The Heartsplains - Saga Maurêveilles - Livro três

Discourse

Meu nome não é Alice

Mas continuarei procurando, continuarei procurando o País das Maravilhas

Me liberte. Você poderia me tirar disso vivo?

Estou no buraco, estou caindo, caindo, caindo, caindo

Meu nome não é Alice

Mas continuarei procurando, continuarei procurando o País das Maravilhas

Me leve para casa

Leve-me para o País das Maravilhas, País das Maravilhas

Alice — Lady Gaga

Mais uma vez estou usando uma roupa de Maaka, um vestido vermelho com um decote que precisou de muitos pontos para caber em mim, Barbie arrumou meu cabelo enquanto Babel apertava o espartilho branco e Maaka me maquiou. Tudo isso me fez ficar menos parecida comigo e mais próxima do que eles idealizam da rainha de Copas, eu odeio isso.

Sento próxima a janela da torre, daqui não dá para ver o pátio do castelo que é onde o exército se reúne, olho para o anel vermelho no meu dedo e suspiro.

Copas era uma rainha que todos falam ser boa, Babel a adora, Maaka a vê como a salvação, mas uma pessoa aqui não faz isso e essa mesma conviveu com ela por tempo demais. Respiro o mais fundo que consigo com esse espartilho e me levanto, pego o punhal branco e a chave do jardim de inverno, olho em volta. Babel e Barbie estão lá embaixo escrevendo o meu discurso enquanto Maaka está reunindo os soldados, eles vão saber aonde eu fui. Abro a portinha embaixo da penteadeira de Maaka e entro nos corredores secretos, por mais que isso vá arruinar o trabalho que fizeram em mim.

XXX

Para minha segurança saio em um corredor próximo ao jardim de inverno, não posso mostrar a Mira que existe uma passagem ali dentro. Limpo o pó do vestido vermelho e afrouxo o espartilho, respiro fundo e entro no jardim me certificando de trancar a porta ao fazer isso.

— Ora, ora, uma tola voltou. — Me viro para trás esperando ver Mira segurando algo para me acertar, mas ela está sentada em uma poltrona segurando uma maçã e em frente a um tabuleiro de xadrez. — Vejo que já está brincando de ser rainha.

— Não, eu não estou brincando. Odeio isso, só estou fazendo porque é o único jeito de convencer seu exército a um motim.

— Do jeito que eles estão desesperados você nem precisaria disso. — Ela morde a maçã.

— Então por que disse que eles não seguiriam Maaka?

— Não seguiriam ele, mas você? É só alguém de fora dar uma migalha de esperança que eles vão estar batendo nos escudos para te apoiar. — Ela para e suspira. — Também odeiam Daphne, todo mundo no castelo a odeia.

— Até você? — Indago me aproximando, levanto o vestido para não tropeçar caso precise correr. — Achei que fossem amigas.

— É possível ser amiga do seu carrasco? — Ela ri. — A Chapeleira sempre esteve aqui para analisar o meu comportamento, Alice conspirou comigo contra Copas, o que me impediria de conspirar contra ela? Daphne está aqui para me manter na linha.

— Por quê? Por que você não se rebelou?

— Não tenho mais nada a perder.

O silêncio se segue por um tempo, Mira continua comendo sua maçã, chego perto o suficiente para ver todas as peças do tabuleiro, as vermelhas estão caídas e as brancas organizadas.