Ele tinha olhos de demônio quando direcionava seu olhar a mim
De costas seus olhos eram angelicais, eu não podia os ver
Pergunto-me se em algum lugar poderia ser só eu e ele, sem que ele mentisse dizendo que é bom ter minha companhia como passatempo
Voei para muito longe da chuva, tive que fingir muito que amava o Sol enquanto minha pele ardia em carne viva e isso não foi o suficiente
Todos eles jogaram sal nas feridas que criaram
Eu perdi a cabeça, pais, vocês acham que ainda me amam mesmo que eu demonstre nada com vocês?
E tudo com uma paixão suja?
Nas noites, nos dias, nas tardes, nas madrugadas, ele está lá me fazendo implorar por ajuda
Eu vejo ele sentindo que vejo o diabo
É como se eu fosse um ateu escondido atrás de uma oração que nada acredito, mas prossigo com cada palavra em voz alta para expulsar este invasor
A culpa é minha desta seca, mas eu aprendi tanto com o fingimento de que não tenho queimaduras
Que quando tenho oportunidade de mergulhar no vazio deste Oceano, não dou um só impulso, fico estabilizado no mesmo lugar
A garganta está seca, os lábios rachados, o coração dilacerado, e eu completo de rachaduras que deixaste comigo
Se aguento tudo isso sem nenhuma reclamação, talvez duas, mas eu as esqueço, então torna-se nada
Pois não existe o que não posso pensar
Irei aguentar tudo o que você disse passando pela minha cabeça
Cabeça, cérebro, demônio sujo que me possuiu
Mas não decifrou-me, nem se quer chegou perto de cruzar a linha que me dá vida
Já que com tanto fogo você me purificou, com sua própria água seu pulmão afogou
Morra, Estrela da Manhã.
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Contos Cruelmente Crus
Short StorySão contos aleatórios com assuntos aleatórios, apenas algo onde irei expressar o que se passa em minha mente.