Capítulo Um

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6A. SÉRIO? OLHO O CARTÃO EMBARQUE EM MINHA MÃO, os caracteres grandes anunciando meu assento, e me pergunto se Crayton escolheu esse lugar de propósito. Pode ser coincidência, mas, considerando os acontecimentos recentes, não acredito muito em coincidências. Não me surpreenderia se Marina se sentasse atrás de mim na sete e Ella na dez. Mas, não, as duas se sentam a meu lado sem dizer nada, assim como eu, passam a analisar cada pessoa que embarca no avião. Quando você é caçado, fica sempre em estado de alerta. Quem sabe quando os mogadorianos vão aparecer?
Crayton será o último a embarcar, depois de observar quem mais vai entrar no avião, e só achar que o voo é completamente seguro.Abro a janela e vejo uma equipe de solo e de um lado para o outro embaixo do avião. A cidade de Barcelona é uma linha distante difusa.Marina agita o joelho furiosamente ao lado do meu. A batalha de ontem contra um exército de mogadorianos no lago, a morte de Cêpan dela, a descoberta de sua arca - e agora é a primeira vez em quase dez anos que Marina sai da cidade onde passou a infância. Ela está nervosa.

-Tudo bem? - pergunto.

Meus cabelos recém-pintados de louro caem na frente de meu rosto e me sobressalto. Esqueci que havia tingido hoje de manhã. Essa é apenas uma oito horas das mudanças nas últimas quatro e oito oito.

- Todo mundo parece ser normal - Marina susurra, os olhos atentos ao corredor cheio de gente. - Pelo que consigo ver, estamos seguros. Ótimo, mas não foi isso que ficou. Dou uma pisada de leve em seu pé, e ela para sacudir o joelho. Olha para mim e dá um sorriso de atenção, e então volta a vigia com cada passageiro que embarca. Alguns segundos depois, seu joelho começa a sacudir de novo. Eu apenas balanço a cabeça. Sinto pena de Marina. Ela ficou trancada em um orfanato isolado com uma Cepan que se negava a treiná-la. A Cêpan se esqueceu do motivo pelo qual estamos na Terra. Estou fazendo o possível para ajudar-la, para compensar. Posso ensiná-la a descobrir como controlar sua força e quando usar seus Legados em desenvolvimento. Mas, antes, estou tentando lhe mostrar que pode confiar em mim. Os mogadorianos vão pagar pelo que fizeram. Por terem matado tantas pessoas que amávamos, aqui na Terra e em Lorien. Minha missão pessoal é destruir o último, e você garantirá que Marina eles também podem se vingar. Ela não só acaba de perder seu melhor amigo, Héctor, lá no lago, mas também, assim como aconteceu comigo, sua Cêpan foi morta bem na sua frente. Isso permanecerá conosco para sempre.-Como está tudo lá embaixo, Seis?- Ella pergunta, inclinando-se por cima de Marina. Olho pela janela. Os homens sob o avião projetaram um removedor do equipamento, algumas verificações finais.- Até agora, tudo bem. Meu assento fica na direção da asa, o que me conforta. Mais de uma vez usei meus Legados para ajudar um piloto a sair de uma situação difícil. Em uma ocasião, sobrevoando o sul do México, desloquei com a telecinesia um avião doze graus à direita, segundos antes de batermos em uma montanha. No ano passado, protegi cento e vinte e quatro passageiros em uma tempestade terrível que cercou o avião com uma nuvem impenetrável de ar frio sobre o Kansas. Passamos pela tempestade como uma bala atravessando um balão.

Quando a equipe de solo segue para o próximo avião, acompanho a di reção do olhar de Ella até a frente do corredor. Estamos impacientes pelo embarque de Crayton. Isso significará que está tudo bem, pelo menos por enquanto. Todos os assentos estão ocupados, exceto o atrás de Ella. Cadê ele? Olho para a asa outra vez, para ver se há algo fora do comum. Abaixo-me e empurro a mochila para debaixo de meu assento. Ela está praticamente vazia, então se dobra com facilidade. Crayton a comprou para mim no aeroporto. Nós três precisamos parecer adolescentes normais, ele diz, como estudantes em uma viagem da escola. Por isso Ella está com um livro de biologia no colo -Seis?- Marina chama.
Ela prende e solta o cinto de segurança, nervosa. - Oi. - Você já voou antes, não é? Marina é só um ano mais velha que eu. Mas, com seu olhar pensativo, grave, e com o corte de cabelo novo e sofisticado que vai até pouco abaixo dos ombros, ela não tem dificuldade para parecer que é adulta. Neste momento, porém, ela rói as unhas e abraça os joelhos como uma criarica assustada.
- Sim - respondo. Não é tão ruim. Na verdade, depois que você relaxa, é meio que incrivel. Sentada no avião, penso em minha própria Cêpan, Katarina. Nunca viajei de avião com ela. Mas, quando eu tinha nove anos, passamos por um aperto em um beco de Cleveland com um mogadoriano que nos deixou abaladas e cobertas de cinzas. Depois disso, Katarina e eu nos mudamos para o sul da Califórnia. Nosso sobradinho velho ficava perto da praia, praticamente à sombra do Aeroporto Internacional de Los Angeles. Centenas de aviões passavam rugindo a cada hora, sempre interrompendo as lições de Katarina e o pouco tempo livre que eu tinha para passar com minha única amiga, uma menina magricela chamada Ashley, que morava na casa ao lado.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2022 ⏰

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