Capítulo único.

583 93 88
                                    

— Tem certeza de que ela sumiu, Dream?

A voz de Sapnap saiu abafada na ligação enquanto Dream segurava o choro do outro lado.

— Tenho! Sapnap, eu procurei ela em todos os cantos da casa, em baixo de todos os móveis, atrás da geladeira, no quintal, ela simplesmente não tá em casa! E se ela fugiu e não quer mais voltar? E se aconteceu alguma coisa ruim com ela? E se-

As batidas na porta de madeira interromperam os pensamentos do loiro.

— Eu já volto, Sap.

Ele mutou a ligação e deixou o celular em cima do balcão, indo até a porta e abrindo. Dream ia dizer algo mas ele não conseguia fazer mais do que sorrir. Patches estava ali, no colo de alguém, espalhada e ronronando. Os olhos verdes subiram devagar e pararam na figura que segurava o felino. Deuses, Dream sentiu seu coração acelerar na mesma hora. Aquele era o garoto mais bonito que ele já tinha visto na vida. O cabelo preto cheinho e o óculos redondo, e Céus tenham piedade desse pobre loiro, aquele menino tinha o sorriso mais lindo do mundo.

— Uh.. Licença, esse gato é seu, né?

O sotaque britânico da voz de George invadiu Dream, fazendo ele sentir verdadeiras borboletas em seu estômago.

— Ah, é.. Você achou ela.. Obrigado.

Dream disse depois de formular a frase umas três vezes em sua cabeça pra não gaguejar na frente do menino bonito.

— Ah, por nada!

— Você.. não é daqui, né?

— Foi o sotaque que me entregou?

O moreno riu baixo, fazendo Dream se derreter ali mesmo, segurando a gatinha no colo.

— É, eu acabei de me mudar da Inglaterra, moro no final da rua. George, prazer!

— ... Pode me chamar de Dream..

— Dream? Meio narcisista se chamar de sonho, não acha?

George provocou o loiro, rindo, vendo as bochechas sardentas dele ficarem completamente vermelhas enquanto ele tentava explicar que era um apelido.

— Tudo bem então, Dream. Te vejo pela vizinhança!

O moreno se despediu e tudo que Dream conseguiu fazer, foi acenar, o olhando desaparecer. Fechou a porta com força, deixando Patches no chão e correndo até o balcão pegando o celular e desmutando a ligação.

— SAPNAP, SAPNAP, SAPNAP, SAPNAP.

— Caralho, para de gritar, achou ela?

— Eu acho que eu tô apaixonado.

[...]

— Patches... Patches... Pspspsps...

Dream andava pela rua extensa da vizinhança, com petiscos na mão, chamando pela gatinha que aparentemente tinha sumido de novo.

— Que drog- Patches!

O loiro avistou a gata ao longe, esta que assim que ouviu seu nome, pulou a cerca branca de uma casa perto, entrando no lugar pela pequena portinha pra animais na porta.

— Tsc, que droga, Patches!

Dream entrou na propriedade, batendo na porta devagar, apenas pra dizer que o gato que entrou era seu, pegar Patches e ir embora.

— Sim? Oh, Dream! Hey, Patches, olha quem veio atrás de você!

George disse depois de abrir a porta, com a gatinha no colo, sorrindo largo. Dream congelou. Ele sorriu nervoso, coçando a nuca e esboçando dizer várias coisas ao mesmo tempo mas simplesmente nada saia. Ele fez isso por alguns segundos até ouvir George rir. Deuses, ele amava a risada daquele menino, faria de tudo pra ouvi-la o dia inteiro, o faria sem reclamar.

— Ela tem me visitado bastante porque eu a alimentei da primeira vez e.. bem, você sabe como os gatos são.

— Oh.. Claro. Sua espertinha..

Dream riu, sentindo o frio na barriga e a garganta seca apenas de estar falando com George, se perguntando se era aquele o sentimento de amor a primeira vista. Bem, segunda vista, nesse caso.

