Parceiro de Trabalho

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Mente nublada.

Sons indecentes ecoando.

Mãos enfiadas nos cabelos alheios.

Kunikida não fazia a menor ideia de como havia terminado naquela situação, tão imprópria e voraz. Soltou um suspiro quando teve sua orelha mordiscada por tão tentadores lábios.

Depositou trilhas de beijos molhados do pescoço até as clavículas do moreno, a pele geralmente coberta por ataduras estava agora exposta para si, as cicatrizes lhe incentivando a demonstrar todo seu afeto contido.

Dazai era seu parceiro de trabalho, tão irritante e cínico que lhe dava nos nervos, sempre com piadinhas e preguiça de trabalhar direito. Kunikida já havia perdido a conta de quantas vezes desferiu tapas raivosos no colega, e agora, os tipos de tapas que queria dar eram com um intuito bem diferente.

As roupas de cima já estavam no chão, os braços longos de Dazai em volta de seu pescoço, as bocas envolvidas numa dança de línguas e sons molhados. Kunikida queria poder voltar no tempo, e fazer aquele momento acontecer o quanto antes. Se perguntava como havia sido tão estúpido por tanto tempo, Dazai literalmente deixava as claras o interesse por si, e agora com o belo sorriso que recebeu do moreno ao erguê-lo do chão, se sentiu mais estúpido por ter tentado fugir de seus sentimentos.

Os belos fios castanhos se espalharam no travesseiro ao depositar Osamu na cama, encarou os olhos de castanho avermelhado, buscando permissão para tirar a calça, recebendo-a com um leve movimento de cabeça. Aproveitou alguns segundos para apreciar as pernas longas e delicadas, dignas de uma bailarina.

Kunikida sorriu se lembrando da vez que Dazai entrou no escritório imitando os passos de balé, os giros exagerados fazendo o sobretudo bater nos objetos e quase cegar Atsushi. Ele certamente poderia ter aproveitado melhor momentos divertidos como aquele, mas estava ocupado demais com suas responsabilidades no trabalho, ao mesmo tempo que tentava com todas as forças extinguir os sentimentos que floresciam dentro de si.

Dazai tinha cheiro de livros velhos, de álcool (as vezes café) e maresia, ele era um tipo que a sociedade considera caso perdido, ninguém nunca sabe muito sobre ele, e só o que sabem é que tem sua utilidade na agência apesar de sua infantilidade. Kunikida queria odiá-lo e repudiá-lo por ser tão tristemente vagabundo, por sempre fugir do trabalho e por sempre enrolar as pessoas em sua lábia. Mas era praticamente impossível não se sentir curioso, ainda mais quando em raros momentos, testemunhava um lado sério e sombrio do moreno em curtos momentos. Kunikida não queria admitir que estava perdidamente apaixonado por alguém tão deplorável quanto Osamu.

Suas tentativas de afastamento, tal como o constante freamento de sentimentos, foram em vão. Não importava mais toda aquela droga, não quando os gemidos de Dazai faziam seus pêlos arrepiarem e a sensação de estar dentro do moreno o fazia sentir-se completo.

- Eu te amo.- Tomou coragem para sussurrar no ouvido do outro.

- Eu já sabia disso.- Ouviu Dazai responder ofegante, um sorriso ordinário nos cantos de seus lábios rosados. Sorriu com o convencimento do moreno, tomando um susto longo em seguida por ter sido virado na cama.

Dazai se inclinou sobre si, sem parar os movimentos nos quadris, beijou a linha de seu maxilar até chegar ao seu ouvido, e assim como ele havia feito instantes atrás, sussurrou:

- Eu te amo.

Os estalos dos corpos colidindo, os beijos incessantes, as puxadas em seu cabelo e arranhões nas costas, tudo fora guardado em sua memória. Os momentos frescos em sua mente fazendo um sorriso satisfeito brotar em seus lábios, o silencio do quarto junto aos raios de sol que invadiam a janela trazendo sensação de tranquilidade. Apreciou o rosto adormecido de Dazai o seu lado na cama, um dos braços do moreno o abraçando, seus cabelos castanhos revirados cobrindo um dos olhos. Depositou um beijo da ponta do nariz gelado do parceiro.

Havia caído nas graças de Dazai Osamu no final das contas.

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One Shots ( BSD)Onde histórias criam vida. Descubra agora