Capítulo 44 - "A beira da insanidade"

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Capítulo 44

Mais uma vez viro a garrafa, sentindo o seu líquido amargo e quase como ácido deslizando pela minha garganta. Faz alguns minutos desde que me encontro sozinha dentro do carro, no meio de alguma floresta obscura à espera de Pedro com a garrafa praticamente pela metade.

A minha cabeça está girando e eu sinto calafrios percorrer o meu corpo ao lembrar dessa fatídica noite. Tudo parece tão irreal... as coisas aconteceram de forma tão rápida que me custa acreditar que em tão pouco tempo desde que fui embora do evento, eu fui assediada no estacionamento pelo meu chefe que agora se encontra morto e está sendo enterrado neste momento pelo mesmo homem que me fez abraçar a ideia de morar em São Francisco para finalmente juntar a nossa "família".

Não é engraçado como o destino faz questão de me unir a Pedro, mas também faz de tudo para que não possamos ficar juntos? E isso é tão desesperador... no fim eu sei que ele não tem culpa pelo o que aconteceu, mas é um fardo pelo qual ele vai ter que carregar pelas suas ações no passado. E agora eu tenho a resposta final... não é nesse meio que eu quero estar, vivendo e colocando a vida da minha filha em risco dessa forma...

Fecho os meus olhos, encostando a minha cabeça no banco do carro, sentindo lágrimas deslizarem pelas minhas bochechas enquanto o ar se torna cada vez mais denso.

"— Ah, Emma... não faça desfeitas... eu sei bem que você está querendo o mesmo que eu, e eu não poderia deixar passar. Você é inteligente, bonita e educada... posso deixar a minha mulher e te fazer só minha... — Jeffrey diz próximo ao meu corpo, passando sua mão pela minha coxa com seu hálito de cerveja e eu logo ponho minhas mãos em seus ombros, odiando esse seu toque ao ponto de querer sair desse carro correndo.

— Senhor Lei, por favor, pare... o senhor está bêbado e não sabe do que está falando. Eu não quero nada! — Exclamo em desespero, afastando suas mãos do meu corpo enquanto com o coração acelerado de medo, penso em como fugir dessa situação. — Olha, me desculpa, mas eu preciso ir! Nos falamos amanhã quando você estiver sóbrio!

Abro a porta do carro, prestes a pôr minhas pernas para fora, porém suas mãos vem de encontro a minha cintura, me impedindo de sair.

— Não mesmo! Isso tem que acontecer hoje! Ou já esqueceu que eu sou o seu chefe e você tem que me obedecer? Venha, é uma ordem! Dê prazer para o seu chefe!

Eu já estava segurando o choro por conta da situação, me sentindo um lixo por estar passando por esse tipo de assédio com alguém que eu deveria confiar, e agora... quando ele puxou as minhas pernas, me obrigando a ficar debaixo do seu corpo, me prendendo mesmo quando eu me debatia, um buraco em forma de dor começou a se manifestar em meu peito. Eu nunca imaginei que poderia passar por uma situação dessa após ter ido embora do Brasil. Não passava pela minha cabeça passar por uma situação traumática a esse ponto, pois o meu corpo começava a tremer, e eu estava gritando desesperadamente, não suportando a ideia de ter as mãos desse homem asqueroso passando pelo meu corpo ou me sentir invadida por alguém que eu não quisesse...

E quanto mais tempo eu passava com suas mãos em mim... mais eu sabia que essa hora estava chegando. E mais uma vez, eu não poderia fazer nada!

— Me solta! Por favor... para!

Senti seus lábios tocando o meu pescoço enquanto ele ria diante do meu desespero. Suas mãos estavam prendendo as minhas, e por mais que o mesmo estivesse bêbado, ele ainda tem mais forças que eu, me deixando numa situação que eu sabia que eu não poderia sair.

— Aaah, lindinha. Não precisa relutar tanto... eu sei que você quer. Pode dizer que estava me provocando a festa a noite toda...

— Não! — Grito, sentindo as lágrimas já ensoparem minhas bochechas, e quando ele levanta a cabeça para olhar em meus olhos com um sorriso de satisfação, um barulho se faz presente e logo a sua expressão se torna completamente vazia, com o seu corpo paralisado sobre o meu, perdendo a força aos poucos para me manter sob ele.

RENDIDA - PARTE 2 - CRIMINOSOS EM SÉRIE (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora