𝐸𝑖𝑔ℎ𝑡𝑒𝑒𝑛

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𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩
~ Posso dormir com você? - Alta abre a minha barraca e pergunta.

Já estávamos na última noite do acampamento e até que passou bem rápido.

Desde a briga, eu e Fátima nos mantivemos mais distantes do que nunca, sem provocações e más encaradas.

Saray também era outra que se manteve distante, não tivemos mais interação.

- Claro que pode.

~ Obrigada gatinha. Eu tô com medo de ficar sozinha. - ela diz já adentrando e deitando ao meu lado.

Viro de um lado, viro do outro e eu não conseguia fechar meus olhos. Estava desconfortável dormindo em uma barraca, e Altagracia ficou muito espaçosa, consumindo o meu espaço naquela pequena barraca. Quando estava pegando no sono, Guerrero começa a roncar.

Oh, Deus.

Me levanto e saio da barraca, nos bolsos levo uma lanterna, cigarro e esqueiro. Vou andando pela floresta escura até chegar em um lago, que era enorme. Me sento a beira do lago e observo a vista. Eram cerca de duas da manhã, estava sem sono antes mesmo de Alta chegar na barraca.

A lua estava iluminando o lago, fazendo um reflexo brilhante esbelto. E o único som presente no ambiente eram os grilos e cigarras cantando em perfeita harmonia.

Isso é o verdadeiro significado de PAZ!

Acendi um cigarro e o levei a boca. Era a primeira vez que fumava desde meses atrás, quando fui arrancada da minha cidade natal e dos meus amigos.

Me situava presa em meus devaneios quando de repente alguém se senta ao meu lado, me fazendo assustar.

~ Te assustei? - diz a mulher dos olhos penetrantes, que faziam a combinação perfeita com a noite.

- Sim. - solto risos sem graça.

~ Dia difícil? Sem sono? - ela pega meu cigarro de minha mão, dá uma tragada e o apaga no chão.

- Saray! Por que fez isso?

~ Vai por mim, cigarro é uma merda, e você é muito nova para estragar seu corpo dessa forma. 

- Olha quem fala...

~ Faz o que eu digo, não o que eu faço. Depois que coloca isso na boca, vira vício Fanni.

- Então está tarde para você me dizer isso.

~ Ai Fanni, - ela suspira fundo. ~ tem coisas que não adiantam falar na idade em que você está, só com o amadurecimento e consequências mesmo...

Não a respondo. Ficamos em silêncio observando a vista que tínhamos naquele momento.

O silêncio entre nós era algo confortável.

A forma que Saray disse seriamente, ocupou meus devaneios o suficiente para nem pensar em quebrar o silêncio. Ela nunca havia dito assim comigo, sempre soltava algo que me fazia rir... Apenas estranhei ver Saray dizer algo tão séria.

~ Você vem? - ela se levanta. ~ vou dormir agora.

- Sim.

[...]

Amanheço com as costas doendo. Levanto, desmonto a barraca e arrumo minhas coisas como todos estavam fazendo.

Eu tomei café junto a todos e antes de entrar no ônibus, me dirijo ao banheiro. O uso e paro em frente a pia, com tamanha dor nas costas, me espreguiço e contorço tentando aliviar a dor.

~ O que houve Lascurain? - senhora Vargas entra no banheiro e se depara com a cena. Com as sobrancelhas abaixadas, olhos comprimidos e lábios separados, minha expressão era de dor.

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora