Capítulo 24 - Tawan em New York: Como ele sabe meu nome?

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Dezembro

Nova York

                        O apartamento de Big é muito lindo! Nem parece um hotel. Um quarto de quatro peças, mas suíte, paredes claras e cortinas leves, dando acesso à luz solar que irradiou durante todo o tempo em que Tawan fez a entrevista com o pianista internacional Big Nodted e que tem despertado o interesse de muitos novos fãs justamente por ter sido vítima de um crime horroroso que só se esclareceu agora.

                      Suas gravações estão em alta em todas as paradas e meios de comunicação. Suas versões de cantores tailandeses consagrados como clássicos e dos consagrados pelos streamings fazem sucesso, indo muito além do imaginado.

                       Alguns mais céticos acreditavam que seu sucesso entre os amis jovens era algo momentâneo, mas seu potencial é muito maior. E é sobre isso que Tawan veio conversar para a grande reportagem do "Tailândia em foco".

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Tawan

                      Hoje a Turnê de Big entra em sua reta final e eu não pude deixar de prestigiar meu amigo. Desde que os crimes de Ken foram descobertos e a vida de Bigbig entrou nos eixos, não nos víamos. Nossa comunicação se resumia às nossas falas diárias, mas vim para Nova York como enviado do "Tailândia em Foco" justo para assistir e dar minhas verdadeiras impressões pelo trabalho de nosso pianista mais influente fora do Reino.

                   Tenho orgulho de ver um tailândes levando nossa musicalidade para fora do reino e mais orgulho ainda que é um amigo meu.

                   Conhecemo-nos na escola quando Pol  e  Arm chegaram à minha vida. Nos tornamos amigos logo porque por algum motivo desconhecido Arm fala bem o coreano e meu avô amava ter com quem praticar sua língua natal.

                  Também foi depois que Arm se apaixonou por Big e Kinn e eu descobrimos que tivemos nossa primeira grande briga. Pol partiu quando eu comecei me conhecer e nos distanciamos, mas apesar de Ken, Big não abandonou nem Kinn e nem a minha amizade, embora passou a odiar Arm.

                  Agora, com tudo entre eles resolvidos, venho para Nova York e descubro algo que me deixa triste. 

                  Same está dizendo que ela e Pol estão tendo um relacionamento amoroso e eu contava com a possibilidade de enfim chegar e contar para ele que o amo e espero ele voltar desde nossos quinze, dezesseis anos...

                Same é linda, uma deusa mestiça, meio tailandesa, meio nova-iorquina. Ela me disse que é assessora direta do homem que um dia eu sonhei chamar de sogro. Jovem e saudável, a mãe perfeita para os netos de tio Tom e tia Joly, que desfilam com ela para cima e para baixo.

                Foi como sua princesa que tio Tom me apresentou Same, como filha! Doeu porque eu queria ter esse lugar. Doeu porque eu esperei demais. Esperei ser alguém...

                  As pessoas que ouvem falar sobre Tawan Danawitt desconhecem quem realmente sou. Sou o simplório Sarawat Mala. Não tenho um sobrenome de poder e esse que uso conquistei há pouco tempo...

                 Só descobri ser um dos herdeiros de meu avô paterno há pouco mais de dois anos. Antes disso era um ninguém lutando para crescer e ser alguém. 

                 Diferente de Arm e Pol, não tive a sorte de ser adotado e querido por uma família especial. Embora tenha vivido com o avô me criou com dificuldade, me deu boas oportunidades, me colocando em boas escolas e me fazendo estudar muito para conseguir ser um bolsista quando os anos da faculdade chegassem. Ele não conhecia minha origem, mas me amou ao seu modo. Mesmo sem saber quem foram meus pais, ele me aceitou e por isso o amo tanto, pois ele mesmo sendo pobre, quase um miserável, quando me encontrou no lixo, fez de tudo para me educar. 

                 Tudo o que eu tinha era uma correntinha com meu nome ou com o que ele acreditava ser meu nome... สารวัตร; (S̄ārwạtr). A capacidade que nosso povo tem para dar nome para alguém dá a veracidade necessária para a fé da única pessoa que me amou por anos. Então vivi com S̄ārwạtr, que nada verdade era  a função de quem me deu aquilo: Inspetor. 

                Como S̄ārwạtr vivi por anos.   Quando me apaixonei por Pol ele já não era um menino pobre, embora não fosse ainda o homem rico que é. Foi meu medo de ser chamado de interesseiro que me fez lutar para ser alguém...

                 Agora que cheguei onde estou, que conheço minhas origens e posso ser um genro à altura de tio Tom, ele me apresenta sua "filha".

                    — Dói tanto que me sinto oprimido... — Grito no banheiro.
                      Na verdade não entendi direito como a garota resolveu se abrir para mim, já que deixou claro que o que tem com Pol não deve ser publicado... Meu sentido de repórter diz que há algo de errado, mas não consigo ver o que é.

                       — Preciso sair para beber!
                       Só vou fazer umas tomadas do Teatro e de Big  para minha reportagem e vou para a noite nova-iorquina...

Horas depois da apresentação

                        — Como Big é maravilhoso! Que talento tem meu amigo! — Exauto com orgulho o meu amigo.

                       Saio do hotel onde nos reunimos depois do espetáculo de música e charme de meu amigo e sigo para a rua. Preciso beber um pouco. Ou muito! Não faz diferença mesmo! Quase nunca fico alterado... Se bem que é disso que preciso hoje. Uma carraspana sem limite! E talvez uma boa noite de sexo com um desconhecido. Isso de amor platônico é uma perda de tempo...

                     Na verdade, no bar, senti alguém me olhando, mas em respeito aos tios, que vieram comemorar com Big, fiz-me de morto. Uma pena porque agora teria um número para chamar...

                     Encontro o bar onde Big disse que a comunidade tailandesa se reúne e descubro que ele é nitidamente gay, o que pode facilitar meus planos.

                     Nem bem entro e um tailandês bonito se aproxima de mim e começamos a beber juntos. Educado e fino, ele não deixa meu copo vazio.

                     Saímos do bar e quando íamos embora, ele arruma confusão com um transeunte. Fico irritado com minha falta de sorte e entro no táxi parado ali. Sem sorte mesmo agora, mas de repente, quando o carro ia saindo, sinto que meu companheiro de copo conseguiu entrar no carro.

                    — Noite perfeita! — Penso alto.

                   Ouço o riso de meu novo amigo. O carro e a noite escura disfarçam minha repentina vergonha de estar indo para o meu hotel com alguém que só sei chmar Pong, Ping talvez. 

                  Acontece que no meu quarto o homem nega fogo. Simplesmente me faz tomar banho e me obriga a dormir. Tento tocá-lo e beijá-lo, mas ele, de repente, parece menos bêbado do que eu podia me lembrar.

                 Diz meu nome devagar, como se o cantasse e isso me lembra a tia Joly. Ela fala meu nome de forma estranha, como se dissesse outra coisa.

                  Durmo com raiva, depois de tentar de todas as formas abraçar meu amigo de copo...

                  A manhã me desperta com um café pronto na cama e um bilhete:

               "Bom dia, Sarawat. Tome o remédio, a sopa e se alimente bem. E por favor, não perca seu embarque."

P - New York

PS. Nunca vou esquecer seu beijo.

                     Não lembro de ter beijado meu colega de copo... E como ele sabe meu nome? 


O Fruto Proibido  1                                 #BigArmOnde histórias criam vida. Descubra agora