Noite Chuvosa

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(Fiz essa fic pensando na música Alívio Imediato, engenheiros do Havaí, e eu nem gosto da música, mas ficou na cabeça.)

Que a chuva caia

Como uma luva

Um dilúvio

Um delírio

Que a chuva traga

Alívio imediato

Que a noite caia

De repente caia

Tão demente

Quanto um raio

Que a noite traga

Alívio imediato

Estava cansado daquilo tudo. Aquela rotina de aulas de mandarin, esgrima, piano, seção de fotos, entrevistas, comerciais, eventos sociais, tudo isso era exaustivo, não era a vida que ele queria, era a vida que o pai queria para ele.

E por isso usava uma máscara, que permitia ser outra pessoa, mais verdadeiro em sua essência. Por isso lutava pelas pessoas ao lado Dela. Não estar satisfeito como Adrien tornava ChatNoir a parte mais verdadeira de si.

Ou isso era antes dela o ignorar, agora até mesmo ser Chat parecia errado, insuficiente.

Então correr pelos telhados nas noites escuras não aliviava a angústia, mas caminhar pelas ruas não diminuía a aflição que sentia. E ficar em casa era ainda pior, como se o tempo parasse naquele quarto enquanto o mundo seguia sem ele.

Então saia as escondidas novamente, esperando encontrar qualquer coisa que aliviasse a dor de cabeça e o aperto no peito.

E assim estava agora, parado na sacada de alguém enquanto as pessoas da casa dormiam, e ele olhava a cidade de cima, procurando qualquer coisa, ou nada. E nada foi o que encontrou ali também.

Pelo menos a noite estava bonita, estava gelada e tempestuosa, exatamente como se sentia, nublado.

Seguiu seu caminho pelos telhados, não iria para a torre, mesmo sendo tarde não queria correr o risco de encontrar Ela.

Quando passou próximo da padaria pensou em ir até Marinette, mas as luzes apagadas indicavam que estava dormindo, já passará da meia noite, e todos tinham aula amanhã.

Desceu do telhado quando se aproximou do Senna e caminhou pela calçada, as botas ecoando na rua deserta.

Ao longe podia ver a casa-barco, Liberdade, e ao se aproximar pode ouvir um solo baixo de violino, melodioso e harmônico, pelo jeito Luka estava acordado.

A chuva começou fraquinha e gostosa então ele tirou o guarda-chuva do bastão para se proteger, os Kwamis não gostavam de chuva, mas assim que a chuva piorou ele desfez a transformação e colocou Plag no bolso impermeável, onde guardava o queijo do pequeno Kwami.

Caminhou como Adrien até a ponte e sentou em um banco de costas para o barco, a essa altura já estava encharcado e com frio, mas ao menos se sentia mais vivo agora do que em dias.

Da casa-barco ainda vinha o choro do violino de Luka, que era um músico incrível. Deveria ser bom crescer em um lugar assim, liberdade era uma das poucas coisas que faltava em sua vida, e era a mais importante.

Quase abriu mão da pouca liberdade que tinha, como ChatNoir, por causa daquele amor idiota por uma garota que não dava a mínima para ele. Não corresponder seu amor era aceitável, mas a forma como Ela o vinha tratando era o grande problema.

A forma como agiu por causa Dela o deixava envergonhado, já tinha tão pouca oportunidade de fazer algo que realmente gostava, e o pior era que abrira mão até de Plag, que apesar de inconveniente era um grande amigo.

Alivio imediatoOnde histórias criam vida. Descubra agora