Capítulo 1

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POV: Catarina

  — Você está grávida, Catarina!

  Grávida? Confesso que esse não é nem de longe o diagnóstico que eu esperava. Meu Deus, grávida? E agora?

  É involuntário o sorriso que cobre os meus lábios, por mais que minha parte sensata esteja prestes a entrar em colapso, há algo, um ser e isso é muito mais do que mágico, mas o que eu faço?

  — Tem certeza que não tem como estar errado? — o olhar do médico é um tanto quanto surpreso, acredito que o tom baixo de minha voz seja o motivo, devido aos anos que nos conhecemos, esta é a primeira vez em que eu não grito.

  — Não há nenhuma dúvida.

  Como isso é possível? Não, não, não preciso de aulas, é só que... eu não sei o que dizer. O que pensar, muito menos o que fazer.

  Olho para baixo ainda desacreditada, minhas mãos tremem, enquanto meus olhos se enchem de lágrimas. Não é só desespero, é contentamento, um misto inexplicável de sentimentos. Sem que eu perceba ou controle os meus próprios movimentos, pouso a mão sobre a barriga como se isso fosse suficiente para me fazer cair a ficha.

  Grávida!

  — Eu estou grávida! — afirmo entre sorrisos e lágrimas.

  Há mais emoção do que medo ou qualquer outro sentimento incolor. Pode não ser a hora certa, mas essa descoberta trouxe ao meu mundo um pouco mais de cor, esperança... amor.

  — Pensei que ficaria desesperada, afinal, sei que não é casada.

  — Pode não ser o melhor dos médicos, mas o conheço, sei que não é fofoqueiro, portanto posso confiar no senhor.

  — Catarina, seu pai...

  — Não precisa saber de nada.

  — Sei que pode estar assustada.

  — Não estou — tenho certeza do que precisa ser feito, embora não seja o meu maior desejo, farei tudo o que preciso for.

  Se papai soubesse, não mudaria de ideia, tampouco me entenderia, se preocuparia com sua candidatura, parte de toda sua carreira política e eu não entro nem de longe em sua lista. Mas e Petruchio? O que me diria?

  Ele vibraria... sorriria...

  Como eu quero lhe dar essa notícia.

...

POV: Petruchio

  — Não vai me cumprimentar? Dizer ao menos que ficou feliz? — em poucos passos, Marcela estava perto, perto o suficiente para que seu perfume chegasse até mim.

  — Na verdade, não estou entendendo o que faz aqui — tentei sorrir, mesmo que o cheiro forte me fizesse querer tossir, espirrar... sair daqui.

  — Essas definitivamente não são as palavras que eu esperava ouvir — sorriu, esticando o dedo até mim. A ponta de sua unha comprida tocou meu rosto, como antes fazia — Afinal, continua sendo o mesmo rústico de sempre, senti sua falta.

  — Marcela, tá me dizendo que voltou por causa de mim?

  — Não faça essa cara, sabe que sempre foi muito importante para mim. Não fui para Paris porque quis, mas porque papai descobriu mais do que eu gostaria de admitir. Mas ele não pode impedir o que eu sinto, o que podemos sentir.

Além da Verdade e da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora