Estão todos aqui, sentados no chão ao meu redor, me olhando com caras feias. Alguns como Maria parecem prestes a chorar, outros como Brien devem querer me matar. Por que eles tinham que ser um público tão difícil de agradar? Dane-se, não temos tempo para boas impressões.
— Vou pedir mais uma vez, vamos trabalhar em conjunto.
Brien revira os olhos e começa a se levantar. Luna o puxa de volta para a roda que fizemos entre a lareira e o sofá.
— Não interessa se você nos odeia, se não nos ajudarmos vamos ser desclassificados ou pior, vamos morrer.
— Se toca, princeso, é cada um por si aqui.
— Como poderia ser se esse ano nos juntaram em grupos? — Frida me ajuda.
— Sei lá, deu a louca no Adam Campbell que quis inventar isso. Mas vocês não acham mesmo que grupos inteiros vão vencer essa droga, acham?
— Não custa nada a gente se ajudar, pode ser uma vantagem que outros grupos não terão. — Fala Jean.
— Mas que besteira, cada um vai tentar salvar a própria pele amanhã. Ou vocês acham que vão todos se preocupar com desconhecidos? E no nosso grupo então, não somos nem todos da mesma casta.
A balbúrdia explode, todos começam a discutir ao mesmo tempo.
— Ele tem razão! — Grita Henrique.
— Não confio em nenhum de vocês. — Comenta Felicity em meio ao caos de berros.
Olho para Brien que parece contente com a discordância que causou. Por que esse idiota pensa que me atrapalhar vai ser algo bom?
— Vamos todos morrer, não é? — Lian me pergunta.
— Vamos. — Respondo.
***
O ônibus que foi nos buscar finalmente para. Frida, Jean, Lian e eu nos entreolhamos com medo por um segundo. Somos os racionais desse grupo, queremos trabalhar em grupo e sobreviver. O resto de nós por outro lado... Bom, Brien é o egoísmo em pessoa; Maria, o pavor; Henrique, a confusão. Já Felicity e os gêmeos não sei dizer, ela parece distraída com seus pensamentos enquanto eles se concentram na porta que abre à nossa frente.
Uma dúzia de guardas, todos nas suas armaduras pretas metálicas e capacetes vermelhos, nos conduz até o grande quadrado no meio do mato. Somos deixados bem no meio da multidão o que é sufocante. Aqui, é bem fácil se perder da sua equipe, tenho medo de Brien ou Maria saírem correndo a qualquer segundo. Alguns grupos são mais espertos que nós e se vestem iguais.
— Devíamos ter vindo como eles. — Henrique aponta para uma equipe toda de vermelho.
— Se toca, otário. — Por que Brien ainda insiste em abrir a boca? — A maioria dessas panelinhas é de nobres, ou seja, já estavam arranjadas antes mesmo de virem pra cá. Fora que eles todos têm famílias ricas que enviam essas roupas legais. Não é o nosso caso, não se iluda querendo estar como eles.
— Mas ele tem razão numa coisa, devíamos ter vindo com algo incomum. Uma pulseira, camisa... Assim vamos nos perder. — Fala Frida.
— Que pena. — Ironiza Brien.
— Se eu matar esse idiota vamos ser desclassificados? — Jean sussurra para mim, pegando-me de surpresa.
— Eu me faço essa mesma pergunta há um mês.
Ele sorri e fico feliz por saber que há ainda alguns do meu lado.
— Bem-vindos, cidadãos de todo o país, à segunda rodada do Exame de 3010! — A voz do apresentador Adam Campbell eclode acima de nós, da plataforma voadora de metal. — Seu desafio de hoje será escapar do labirinto circular!
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O Exame
General FictionEm todo o planeta, em cada país, todo jovem ao dezoito anos completar, deve o Exame realizar. O mundo é dividido por castas, as quais podem ser elevadas, com a rara vitória nos tãos temidos jogos em massas. Doze provas. Doze meses. Quem sobrevi...