Acho que engoli terra, mas o que importa é que conseguimos. Lancelot me ajuda a levantar. Felicity que caiu em cima de Lian o empurra para longe e então se levanta, seguida por ele. Luna se apoia sem fôlego em seu irmão. Todo o resto está no chão. Estamos todos mortos, preocupados, ofegantes e cansados. Com exceção de Brien que nos olha de cara amarrada.
— Finalmente! Achei que iam me fazer perder.
Luna dá um tapa em sua nuca e acredito que todos a agradecemos por isso.
— Se você tivesse me obedecido, nada disso teria acontecido! — Lancelot berra, mas não tem tempo de brigar mais, pois uma câmera flutuante se aproxima de nós.
— E aqui estamos com eles, o grupo diversificado que surpreendeu o mundo contando com cinco plebeus, três burgueses e dois nobres! — O holograma de um apresentador de programa aparece. — Eis uma combinação que não temos todo ano! Mas enfim, jovem Lancelot, pelo que estou lendo aqui os nobres têm muitas perguntas sobre o senhor.
Sinto Lancelot nervoso ao meu lado.
— A primeira da minha lista é, por que teve essa escolha curiosa de equipe? Não preferiu pessoas da sua própria casta. De todos os nobres, por que o senhor, um futuro rei, escolheria esta mistura doida?
— Ah, espera aí. Ele não escolheu... — Brien começa, mas eu o empurro para o lado, me tornando o foco da câmera.
— Acho que estamos todos muito cansados, então... se puder perguntar só as principais...
Brien me arrasta para trás e Lancelot assume os holofotes mais uma vez.
— Por que você fez isso, idiota?
— Fala baixo. Não tá vendo que o cara tá sob pressão?
— E daí? Eu só tava falando a verdade.
Solto um suspiro pesado e me forço a manter a calma.
— Que foi? Eu não preciso ajudar o cara a se dar bem na mídia.
— Mas não precisa atrapalhar.
— Por que não?
— Porque ele não te atrapalhou.
— Mas ele quase me fez perder...
Perco parte do controle e chacoalho o desgraçado.
— Escuta aqui, você é um burguês rico sem noção, certo? — Não o espero responder. — Isso quer dizer que sua família ficaria bem irritada se você se desse mal aqui. Agora, pense na situação dele, a família real claramente o mandou aqui pra dar um jeito no escândalo. Se Lancelot se ferrar, o planeta inteiro vai ficar irritado.
Brien parece usar o cérebro pela primeira vez. Mas ser sensato realmente não é o seu forte.
— Mesmo assim, eu...
— Brien. — Luna se coloca entre nós.
— Que foi?
— Cala a boca.
Ela sai e ele obedece. Não acredito que ele obedeceu! Devia ter feito essa garota falar com ele antes.
— Agora, uma questão ainda mais curiosa. — O apresentador continua enchendo Lancelot que se esforça para permanecer calmo. — Nossas câmeras o pegaram sentado logo no começo do labirinto, pode explicar o que houve?
Lancelot esconde suas mãos trêmulas dentro dos bolsos. Ele não parece capaz de responder, não consegue inventar nada. Mas ele precisa dizer algo esperto, não pode ser visto como um "fraco".
— Ah, por favor, o que eu falei sobre perguntas importantes? — Digo, ficando entre a câmera e Lancelot. — Era obviamente uma tática que ele inventou. Nós... deveríamos nos separar pra avaliar a planta do local e... oras, não temos que explicar nossos planos pra vocês. Isso vai ser usado como macete pra outros grupos! — Invento qualquer coisa,
O apresentador parece pensar e duvidar sobre tudo que acabei de inventar.
— Mas...
— Podemos ir agora? — Peço.
— Jovem Lancelot, esse plebeu é seu novo servo?
— Servo? — Lancelot perde a paciência. — Ele é um ser humano!
— Somos amigos. — Fico entre ele e a câmera mais uma vez.
— Amigos? Um nobre da realeza e um mero plebeu?
Droga, não devia ter falado isso.
— É que o Jean aqui é muito fã da família real. — Felicity me salva. — Enfim, precisamos ir.
Começamos a nos mover.
— Senhorita Felicity, é verdade que está aqui para conseguir chamar a atenção de um bom partido?
Ela para. Se vira lentamente. Seus olhos parecem prestes a lançar raios laser no holograma
— É o que meus pais estão dizendo por aí, não é? — Ela se exalta e vai para cima da câmera. Os gêmeos a seguram. — Diga a eles que não estou aqui por isso! Diga a todos os idiotas que eu descartei! Diga a todo mundo! Uma garota não precisa de um homem, seu bando de burros!
— Não precisa? — O entrevistador parece confuso.
Felicity explode em gritos e se livra dos gêmeos não sei como. Lian a arrasta para trás no último segundo. Fico feliz por estarmos mais unidos agora, ver plebeus e burgueses preocupados com a aparição na mídia dos nossos nobres é... é um avanço.
— Claro que não seu doente desgraçado de... — Lian tapa sua boca com a mão.
Tentamos nos afastar, mas o entrevistador holograma e a câmera nos seguem bem depressa.
— Quando vão dar um nome para o grupo ou participar dos bailes?
Estamos quase no ônibus.
— Jovem Lancelot, por que recusou ir ao último baile?
Luna para de andar e se volta para a câmera.
— Plebeia do mato, você sabe por quê? Entende o que estou falando?
— Nós do mato não gostamos de tecnologia. — Diz ela antes de estourar a câmera com um chute.
Todos parecemos conseguir respirar outra vez.
Entramos no ônibus.
— Por que me ajudou? — Lancelot me pergunta quando estamos quase de volta em nosso chalé. — Felicity entende a minha situação, mas você... por quê? Não deveria me odiar?
— Você é uma boa pessoa. — Digo simplesmente, porque sei que qualquer outro nobre, com exceção dele e talvez da Felicity, tentaria tornar esse grupo todo seus escravos particulares.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Exame
Genel KurguEm todo o planeta, em cada país, todo jovem ao dezoito anos completar, deve o Exame realizar. O mundo é dividido por castas, as quais podem ser elevadas, com a rara vitória nos tãos temidos jogos em massas. Doze provas. Doze meses. Quem sobrevi...