e estudar muito havia mexido com minha mente ao ponto de criar fantasias muito realistas, em segundo lugar porque a aparição do albino repentinamente significa que eu ainda não estou louca, em terceiro, último e mais importante, se minha tia o encontra aqui na certamente vai querer saber de onde conheço esse indivíduo de índole não confiável o qual meio mundo sabe que não presta, logo em seguida minha mãe vai saber e vou ser deportada de volta para casa. 

– Só vim te ver. – respondeu cínico, e por que será que não consigo acreditar? Devo estar sonolenta ou com alguma doença mental grave. 

– Por tudo que te é mais sagrado. Vai embora! – praticamente ordenei a ele num sussurro desesperado, Izana provavelmente não gostou de receber uma ordem, como sei? Bem, pela imensidade do olhar em tom lilás e o aperto um pouco mais firme na minha cintura. Nem preciso dizer o quanto esses mínimos detalhes me instigaram, lembro perfeitamente de ontem, e ainda não acredito no ocorrido, agora nesse exato momento confesso ainda não acreditar. – Minha tia… 

– Não quero saber dela, vim ver você, mas saiba meu bem… – o Kurokawa subiu uma das mãos até o meu queixo apertando levemente, aproximando-se do meu ouvido disse baixinho – não gosto de receber ordens, muito menos de esperar. – a voz dele misturada com as baforadas de ar quente bem próximo minha derme acabou por involuntariamente eriçar os pelos do meu corpo.

– Por favor… se minha tia falar pra minha mãe, eu vou ter que volt–

– Nome? Ainda está falando com o entregador? – a voz da mais velha vinda de dentro interrompeu minha frase, se demorar mais um pouquinho ela aparece aqui.

– Quer que eu vá embora? – não deveria ter soado como uma súplica,entretanto foi exatamente isso que pareceu. Um suspiro descontente veio do de cabelos claros, outro para me desconcertar muito mais.

– Vou te esperar na escada de emergência. Não. Demora. – as duas últimas palavras saíram arrastadas como um rosnado, no segundo seguinte Izana saiu abrindo a porta que dava acesso para as escadas da saída de emergência, as quais usamos quando o elevador dá problema, felizmente ele está funcionando bem, o que diminui o risco de alguém nos pegar no flagra. 

De repente me assusto com isso. Nem cogitei a ideia de não ir, qualquer pessoa em seu juízo perfeito pesaria na balança os prós e contras dessa situação. Eu nem pensei nisso.

– Cadê o entregador? – a tia surgiu do nada me surpreendendo, virei rapidamente para ela que me olhava cismada.

– Eu disse o endereço certo e ele foi embora. Acabou que nem era nesse prédio a entrega dele.. – tenho certeza que ela não se convenceu dessa mini mentira, mas realmente importa? Preciso criar outra para poder me encontrar com o Kurokawa nas escadas.

Em dias frios  (Izana Kurokawa)Onde histórias criam vida. Descubra agora