Capítulo 8 - Luna, a garota da aldeia

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— Por favor, só fique para as apresentações. — Me pede o loiro que parece ser um nobre importante.

Viro-me para Hélio. Ele dá de ombros.

— Só pras apresentações, depois vamos caçar.

— Como quiser.

Faço um gesto para o meu irmão que assente e deixa nossas armas recém feitas sobre uma mesa de madeira.

Nos sentamos na mesa em que os outros estão.

— Bom, vamos ter que nos ajudar, então é interessante sabermos nossos nomes, pensarmos na charada e treinarmos juntos para a missão.

Ninguém responde o loiro. A mimadinha surtada está olhando enojada para o teto com buracos. O garoto de outro país está olhando para ela. A menina assustada fita, trêmula, a mesa. O garoto esfomeado não para de espiar a comida em cima de uma mesa de quartzo onde o reizinho colocou a comida que deixaram para nós. Meu irmão olha com raiva para o burguês sem noção que agora tem um olho roxo e outros machucados adicionados em seu visual. Eu sorrio sabendo que fui eu que o presenteei com isso. O menino da fábrica e a menina de cabelo espesso são os únicos que parecem se importar com o que ele fala.

— Certo, vou começar as apresentações. Eu sou Jack Lancelot.

— Não me diga. — O burguês chato debocha. O cara realmente pede para apanhar.

— Felicity Deschamps. — A mimadinha ajuda seu amigo de mesma escória nobre.

— Lian. — O menino que a encara diz rapidamente.

— Frida Stuart. — Diz a menina que prestava atenção.

— Jean Durand. — O da rapaz sem cabelos fala em seguida.

— Luna e Hélio. — Digo por mim e pelo meu irmão.

— Henrique. — O esfomeado fala apressadamente. A garota ao seu lado, a assustada , murmura algo bem baixinho, mas ele entende. — Ela é a Maria.

Chega a vez do grande insuportável, todos olham para ele que revira os olhos e cede de uma vez.

— Brien Johnson.

— Certo, agora podemos ir embora. — Falo, já me levantando.

— Esperem! — O Lancelot implora. — Acho que Frida desvendou a charada.

— Qual era a charada mesmo? — Pergunta Henrique no maior desânimo.

— Que charada? — Lian se assusta, confuso.

Me sento outra vez.

— Você estava desmaiado quando nos falaram dela. — Explica Felicity.

— Legal. — Ele responde com um sorriso.

Felicity franze o cenho, provavelmente achando o cara maluco. Lancelot tira um papel do bolso.

— A charada era: Muitos caminhos vocês terão, na maioria se perderão. Um grupo de ratinhos vocês serão e somente juntos escaparão. — Ele diz.

— Essa é a coisa mais feia que já ouvi na vida. — A mimada comenta. — Só tem rimas pobres e...

— Cala a boca. — Reclama o insuportável de olho roxo.

Por um segundo acho que a patricinha vai começar a chorar, mas ela faz uma careta de desgosto que me faz pensar que se ela tivesse uma faca em mãos a enfiaria no olho do garoto.

— Cala a boca você, escória burguesa!

O irritante não tem tempo de reagir porque Lian fala primeiro.

— É, cala a boca, escória burguesa!

— Você é burguês também, seu imbecil!

— Gente, para com isso. — Lancelot pede, mas ninguém obedece.

— Será que nois pode comer agora? — A voz de Henrique é abafada pelos insultos trocados entre Felicity e Lian contra Brien.

Frida, Jean e Lancelot tentam intervir, mas fracassam. Maria começa a chorar no canto, fazendo Henrique finalmente parar de falar sobre a comida para acalmá-la.

Então é essa equipe que me resta aturar para sobreviver aqui?

Hélio se vira para mim, sabendo exatamente o que estou pensando.

Só vamos embora. É o que seus olhos respondem.

Concordo com a cabeça.

— Só um minuto. — Peço para meu irmão. Respiro fundo. Dou um soco que racha a mesa de madeira. — TODO MUNDO CALA A BOCA!!!

Os animais descontrolados me obedecem.

— Depois nós que somos selvagens. — Brien abre a boca para falar besteira, mas o calo com um olhar. — Você, — Aponto para Frida. — fala logo sua interpretação da charada pra eu poder vazar.

— Ah, bem... um labirinto. Acho que a próxima missão envolve fugir de um.

— Só isso?

— Não tenho como saber os detalhes.

— Certo.

Hélio e eu nos levantamos, pegamos nossas armas e nem estamos do lado de fora quando a briga recomeça.

— Você não será nosso líder, seu nobre trapaceiro!

— Podemos comer agora?

— Para mim já chega!

— Felicity, volte aqui!

— Será que podemos conversar sobre isso amanhã?

— Gente,não estamos sendo racionais.

Hélio e eu vamos caçar, não pretendendo voltar tão cedo. 

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