〖 Ouvindo murmurinhos de trabalho

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Eu arranjei um novo amigo.

Isso mesmo, apesar de sempre ter adorado minha própria companhia, percebi que uma mudança de país pode proporcionar solidão até para o melhor amigo da solidão. Pois então, eu cheguei a conclusão que queria ter um colega de quarto para dividir meu apartamento aconchegante.

E não, eu não adotei uma criança e o meu novo parceiro sequer é humano. Apesar que, de alguma maneira, eu devo estar achando minha vida muito monótona à ponto de caçar responsabilidades teoricamente desnecessárias para mim. Mas eu fiz, e essa responsabilidade é uma tartaruga que agora se chama Crush.

Não teria outro nome, perdão. Sou um grande fã de Nemo. Eu até cogitei colocar o nome do filhote de "minha cria", para fazer jus ao pequenininho filhote da tartaruga do filme. No entanto, achei a forma que ele se comporta tão "de boa" com a vida, que Crush caiu bem (e eu posso ainda sim chamá-lo de minha cria, então tudo certo).

E enquanto eu ajusto todas as necessidades da tartaruga a qual adotei impulsivamente após Charlie me mostrar alguns filhotes que foram resgatados, e eu decidir que precisava levar aquela de olhos brilhantes em minha direção para casa, vou dizer tudo o que precisa caso queira ser um pai/mãe de pet tartaruga.

Meu pequeno Crush era uma tartaruguinha aquática e que não cresce muito, e basicamente eu comprei uma casa extremamente linda e adepta as suas necessidades, necessidades essas que incluem: precisa ter água para nadarem, e também terra para pisarem. E mais, fixado no aquário suficientemente espaçoso, uma iluminação amarelada que focava na parte terrestre do alojamento, pois elas necessitam muito desse tipo de luz.

Estava uma graça sua casinha com algumas pequenas palmeirinhas falsas que coloquei e o espaço para sua ração, eu não acrescentei tanta coisa. Esses bichinhos comiam literalmente tudo o que viam pela frente, então não quis correr o risco de ver Crush ingerindo decoração.

E antes de sair para mais uma rotina de trabalho, coloquei meu rosto próximo ao vidro da casa dele e observei a minha nova companhia nadando tranquilamente, aparentando estar satisfeito no novo lar. Não resisti em sorrir, parece ter gostado.

— Beba água e se comporte até eu voltar. — avisei, tendo a certeza que ele beberia uma boa quantidade pelo pouco que já lhe observei desde ontem. — Tenha um bom primeiro dia, parceirinho.

Hoje não era um dia qualquer de trabalho. Eu estava completando oficialmente uma semana desde a ocorrência na delegacia. Ser descredibilizado pelo delegado mexeu muito com o meu senso de justiça naquele dia, e eu poderia muito bem ter lidado mal levando em consideração que eu tinha mudado radicalmente de vida em prol da minha profissão.

Mas bastou respirar fundo, refletir e um papo sincero com o cuidador Jungkook naquele dia, que ao invés de enfraquecer, fiquei mais forte do que nunca.

Eu tinha um propósito, e justamente para esses tipos de desafios, que eu tinha vindo para cá. Em nenhum momento achei que pudesse ser fácil, e ainda bem que estou aqui para poder não desistir dessa situação. Queriam que eu investigasse e trouxesse mais provas? Pois eu iria.

Passei minha última semana em um estudo muito aprofundado sobre Auckland e os casos das baleias, porém hoje não seria um dia especial apenas por causa da minha primeira semana completa de trabalho, e sim porque outra situação precisaria de mim e eu estava ali, pronto e disposto.

Hoje seria a inspeção do caso de Charlie. Um caso tão importante para ela, pois se relacionava com o resgate de alguns golfinhos e outros animais marinhos que estavam sendo explorados em um aquário em Wellington. Um profissional aproveitaria que era um dos dias abertos para visitas, e daria uma olhada geral no local.

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