— Não quer entrar? Eu acabei de colocar a comida no potinho pra ela, não acho que ela vá querer sair tão cedo...

— Uh.. Tem certeza? Eu não quero incomodar mais do que essa pilantrinha já incomoda e-

— Não seja bobo!

George disse no sotaque britânico puxado e riu.

— Vocês não me incomodam, vem, pode entrar.

O moreno deu a passagem pra Dream entrar, colocando a gatinha no chão e fechando a porta.

[...]

O que eram pra ser alguns minutos, se tornaram horas e horas de conversa entre os dois. Eles tinham mais em comum do que achavam, era como se simplesmente se encaixassem ou se complementassem. Isso até Dream olhar o relógio na parede de relance, se assustando com as horas que indicavam ali.

— O que?! Já são sete da noite?!

O loiro exclamou confuso, rindo baixinho.

— Oh? Sério? Mas passou tão rápido... Foi bom conversar com você de qualquer jeito.

George se levantou, junto a Dream, que pegou Patches no colo. O plano era realmente ir embora, pelo menos até abrirem a porta e perceberem o quão forte caia a chuva do lado de fora da casa. Estavam tão entretidos consigo mesmo que nem ouviram o barulho da água que desmanchava do céu.

— Oh.. Uh, não tem problema, pode ficar aqui até a chuva acabar!

George sugeriu, sorrindo.

— Sério? Tem certeza?

— Claro! Somos amigos agora afinal! Quer assistir algo? Ajuda a distrair..

Dream assentiu com a cabeça, feliz por passar mais um tempo com o garoto que despertava tanto em si.

[...]

Acho que dá pra chamar de química o que os dois tinham. Ambos sentiam o estômago revirar em ansiedade quando os olhares se encontravam e se perdiam por cinco segundos ou mais. Honestamente, George não ligaria de se afogar no verde dos olhos de Dream. Era simplesmente hipnotizante.

E lá estavam eles, se encarando, ambos com um sorriso besta no rosto. A única luz era provida da televisão, no qual passava um filme qualquer. Os olhos de Dream percorreram por todo o rosto de George, o olhando nos olhos, descendo o olhar com cuidado até seu lábios e voltou ao contato visual de antes, sorrindo ansioso.

George era com certeza mais corajoso, já que aos poucos, aproximava o rosto ao do loiro, até o ponto em que tinha de se apoiar no peito dele, sentido a respiração do outro perto da sua, olhando o verde dos olhos do outro de pertinho, o admirando.

— Você é.. muito bonito, sabia?

George disse num sussurro, sentindo as mãos de Dream pousarem devagar em sua cintura.

— Pode apostar que você é bem mais..

Dream sorriu, vendo as bochechas de George avermelharem devagar conforme o moreno se aproximava ainda mais, até que não houvesse mais distância entre os dois, essa que foi corrompida por um beijo quase desesperado. George apertou as mãos na blusa de Dream, que segurava o britânico pra si como se ele fosse desaparecer a qualquer momento.

O beijo aos poucos foi se acalmando, pegando um ritmo lento e carinhoso. A mão de Dream passeava de forma lenta pela curvatura do corpo de George e as mãos deste deixavam um carinho suave nos fios loiros da nuca em retribuição. O beijo se cortou, ambos ofegantes, sem dar muito espaço pra respirar, se encarando.

O clima era perfeito, isso até Patches pular no colo de George, se esfregando entres os dois, o que fez Dream rir, soltando uma das mãos do corpo alheio pra afagar o bichinho ali, se jogando pra trás no sofá e puxando o britânico consigo, que riu meio surpreso e o abraçou, fazendo um carinho lento na gata, que ronronava.

— ... Acha que ela é um tipo de cupido?

Dream perguntou depois de um tempo, continuando a admirar o moreno que estava deitado em seu peito fazendo carinho em sua gatinha.

— É.. Talvez.. Talvez ela seja o nosso cupido sim..

Cupid Cat - DNF ONE SHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora