mala fama | carlos sainz

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MONTE CARLO, MÔNACO — JANEIRO DE 2023

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MONTE CARLO, MÔNACO — JANEIRO DE 2023.

                            SOLTEI UMA RESPIRAÇÃO PESADA, CAMINHANDO PELO CORREDOR enquanto sentia meus músculos tensionarem. Meu treinador estava moendo meus ossos durante as férias de inverno, meu dia começava às 8h e terminava só às 17h, como se ele precisasse se certificar de que eu não pularia a dieta especial e os exercícios diários. Sabia que havia pedido a ele aquilo, a próxima temporada se aproximava e meu desejo de vencer e dar o meu melhor para a Ferrari pulsava em meu peito de forma gritante.

Estar em uma equipe de ponta com a história que o time vermelho possuía era dual. Era uma honra sem tamanho, mas também era uma merda do caralho. Eu me cobrava normalmente, era frustrante como eu sempre encontrava um problema novo, mesmo quando tudo estava certo. E era ainda pior quando a torcida italiana estava de olhos afiados sobre mim, esperando o momento certo para me mostrar as garras.

Eu queria não pensar tanto nisso. Nós éramos um time unido, cometemos alguns erros e causamos alguns problemas, mas ainda éramos unidos. E em 2023, a roda giraria novamente e eu teria novas oportunidades de provar que estava ali porque merecia.

Assobiei uma canção que costumava ouvir meu pai cantar quando eu era criança e limpei minha testa com a toalha. Em algumas semanas, Charles e eu iríamos para Maranello iniciar os testes com o carro novo e nos simuladores, passaríamos semanas em nossas casas na cidade e com a cabeça no que realmente importava. Leclerc era um Campeão Mundial agora, todo mundo esperava que esta temporada rendesse, finalmente, o título de construtores da nossa escuderia. E nós dois faríamos o possível e o impossível para acontecer.

Minha atenção correu para o barulho ritmado de passos e coisas rolando, o ofego longo de uma respiração desregulada e a voz baixa que contava de um a quatro rapidamente. Andei lentamente até a minha porta e olhei de cenho franzido para o apartamento em frente ao meu.

Escutei barulho de chave e um latido alto.

Shiiu, Anakin. Mamãe vai te ouvir — uma voz baixa chiou. A porta se abriu e um labrador marrom enorme passou por ela, pulando sobre mim no momento em que me viu. — Ai, merda.

Soltei uma gargalhada com o abraço que recebi do animal gigante e desengonçado, me abaixei para poder acariciá-lo melhor, mas meus olhos fitaram o menininho parado no vão da porta, com o sorriso de pestinha que só ele poderia fazer soar como a coisa mais fofa que eu já havia visto.

— Olha a boca, Bene — briguei com ele, apertando a sobrancelha para parecer realmente bravo.

— Me desculpa — murmurou, apertando as mãos ao redor das chaves.

Benício era meu vizinho desde que me mudei para este apartamento em Monte Carlo, ele deveria estar com uns doze ou treze anos agora. Costumava ser o maior responsável pelos problemas do nosso prédio, junto de seu fiel escudeiro Anakin, o labrador de cinco anos e olhos dóceis, e a bola gasta e remendada que vivia manchando as paredes brancas dos corredores. Ele estava começando a espichar, pegando na metade do meu peito, tinha pernas longas que sumiam dentro do uniforme azul do time de futebol do bairro e as calças térmicas.

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