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Capítulo um
Lua

Quando o sino toca, meus olhos abrem quase que automaticamente. Sinto meu corpo dolorido pela falta de uma boa noite de sono, e me levanto sem tempo para me queixar.

Vivo em um acampamento desde os meus 6 anos, quando meus poderes se manifestaram e eu descobri ser uma guerreira. Logo a notícia se espalhou e Enguerrand veio até mim, me recrutou e passei a treinar e aperfeiçoar meus poderes desde então.

Eu não tenho uma vida! Sei que já tive uma, mas não me lembro de como é. Desde que me conheço por gente, luto pela proteção da vila, sem me importar comigo mesma. A lei do acampamento é clara quanto á isso: Impéria é a única que importa.

No início, me lembro de ter medo! Medo da floresta no escuro, de me machucar, dos monstros e até mesmo dos diretores. Logo isso foi tirado de mim também. Sou uma Luz, não tenho que sentir nada!

Hoje é o meu aniversário, não que isso seja importante, mas é estranho pensar que em 23 anos, já estive mais perto da morte do que qualquer pessoa da minha idade poderia imaginar. Resumidamente, a floresta em volta de todos nós é amaldiçoada, abrigando monstros e feras terríveis que poderiam matar qualquer mundano em apenas um movimento!

Para a graça de Impéria, minha raça existe, e existia há muitos milhares de anos atrás, assim, protegendo os humanos de coisas não humanas. Mas, de alguns anos para cá, estamos entrando em extinção, e encontrar pessoas como nós é quase que impossível.

Por isso, e também por outros fatores que levam a isso, tenho que seguir uma série de regras: Nunca saio do acampamento, nunca deixo de estar em alerta, nunca recebo visitas e nunca vou contra os diretores. A palavra deles é sempre a final.

Por sorte, eu não vivo aqui sozinha! Tenho quatro únicos amigos que são guerreiros iguais a mim e vivem no acampamento também. Eu não sei como alguns vieram parar aqui, mas quando cheguei, todos já estavam e me acolheram, virando a família que eu perdi. Com isso, é de se imaginar que eu sou a mais nova do acampamento, mas também, sou quem lidera todas as missões.

Saio da minha barraca, seguindo em direção ao banheiro feminino, onde encontro Judy e Marcy. Judy era uma camponesa pobre, assim como a maior população de Impéria. Em razão disso, já caçava com arco e flecha mesmo antes de descobrir ser uma luz. Agora suas habilidades aprimoradas a fazem a maior arqueira que já conheci... Bem, não é como se eu já tivesse conhecido outro arqueiro, de qualquer jeito.

Marcy fazia parte daqueles que se dizem classe média. Tinha uma família estável, um irmão mais novo, do qual lembra com um brilho de saudade nos olhos. Aprendeu as habilidades com as kukri's com o pai ferreiro.

-Bom dia, meninas -Saudo enquanto me preparo para mais um dia.

-Bom dia, Laís.

-Não dormi nada essa noite -Judy comenta passando as mãos nos cabelos dourados.

-Como todas as outras -Lhe dou um sorriso singelo quando lembro das poucas horas de sono que temos.

Noite passada, a patrulha ocorreu de um jeito diferente por aqui. Nós, luzes, temos diversas habilidades, e uma dessas é um sexto sentido altamente aguçado, podendo quase prever tudo o que pode acontecer. Ontem senti que algo horrível aconteceria, e os outros sentiram o mesmo. Enguerrand ordenou que nossa patrulha fosse sem pausas e juntos, estando preparados para um possível conflito contra algo na floresta.

Esperamos a noite inteira, e quando os primeiros raios de Sol se fizeram presentes, recebemos ordens para nos dividirmos em dois grupos, fazendo assim nossa patrulha normalmente.

Quando minha vez de dormir chegou, quase não tive tempo de fechar os olhos e logo o som estridente do sino pode ser ouvido, se estendendo pelo acampamento inteiro.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora