Passeio ao circo

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Catarina abriu os olhos rapidamente, olhou ao redor e estava no mesmo lugar, a fazenda continuava a sua frente, inclusive Petruchio.

— Você não desejou a mesma coisa que eu! - ela o acusou brava.

Petruchio, ainda com os olhos fechados, começou a abrir lentamente o olho direito. Viu a imagem dela embaçada em sua frente, abriu lentamente o olho esquerdo. Foi quando a voz dela voltou a soar:

— O que você pediu?

Petruchio olhou ao redor e fixou seu olhar no depósito bem ao fundo, ele estava em pé, ainda gigantesco em tamanho em comparação ao outro que tinha virado cinzas. Respirou aliviado, não conseguiu disfarçar.

Catarina lhe deu um tapa no ombro brava.

— Você está gostando dessa realidade!

— Pensa nas crianças! Pensa nas crianças que quer tanto ir no circo. - olhou pra ela suplicante.

— Catarina! Catarina! - ela ouviu a voz de Mimosa ao fundo.

— Eu disse para você não se apegar a eles. Por Deus, só foi uma manhã e parte da tarde.

— Mas eles são tão perfeitos Catarina, é que ocê não conseguiu ainda se aproximar deles direito. Talvez se aproveitasse mais seu dia com eles. Ocê ia me entender.

— Catarina! - a voz de Mimosa voltou a soar no fundo.

— Eu não quero me apegar a eles, não quero me apegar a essa realidade da qual não pertenço. Será que ainda não percebeu?

— Mas ocê tinha mãe presente, ocê amava sua mãe quando criança, não sente falta dela e não pensa em tudo o que ela fez pelo ocê? Ocê pode ver como é ser mãe, como ela…

Catarina suspirou tristemente lembrando-se da mãe, de como ela era consigo pequena. Os carinhos, as brincadeiras e os aprendizados que havia vivido com ela.

— É diferente! Eu não quero ser mãe forçada como ela foi, nem por poucas horas! Nem por poucos minutos! - falou ríspida, tentando tirar as imagens de sua cabeça.

— Catarina! Catarina! - Mimosa voltou a berrar ao fundo.

— JÁ ESTOU INDO! - Catarina berrou em resposta cada vez mais nervosa.

— Ocê fala tanto que não quer ser mãe, que não quer casar…

— Pois não quero! - o cortou enfática. - E uma mulher tem o direito de não querer viver algo só porque é imposto pela sociedade. Não quero me casar e ter filhos!

— Pois muito bem, não vou desejar a mema coisa que ocê, quero que ocê entenda porque eu amo tanto essas crianças já.

— Ama?! Se passaram apenas algumas horas!

— Sim! Se passaram apenas algumas horas. Eu posso aproveitar até a noite. Já que ocê deixou bem claro que tudo era um sonho e que amanhã íamos acordar na nossa realidade antiga.

— Sim! Vamos acordar na nossa realidade antiga! - ela cruzou os braços na frente do corpo ao mesmo tempo em que sentia uma mãozinha lhe puxando a saia.

— Mamãe, a Mimosa pediu pr'ocê me trocar, porque ela tá dando banho na Clara e a Clara tá mais encardida que eu. Tem que ficar de molho.

O garoto estava embrulhado numa toalha todo encharcado. Catarina entendeu enfim os chamados da governanta de seu pai.

Catarina piscou o olho duas vezes tentando se localizar. Até que resolveu responder de uma vez. Não poderia ficar mais discutindo com Petruchio, e tinha certeza que ele não ia colaborar desejando o mesmo que ela se não levasse as crianças ao circo.

De repente no futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora