✧˚ capítulo 19˚✧

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— Ah, Seth, para onde vamos? — Horus carregava alguns cobertores de linho em um de seus braços enquanto com o outro ele era arrastado pelos juncos para fora do palácio por Seth, embora sua mãe tenha trabalhado duro para encontrar uma maneira de reverter essa situação, ainda não encontrava a resposta que esperava e isso ocasionou a sua viagem para treinar para as terras onde seu avô Geb residia.

Ísis e Osíris chegaram a declarar que ele não podia perder mais tempo e tinha que sair imediatamente. Horus não gostava muito de expressar suas emoções, mas a tristeza já estava começando a ofuscar seus olhos brilhantes com a notícia que
Seth ainda não sabia.

O menino Seth tinha arrastado Horus para fora da biblioteca com muita insistência, pedindo-lhe para trazer alguns cobertores limpos porque ele encontrou algo "muito legal" na margem do rio perto do palácio. Seth parecia tão agitado e ansioso que era impossível dizer não.

As duas crianças chegaram à margem do rio, Seth se moveu pela vegetação rasteira, jurando que estava por alí, e quando afastou alguns juncos, uma gata com manchas diferentes estava deitada na grama e cercado com vários gatinhos que ainda não conseguiam nem abrir os olhos, molhados do pelo , que mostrou que eles tinham nascido recentemente.

—Aqui está! Olha, eu a encontrei em trabalho de parto e a trouxe aqui, tentei fazer um ninho de juncos para ela ficar
Confortável... Não podemos deixá-la aqui, eles podem morrer— Seth tirou os cobertores das mãos de Horus e começou a limpar os gatinhos, pegando-os em suas mãos e ajudando-os a remover os resíduos placenta de seus narizes para que não se afoguem

Horus lembrou que havia gatos no palácio de Seth, Anúbis havia encontrado uma gatinha e ela teve muitos bebês, os felinos pareciam especialmente à vontade com o deus da guerra e naquela gata parecia não haver exceção, permitindo que ele levasse seus bebês para limpá-los. Isso abrandou o coração de Horus, muito poucos reconheciam que na realidade esse deus temperamental não era mau. Nas guerras não há um mau nem um bom, no final cada um busca o melhor para seu povo.

Horus pegou uns juncos compridos perto de onde estavam e, sob o olhar atento do ruivo, sentou-se e começou a entrelaçar eles calmamente —Vou fazer uma cesta, para podermos carregá-los sem problemas.

Os olhos vermelhos de Seth se iluminaram com suas palavras e ele se apressou para ajudá-lo a trazer mais juncos. Ficaram assim por muito tempo até terem a cesta pronta, logo eles cobriram-na com linho e cuidadosamente colocaram os gatinhos ali na cama, sendo Seth quem pegou a mãe e a carregou para o palácio.

Enquanto caminhavam juntos Horus sentiu seu coração ainda mais triste, esse tipo de momentos a sós com Seth era o que ele mais prezava agora que ele sabia que ia partir, Osíris e Ísis tinham a intenção de não dizer nada a Seth para evitar uma birra de sua parte, mas Horus não queria esconder e tirar o rancor do tio por não tê-lo revelado a ele, então, respirando fundo, falou.

—Seth... Daqui a alguns dias sairei do palácio

Horus sentiu como Seth começou a andar devagar até parar e ele, avançando alguns passos, parou e virou o corpo em direção ao tio, a expressão do ruivo era de choque bastante perceptível, seus olhos estavam arregalados em direção a Horus e suas pupilas tinham dilatado, mas o menino continuou

—tenho que começar meu treinamento para ser o futuro faraó e para isso devo ter um treinamento e me tornar um deus o quanto antes.

Seth não disse nada por um momento, sua expressão começou a relaxar, mas seus olhos ainda estavam muito negativamente expressivos, finalmente e, com as sobrancelhas franzidas, ele falou

—Não. — cuspiu a resposta, e Hórus se encolheu com o notório aborrecimento que começava a irradiar —Você não irá a lugar nenhum, não se eu não permitir, e se eu não for com você também... — Aproximou-se de Horus e, com uma das mãos, pegou-lhe no braço, que teve de segurar o cesto de juncos com a outra e pressioná-lo contra o peito para não deixá-lo cair, novamente foi arrastado pelo ruivo de volta ao palácio. enquanto ele continuava falando, desta vez xingando entre dentes

—Aquele par de idiotas... Eles queriam esconder isso de mim... Eu não vou permitir que eles te tirem de mim, você é o escravo mais leal que eu já conheci ...

O coração de Horus deu um forte golpe e começou a palpitar, ignorando o fato de que Seth o considerava um escravo... a parte do do ruivo recusar em não estar com ele era... Ele não tinha palavras para descrever isso...

Os sentimentos de sua infância estavam voltando mais fortes...? Talvez eles estivessem sempre lá e ele apenas se convenceu de que tinha superado isso...

Na mira de um pequeno falcão (ENNEAD) Onde histórias criam vida. Descubra agora