- Chan, por favor, abra essa porta ou eu vou congelar.
Penso que pode ser um pesadelo, talvez eu esteja sonhando. Porém, não, não estou mais sonhando.
Ainda dormindo, levando e caminho pela casa sentindo o chão gelado. Procuro a porta de onde vem as batidas e a abro me esforçando muito para ver quem estava aqui fazendo essa barulheira toda a uma hora dessas.
- Boa noite. - consigo enxergar Eden sorrindo para mim. Ela estava de pijama e com uma coberta nas costas como se fosse uma capa e nas mãos o celular com a lanterna acesa e um balde. Não sei como pensei que pudesse ser outra pessoa.
Quem é Eden? Boa pergunta. Queria saber responder quem é ela e o que ela é pra mim, mas essa mulher é tantas coisas.
- Eu tava estudando e minha cabeça começou a doer, - explica enquando anda até o sofá e se senta, cobrindo-se. - achei que era uma boa ideia não ficar em casa sozinha quando estiver tendo uma crise de enxaqueca. - ao fim, ela sorri novamente e eu concordo com a cabeça.
- Bem pensado. - fecho a porta e continuo em pé tentando entender se estou acordado ou não.
- Por favor, volte a dormir. Você não vai aguentar acordar cedo se continuar em pé aí. - Eden coloca o balde ao seu lado no sofá e continua olhando para mim.
- Sim, Dona May. - digo e caminho em direção ao quarto, porém, antes de pensar em qualquer outra coisa, volto para a sala. - Não pense que tô bravo com você por ter te chamado de May. - nunca chamo ela assim, poderia ser grosseiro considerando que ela tá com dor de cabeça.
- Sei que não está. Só volte a dormir e eu faço seu café da manhã.
- Você é linda que nem a flor mais linda.
- Sei disso. - ela pisca pra mim.
- Não sei o que faria sem você.
- Provavelmente teria uma boa noite de sono.
- Acho que não. - discordo, ela fecha os olhos e bufa com desdém, desaprovando completamente meu hábito de dormir mal.
Caminho novamente para meu quarto, ao deitar, percebo que a cama está mais fria que o chão. Meus braços descobertos pela roupa arrepiam e puxo mais cobertor, ficando apenas com a cabeça para fora.
Quando penso ter pego no sono, mexo minha perna e ela vai para a área ainda fria do lençol. Santo Deus, quando essa cama ficou tão gelada.
Começo a respirar fundo pra pensar em outra coisa que não seja isso e colocar meus órgãos para funcionar e quem sabe isso me aqueça. Mas não, não funciona. Pelo menos não o suficiente.
Nesse caso, levanto-me e volto para a sala. Eden está sentada no sofá com as pernas sobre a lateral e com os pés pendendo no ar, seu cobertor só deixa de fora suas mãos e seus olhos que estão concentrados no livro que segura. O livro dela tem aquele abajur pequenininho que vejo na Internet.
Os olhos dessa mulher não saem do papel, é impressionante como ela consegue manter toda essa concentração mesmo tendo um corpo no escuro bem na frente dela e que, por acaso, sou eu.
Caminho um pouco mais e me sento ao seu lado, puxando um pouco da coberta e colando meu corpo gelado ao seu que está quentinho.
- Meu Deus, homem. Saiu da geladeira, foi? - ela se esquiva um pouco pelo susto, mas então, vira-se com o corpo para mim, eu fico em posição fetal entre as suas pernas e seus braços e sinto seu calor me inundar, juntamente do tecido peluciado de seu pijama e manta.
- Minha cama não está esquentando. - digo com um leve tremor.
- Quer que eu vá dormir com você? - Eden pergunta, e com a pouca luminosidade posso ver seus olhinhos arregalados de preocupação.
- Não, tudo bem. Vamos ficar aqui. - digo e deito minha cabeça em seu peito, ficando completamente envolto pelo corpo da mais nova. - Pode continuar lendo.
- Se ligue, né, Chris. Você precisa dormir, então vou dormir também. - reclama deitando a cabeça no sofá.
- Não preciso dormir mais, já dormi o suficiente.
- Vou fingir que acredito. Quer assistir alguma coisa, então?
- Se você quiser, por mim tudo bem.
- Você quer?
- Escolhe você, Eden.
- Chris, você quer assistir TV? - ela pergunta mais firme, quando faz isso sei que tenho que escolher por conta.
- Não. Quero ficar assim, no silêncio. - abraço sua cintura, quase deitando sobre seu corpo.
- Que bom. - ela leva uma das mãos ao meu cabelo e começa a me fazer carinho.
Fico pensando quantas vezes já fizemos isso, ficarmos juntos no escuro e no silêncio. Apenas ouvindo nossas respirações.
Lembro da primeira vez que fizemos isso, pensei que ela quisesse algo a mais comigo, mas eu estava enganado, Eden não é desse tipo.
Desde que nos conhecemos nunca a vi namorar alguém, nunca. Nem nada perto disso. Uns anos atrás, lembro-me que estávamos bebendo um pouco e ela contou sobre um cara com quem conversava na época da escola e o tinha visto novamente. Fora isso, nunca a vi falar de ninguém. Eden é sempre muito focada na carreira.
- Tá pensando em quê? - ela pergunta do nada. Sinto-me um pouco nervoso, então pigarreei antes de pensar no que falar.
- Hum. Você nunca me contou se já namorou alguém. - largo sem hesitar demais, só um pouco.
Eden respira fundo, posso sentir seu peito quase estalando de tanto ar e me fazendo levantar junto dele.
- Eu já namorei. Alguns caras, na verdade, dois. Um deles foi um americano bem alto chamado Matthew e outro um japonês chamado Kurama que era o dono da verdade. - explicou calmamente.
Mantive-me quieto, não teria nada de relevante a acrescentar mesmo.
- Conheci eles quando estive em seus países. Mas sempre chegava um momento em que eu apenas sentia que tinha que ir embora. Chegava um momento, em que eles apenas me cansavam mais e mais, ou por serem infantis demais, ou por eu me sentir sempre errada, ou o fato de eles não entenderem a importância que dou ao meu trabalho e meus estudos. Sempre tentei conversar, explicar, ouvir, mas não era suficiente. Sempre senti que merecia mais. - ela pareceu ter terminado, porém, senti uma respiração falhada, então olhei para ela, apoiando meu queixo em seu peito.
- E agora? É suficiente?
Eden ficou em silêncio por um tempo, apenas respirando bem fundo. Apesar do escuro, conseguia ver seus olhos brilhantes me fitando, enquanto eu fazia o mesmo.
- Sim, Chris. É muito mais do que suficiente. Tanto que te levo pra onde vou há cinco anos.
Isso me fez sorrir. Segurei sua cintura com mais força e depositei um beijo em seus lábios macios. Nos afastamos um pouco, um pedindo permissão ao outro, as mãos dela em minha nuca puxaram-me de encontro à sua boca novamente, aprofundando, assim, o beijo até ele se tornar o mais longe que fomos juntos.
Quando o ar acabou-se, afastei meu rosto apenas um centímetro e uni nossas testas.
- Cinco anos que eu espero por isso. - digo entre risos. É difícil admitir isso a ela.
- Obrigada por esperar. - agradece e sela nossos lábios novamente, demorando bastante.
Eu agradeço a Deus por essa mulher. Nunca havia encontrado alguém tão incrível, que me entendesse tão bem, que fosse tão boa companheira, que me fizesse rir sempre, e que estivesse aproveitando o melhor da vida comigo. Vou fazer ela saber disso. Vou fazer cada segundo juntos valer a pena. E quando acabar, saberemos que fomos as nossas melhores versões um com o outro.
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before the cool done run out, i'll be giving it my bestest - bangchan
Fanfictionum conto sobre chris e eden e o que sentem um pelo outro. - bangchan - um capítulo