eu quero ser tudo e ser nada
quero estar tão cheia
a ponto de ficar completamente vazia
quero morrer e continuar viva
e viver apesar de me sentir morta
eu quero ter um pouco
de todas as pessoas que vejo
e fazê-las ver em mim
o que não vêem em lugar algum
eu quero o sol e a lua
e ser pleno eclipse
eu quero as quatro estações
florescendo em mim
todas juntas
sem ser oficialmente
verão ou outono
primavera ou inverno
eu quero o céu
mas sem altura
e quero o mar mas também
sem me molhar
eu quero aquilo
que quero e aquilo que
também não quero
porque me sobra espaço
e me falta tempo
para todas
as coisas
(in)existentes
- gula
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intitulável
PoetryA coragem de admitir não saber titular a própria história, e a ousadia de se declarar intitulável.
