Capítulo VII

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Bom dia, raios de sol!!

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         Enfim chegou o carnaval e Dona Eva obrigou Théo a sair e ir se divertir como todos os outros adolescentes da cidade fariam. Claro que como ele não tinha planejado ir antes acabou sendo obrigado por sua avó a usar uma fantasia de bombeiro que havia achado ridícula. Foi uma surpresa e ao mesmo tempo reconfortante perceber de longe um grupo totalmente diversificado e com casais homoafetivos, afinal, aquilo significava que alguém iria aceitá-lo por lá. O alívio foi tanto de ver o grupo que ele só percebeu estar encarando o trio combinando quando eles chegaram perto e puxaram assunto.

         —Ei colega, tudo bem?

         — O-oi, tudo certo, er, desculpa ter ficado encarando. Achei engraçado as fantasias. — Théo ficou extremamente nervoso com aquele trio vindo falar com ele. Uma garota fantasiada de bombeira, ruiva igual a ele, porém com olhos azuis e o corpo magro como uma modelo dos anos 2000, e dois gatinhos: um garoto preto, alto, musculoso, com corte militar, além de óculos que completavam o visual; e uma garota loira, com os cabelos raspados nas laterais, que ao contrário da ruiva era gorda, mas, deslumbrante.

         — Relaxa, não achamos ruim. Na verdade viemos ver se você quer se juntar a nós, parece sozinho por aqui. Me chamo Valentina, mas pode chamar de Valen, muito prazer. — a garota loira se apresenta abraçando em seguida o ruivo que fica um pouco perdido, por não ter sido abraçado por ninguém além de Carla e sua avó nos últimos anos.

         — Me chamo Heitor, e essa aqui do lado é a Jéssica. Anda vamos lá, você vai completar o grupo. Qual seu nome?

         — Théo, Théo Novaz.

         Valentina não demora a agarrar o garoto pelos braços e puxá-lo para o meio do grande grupo, onde é apresentado a todos. Estrela, uma garota parda, de curvas bem definidas, com olhos cor de âmbar e cabelos castanhos, ondulados com mechas roxas na ponta, fantasiada de policial; Beto, branco, contrastando de forma interessante com a namorada, olhos azuis bebês e um cabelos castanho claro que parecia ser muito liso e macio, fantasiado de presidiário; Lorena, uma garota que aparentava traços indígenas, com cabelos pretos como a noite, olhos levemente puxados e pele com tom avermelhado, fantasiada de Marceline, uma vampira de um desenho; Marina, preta com cabelos longos e cacheados, fantasiada de Princesa Jujuba, do mesmo desenho animado. Ravi, um garoto com clara descendência de algum país asiático, devido a sua pele clara e sem manchas, e os olhos pequenos, fantasiado de enfermeiro; Rafael, loiro, em uma cadeira de rodas que provavelmente era a razão para não ser definido ou magro como o resto de seus amigos, utilizando um camisola hospitalar para se indicar como paciente; Joana, extremamente parecida com o irmão, Ravi, fantasiada de pescadora; Yara, preta de pele retinta, com manchas brancas, resultado do vitiligo, fantasiada de sereia.

         Um grande grupo, com várias histórias diferentes para contar, o que deixou Théo com uma sensação de conforto tão grande, que ele fez algo que havia chegado a conclusão que não faria, ou seja, se declarar como homem trans e falar sobre seu nome de batismo. Por alguns minutos o jovem ficou com medo que aquele grupo acabasse usando aquilo contra ele, mas não demorou para descobrir que eles não seriam capazes de algo assim, pelo contrário, ele sentia que tinha encontrado uma família. Principalmente naquele trio inicial que o tinha carregado até ali.

Theodora?Onde histórias criam vida. Descubra agora