Atrevimento

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-Tem certeza que você vai embora sem me falar seu nome? - uma voz rouca se fez presente por trás dos lábios bem desenhados com um batom vermelho. Fitei a mulher por um tempo, tentando reconhece-la de algum lugar.

- Eu deveria? - perguntei

- Não, tudo bem, Rosamaria - Olhei-a confusa e ela riu - Eu li quando você fez o pedido - Apressou-se em se explicar quando viu minha confusão

- Então por que perguntou?

- Por que achei que talvez eu levaria um tapa se eu te perguntasse se amanhã eu vou poder te encontrar na mesma Starbucks, ou vou ter que rodar todas pelo mundo em diferentes horários pra te encontrar - Me virei pra pagar o meu café e ri por dentro do modo como ela me abordou tão diretamente. Ainda sem saber o que queria de mim, caminhei até a porta sendo seguida por ela

- Eu deveria dizer que era melhor me procurar em outras, mas amanhã eu estarei aqui - Falei dando uma piscadela. Não sabia direito porque estava flertando com a linda mulher. Mas sabia que era um flerte certeiro. Saí praticamente correndo quando percebi meu corpo estranho e paralisado, com os olhos vidrados no seu sorriso de canto.

Assim que eu cheguei no estúdio, procurei Nani no seu escritório. E em um único fôlego eu contava quão intimidante aquela mulher, era.

- Eu acabei de ser cantada por uma mulher, você tá entendendo o que é isso? Eu imagino que não. Não está entendendo. E o pior é a maluquice de ter entrado no jogo - Eu andava de um lado para o outro Naiane estava na minha mesa e observando meus passos um tanto sem paciência

- Rosa, faça o favor de agradecer e não reclamar? Se você tá falando que ela é uma mulher linda e quente, o que tem? - Ela revirou os olhos e eu me sentei

- Eu gostei... - Confessei rindo da minha desgraça e olhei para a minha aliança

- Você deveria seguir os passos da sua irmã que é livre e segura. Quanto tempo faz que você tá sendo enrolada pelo mauricinho? Troca ele por uma mulher e você vai ver como as coisas vão mudar

Naiane é a minha prima, talentosíssima. Somos brasileiras e viemos juntas pra LA para abrirmos juntas nosso estúdio fotográfico. Desde que chegamos, temos viajado o mundo com exposições e também ao lado de grandes modelos. Minha irmã Camila, é dona de uma rede de boutique no Brasil que pertencia a nossa mãe e que ela com todo o talento herdado, manteve por todos esses anos. Nossos pais morreram quando eu tinha 17 anos, Mila tinha apenas 13, desde então, ela veio crescendo com uma cabeça totalmente aberta, o contrário de mim. Sempre fui mais pé no chão,calma e as vezes, totalmente insegura. Acreditando sempre no amor, nos valores e no sonho de encontrar alguém que me prendesse num olhar

- Mas ela não me é estranha... - comentei trazendo a atenção dela pra mim

- Como assim?

- Não sei, Nani

- Camila vai adorar saber disso - Naiane pegou o celular rindo e eu levantei tentando tirá-lo da sua mão

- Nem pense nisso!

POV Betinha

Minha semana estava completamente de cabeça pra baixo. Eu não havia dormido direito um só dia e estava me mantendo de café.
Sentada na Starbucks, eu rezava para que dessa vez, quem eu esperava aparecesse

Já quase sem paciência, olhei para a porta e vi Rosamaria. Com um sorriso gentil e a cara de quem havia acabado de acordar, ela fez seu pedido permitindo que eu reparasse melhor no seu corpo e todos os complementos fartos. Seu rosto era tão marcante que foi impossível não reconhecer e ter mais uma vez, a certeza que era ela pela fotografia que eu tinha em mãos

- Já vi que você não é muito esperta.
Quando se está esperando alguém, não fica de frente pra porta dando na cara - Fiquei na mesma posição esperando que ela se sentasse

- Você fica ainda mais interessante quando tenta ser insuportável - Vi seu rosto ficando vermelho atrás do mesmo sorriso simpático

- O que você quer afinal? - Ela foi direta e esperta. Mas eu não sabia se respondia aquilo de verdade ou se continuava com que estava em mente desde o primeiro momento

- Primeiro que você saiba que o meu nome é Roberta

- Roberta ... - Ela pareceu pensar e depois de um tempo, sorriu - Ah claro. - Carolana! Sabia que te conhecia de algum lugar - Fiquei estática tentando fazer com que ela não notasse - Olha, você não deveria ter me abordado dessa maneira, eu tenho um namorado... E não me envolvo com mulheres - Sorri de canto e me levantei.

Esse é o meu telefone - Lhe entreguei um papel e me apressei, imaginando que ela realmente soubesse quem eu era, talvez por algum comentário do seu namorado.

Pov Rosa

Fazia uma semana que aquela loira dos olhos marcantes, me deixou falando sozinha na mesa. Por todos os dias que se passaram, eu fui tomar meu café na esperança de vê-la por lá, não sabia exatamente por qual motivo. Naiane me perturbava mais que a minha mente pra eu ligar e eu não sabia o que fazer, havia pensado em ligar para Camila e falar sobre uma mulher que eu nem conhecia direito, mas obviamente, faria um escândalo e eu seria o motivo das suas piadas

- Onde você vai? Temos que terminar esses catálogos - Nai me olhou confusa quando levantei sem nada a dizer e peguei minha bolsa

- Você sabe quem é ela? - Perguntei com o olhar perdido no celular

- Ela quem?

- Roberta Ratzke. Dona da maior empresa de publicidade do mundo. A gente já fotografou muitas das publicidades dela

- Calma! Você está dizendo que a mulher bonita que flertou com você, é Roberta Ratzke?

- Naiane, eu preciso muito ir pra casa.
Aquela mulher bagunçou alguma coisa na minha cabeça desde que apareceu! - Não dei tempo de resposta, fui imediatamente pra casa, o calor estava queimando meu corpo, muito embora estivéssemos no inverno sob neve. Caroline me fez sentir e pensar coisas que eu nunca imaginei

Ah Rosa, você está ficando maluca, para de ser medrosa, liga, fala com ela, o que pode haver de errado nisso? É uma mulher...

Um, dois, três, quatro, cinco toques e ela atendeu

- Alô?

- Roberta?

- Rosa?

- Como sabe? - Ela riu do outro lado

- Suas perguntas são sempre tão engraçadas

- Por que não apareceu mais? - Depois de já ter perguntado, me arrependi por ser tão direta. Embora eu não conseguisse ser tão intimidadora como ela, aquilo fez um desespero transparecer na minha cara

- Você ainda tem um namorado? - Ela perguntou abruptamente. Sem responder, pensei em desligar e dizer que ela tinha razão. Eu havia praticamente chutado ela da Starbucks falando sobre o Bruno e agora ligava como se ela me devesse uma satisfação

- Infelizmente ou felizmente, não sei -
Suspirei. No fundo, era Infelizmente. De quase dois anos que eu estava com o Bruno, nunca tinha ficado em um estado de ânimo totalmente feliz. Ele era o tipo de cara lindo, bem sucedido e que tinha todas as mulheres que quisesse, e eu, só mais uma boba que se apaixonou e aceitou tudo por todo o tempo em que nos arrastamos

- Rosa, eu estou saindo do meu escritório agora, gostaria muito de te ver. A gente pode conversar, se conhecer, sei lá. Se isso não for um atrevimento, incômodo ou até mesmo estranho pra você, eu poderia ir na sua casa? - Pensei rápido, era loucura, mas eu cedi por puro extinto.

- Claro, você pode anotar o endereço?

É isso galera espero que tenham gostado e até breve

espero que não se incomodem de eu ter mudado o shipper, é que quase não tem fanfic delas então resolvi mudar

Sisters  (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora