I - conflitos internos

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Segurando a bandeja que carregava meu almoço, caminhei devagar enquanto equilibrava minha comida em minhas mãos.

Passei pelos grupos de estudantes sentados em mesas, as mesmas do ano passado e do ano anterior. Direcionei meus passos para a porta que dava para a área externa da cafeteria, mas antes passando pela mesa das líderes de torcida. Como sempre.

Zayn e eu tínhamos nosso próprio ponto de encontro nas horas de almoço: a mesa do lado de fora, embaixo da grande árvore plantada no meio daquela pequena área verde, rodeados de outros estudantes em outras mesas ou até sentados na grama.

Quando eu não encontrava meu amigo assim que saía da sala de aula, o caminho até a cafeteria era a parte mais torturante do meu dia. Todas aquelas pessoas me rodeando e ocupando todos os espaços possíveis quase me deixava sem ar.

Eu sempre lutava contra a vontade absurda que eu tinha de travar meus pulmões quando estava sozinho nessa multidão específica. Era sufocante, mas no final era sempre um alívio saber que eu tinha sobrevivido mais uma vez.

O moreno me esperava, já com seu almoço, sentado na mesa do lado da árvore de sempre, já devorando seu almoço sem dó.

- Está com fome? – Perguntei, rindo, enquanto me sentava a sua frente.

- O que você acha? – Zayn rebateu, com a boca cheia de resquícios do que um dia foi um pedaço de pizza de calabresa.

Sorri com a resposta do meu amigo ao mesmo que franzia as sobrancelhas, com um pouco de nojo da visão que tinha acabado de ter do interior da sua boca durante uma refeição. Eca.

- Então, preciso falar com você sobre sexta. – O moreno disse, finalmente engolindo aquela massa pastosa que estava na sua boca momentos atrás.

Me perguntei mentalmente do que tinha na sexta. Era algo que eu tinha esquecido?

Até que me lembrei. A festa.

Tentei disfarçar minha expressão facial totalmente assustada, uma reação involuntária do meu corpo na última situação que ele poderia tê-la. Me xinguei mentalmente por ter falhado totalmente na tarefa de fazer essa reação passar despercebida.

- Tudo certo, Louis? – Malik perguntou, acabando com o espaço entre as sobrancelhas, preocupado.

Ótimo trabalho em disfarçar sua preocupação Louis, meus parabéns.

- Não, não é nada. – Assegurei. Claramente era mentira. – Só estou um pouco preocupado com a festa. Sabe como é, não sei o que esperar. Isso me assusta um pouco, mas tudo bem. Juro.

- Ei! Não precisa ficar assim, sério. – Ele disse, colocando a mão sobre a minha e fazendo uma espécie de carinho ali. Uma mania fofa que ele tinha e fazia toda vez que queria cuidar de mim, como ele mesmo diria. – Eu prometi que vai ser legal e você sabe que eu sou um homem de palavra. Juro, não precisa ficar assim não, tá?

Apenas assenti com a cabeça. Por mais que ele estivesse sendo cuidadoso e me ajudando de seu jeito, não eram palavras vazias e promessas que iriam fazer com que todas as minhas incertezas apenas desaparecessem.

- Olha, eu estou muito animado que você aceitou, sério mesmo! – Zayn exclamou, dando mais uma mordida em sua pizza, dessa vez engolindo antes de continuar a falar. – De verdade, ontem achei que eu estava alucinando quando você me mandou aquela mensagem, demorou para perceber que era real mesmo. Só não dei um grito por que Holmes estava dormindo na minha cama, e ai de mim acordar meu cachorro.

Apenas ri, dando uma mordida no meu pedaço de pizza e um longo gole no suco de laranja que, apesar do gosto artificia forte, estava bom.

Zayn era assim mesmo: animado, extrovertido, gostava de falar das coisas que ele gostava com as pessoas que ele gostava. Eu sempre achei a dinâmica da nossa amizade hilária, já que enquanto ele era extrovertido e amava conversar com as pessoas, até mesmo as que ele não conhecia, eu era esse emaranhado de antipatia social e ideias autodestrutivas andando para lá e para cá.

I Met Harry in The Bathroom {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora