capítulo único.

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O CARA DA LIVRARIA.
capítulo único.
( não revisado )

𖥸

⠀⠀— Chifuyu, quando minha irmã vai voltar?

⠀⠀Matsuno assoprou o fio loiro que caía sobre sua testa. Precisava aparar o cabelo de imediato.

⠀⠀ — Chifuyu, você acha que eles vão demorar muito?

⠀⠀Enrolou a franja nos dedos, testemunhando o comprimento ao mesmo tempo em que ignorava as perguntas repetitivas da criança. Havia desisto de responder na quinta vez.

⠀⠀— Chifuyu, eles me deixaram aqui, não foi? - Ouviu a lamentação do de fios pretos, e o olhou.

⠀⠀Bingo.

⠀⠀Sempre soube que Naoto Tachibana era um garoto inteligente — superando até mesmo o Hanagaki — com apenas nove anos de idade. O garoto agora encarava os próprios pés calçados em tênis polidos, e saiu de frente da porta onde ficou durante uma hora inteira, à espera da irmã. Ele carregava dois livros nos braços, segurando-os contra o peito.

⠀⠀Matsuno foi incapaz de segurar o murmurejo desanimado que escapou dos lábios, e sentou-se no sofá, encarando o menino tristonho. Não sabia o que dizer, afinal, mentir para uma criança era uma atitude horrível. Mas dizer a verdade e permitir que o mesmo continuasse com aquela feição derrotada na face, era pior ainda.

⠀⠀— Por que você não me responde, 'babacão?

⠀⠀O mais velho se assustou com o tom agressivo do baixinho, que encarava-o com sangue nos olhos. Chifuyu limitou-se a rir.

⠀⠀— Com quem você aprendeu a xingar assim? - Disse divertido, o sorriso sumindo ao ver a carranca de Tachibana. — Okay, okay... Naoto, posso ser sincero? Afinal de contas, você já é bem grandinho.

⠀⠀— Sim, de fato. - Naoto concordou, e Chifuyu achou graça da formalidade.

⠀⠀— Sua irmã te deixou comigo para sair com o Takemichi. E antes que pergunte, ela não quis te deixar com seus pais porque até onde eles sabem, você foi também. - Respondeu ao ver que o garoto já estava pronto para rebater, vislumbrando o pouco de esperança esvairar-se do rosto pálido.

⠀⠀— Então me deixaram aqui para saírem sozinhos? - Concluiu Naoto, com o semblante caído. Matsuno mordeu os próprios lábios, receoso.

⠀⠀— Hein, deixa disso. Mais tarde eles aparecem, ou amanhã... Enfim, vamos fazer alguma coisa! - Animou-se, ajoelhando-se no tapete felpudo.

⠀⠀— Não quero.

⠀⠀— Vamos lá, Naoto-kun. - Insistiu, mexendo nos diversos jogos para videogame que tinha no hack da sala. — Você quer jogar?

⠀⠀— Não. Minha mãe disse que videogames queimam os neurônios e causa burrice. - Disse convicto.

⠀⠀Chifuyu o encarou, com os olhos arregalados.

⠀⠀Forçou uma tosse.

⠀⠀— Quer assistir filme?

⠀⠀— Não posso, tenho problema de visão e esqueci os óculos em casa.

⠀⠀Mas que merda?!

⠀— Desse jeito não vai dar certo. - Murmurou o loiro, coçando a nuca enquanto levantava, pensando no que poderia fazer com uma criança de nove anos.

⠀⠀Viu Naoto abraçar com mais força os livros, talvez se sentindo desconfortável com a situação. Mas logo Chifuyu  teve uma ideia brilhante para mudar o humor e elevar o astral do moleque à sua frente.

O Cara da Livraria + ❝ baji.fuyu ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora