Prefácio

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Atualmente, todos no mundo gostam de ir e vir, com os direitos que os cabe e geralmente os beneficiam. A grande questão é saber se eles estão vivendo no mundo real ou se estão ignorando o mundo sujo e podre, que sempre existiu e que continuava a fluir, mesmo com todas as faltas e dores, representantes obstruídos e mulheres caladas.

De qualquer maneira, essa história deveria ser contada pela matriz disso tudo.

Como dizia anteriormente, todos no mundo gostam do direito de ir e vir. Mas ele excluía quem não se enquadrava e dava as costas para os excluídos e exilados. E agora ele era questionado pela mulher, deitada na cama e a luz do vermelho, olhando com os olhos puxados para o teto. A lingerie rendada e preta era como uma segunda roupa para Jeon Hyuna.

Sim, isso mesmo, Jeon Hyuna.

A asiática mais nova a entrar no underworld maquiavélico e obscuro. A primeira a assumir um cargo no lugar de um homem e passar pelo luto dele, correndo, lutando em todos os lugares que podia, treinando arduamente, se preparando para dar o maior golpe de estado naquele mundo. Ela tinha dois deveres, sobreviver e recrutar a antiga máfia. Os filhos do vermelho de metila, espalhados pelo mundo, sem saberem exatamente o que iria ocorrer depois da morte do líder, Jeon Jungkook.

Mortes naquele mundo eram mais comuns que o ato de respirar de cada um, mas a morte de Jeon Jungkook abalou todos. E ela era motivada pela dor do abalo, já que sempre fora cuidada pelo mesmo. E todas as noites, ela se deitava na cama que tinha, olhava para o espelho do teto e se encarava, tentando achar-se bonita para não cair no mais profundo abismo depressivo. Entre as lágrimas e as crises, ela teve que se erguer e lutar, como um tigre que está sempre ali, com a boca escorrendo o sangue dos inimigos.

Fechava os olhos e o mundo aparecia em três momentos, a rodeando com sussurros e com imagens, com o reflexo do fogo nos olhos, os toques, os gritos. As vezes socava os espelhos, sua imagem não lhe ajudava a esquecer, mas aquele no qual ela olhava toda noite era o mais revelador de todos. Eram hematomas, rasgos, feridas abertas e fraturas também. A maquiagem borrada e os hematomas roxos eram a pior imagem que tinha de si.

Se perguntava se aquilo seria para sempre daquela maneira, se agora seria ela a fazer o que seu irmão fazia, se tudo aquilo estava sendo válido.

Nem dormia mais, tinha curtos cochilos e quando sua ansiedade demasiada começava a se fazer presente, se jogava no chão e puxava suas flexões, seus aquecimentos e por fim sua forma de lutar. Formada na academia do Tigre Branco, ela era faixa preta e nunca parava de inovar em seus golpes. Era o que deixava ela viva, seus disfarces, seus posicionamentos e é claro, quando o seu radar estava exposto, ela sentia a presença masculina que tentava fazer o mal contra uma mulher, mas sempre eles acabavam sua noite da forma mais indesejável possível. Entrar no faro de Hyuna era o mesmo que pedir a castração química, só que sem anestesia.

De qualquer forma, a morena estava a três anos daquela forma, vivendo como uma rata que escapa e corre por todos os esgotos da cidade, sabendo de tudo e estando nos lugares incertos mas nas horas corretas. Como ela trabalhava fazia erguer-se um legado, um povo no qual decidia se unir a ela e levantar a nova ordem. Era de cabeça a cabeça que ela conseguia mover, e quanto maior era a corrente, maior era o acesso. E era isso que ela necessitava, saber o que ocorre dentro de uma prisão na Somália até o que ocorre em um Buffet em Madri. Hyuna ergueu correntes tão grandes que ela encontrou um por um, presos em lugares esquecidos ou soltos e se embebedando para não poder lidar com a realidade que estava ali.

Guardados em suas respectivas pastas, em ordem alfabética e número.
Prontos para ressurgir das cinzas como uma enorme fénix.

E se olhando no espelho, a morena sentiu que era a hora, então tudo que planejou em três anos iria acontecer e ela estava mais preparada que nunca. Nenhum filho de vermelho de metila iria reconhecer aquela mulher, eles estavam acostumados com uma garotinha assustada e metida, não estavam preparados para o que ela era agora, mas isso não importava mais.

Vermelho de MetilaOnde histórias criam vida. Descubra agora