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Atacante.

Entrelaço meus dedos com as mãos juntas sentindo a textura da mesa secretária de madeira sobre meus cotovelos e apoio o queixo sob minhas mãos entrelaçadas apertando os olhos dando play na gravação que começa a rolar.

Assim que pressiono o botão do gravador a voz do coronel da PM preenche a salinha fazendo eco e eu ouço atentamente cada detalhe do plano que ele tá orquestrando.

Mota traga seu baseado escutando com atenção e passa o beck pra mim soltando a fumaça, eu pego da mão dele umedecendo os lábios com a língua e trago negando com a cabeça quando um dos sargentos considera a possibilidade de me pegar sozinho pra não causar uma chacina e tirar vidas inocentes a troco de nada mas o porco do coronel diz que se ele estiver incomodado é só dar o posto pra alguém que tem coragem pois estão fazendo um bem à sociedade brasileira.

- Porco do caralho. - Falo entredentes soltando a fumaça e devolvo o baseado pro Mota que permanece com o semblante sério enquanto pega.

Fiquei sabendo através dos policias corruptos, que correm pra mim lá dentro, que o coronel tá bolando um plano, orquestrando a porra de uma chacina na minha quebrada pra me pegar visto que ninguém tá sendo capaz.

Mota: Mal do esperto é não se ligar que tem sempre alguém um passo à frente, fala tu. - Bate no meu ombro sorrindo e eu assinto.

- Papo é esse mermo, ele quer fazer essa porra acontecer daqui uns três meses. - Coço minha barba rala que tá crescendo. - Eu vou pegar ele antes, nem na porra do melhor sonho dele ele vai tirar vida inocente numa quebrada sob meu comando, nem ele e nem ninguém.

Quando Mota vai falar algo a porta da salinha se abre revelando o encosto do Bil, paro a gravação olhando pra lua cheia lá fora e ele entra fechando antes de fazer um toque com o Mota.

- Nem chega perto, teu encosto do carai. - Aponto o dedo na cara dele quando ele se aproxima vindo fazer toque comigo.

Bil: Qual foi, minha vida? - Abre os braços sorrindo pra mim e eu estalo a língua no céu da boca quando ele se aproxima e beija minha nuca me fazendo empurrar ele que ri junto do Mota e vai sentar no sofá se servindo de whisky.

- Tá brotando muito, tem corre pra fazer não?

Bil: Bom de ser sub é isso, né? - Dá um gole na bebida. - Mando fazer por mim. - Tá mais mal humorado que o normal, pega o quê?

Mota: Ala, a anã que cuide. - Diz se referindo à minha baixinha. - Esse daí é um forte concorrente, já até te conhece.

- Tu dá o cu, Bil? - Encaro ele que balança a cabeça de um lado pro outro deixando no ar.

Bil: Por que, quer o meu? - Pego o lápis na minha frente e jogo na direção dele que desvia rindo. - Dou não, pô, mas pra vocês eu abriria uma excessão, tá ligado? Gostosos pra caralho, mermão.

Mota: Tô de olho.

- Cala boca vocês dois. - Dou play na gravação novamente e o Bil fica sério de repente, a postura do corpo dele fica rígida e ele até para de beber franzindo as sobrancelhas.

Bil: Eu conheço essa voz. - Fala com a mandíbula cerrada.

- Também já teve caô com o coronel?

Bil: Desde moleque. - Olho pro Mota que traz o olhar pra mim também.

- Como assim?

Bil: Se for coronel da pm então é o meu progenitor.

Passo o dedo no lábio encarando o Bil fixamente e então noto as semelhanças existentes entre eles. O cinza presente nas íris do coronel se fazem presentes nas íris do Bil, as expressões faciais que muitas vezes eu já peguei ele fazendo são idênticas às que o coronel fazia nas imagens que eu mandei fazerem dele distraído.

Mota: Porra, nem fudendo. - Passa a mão na cabeça. - Que mundo pequeno.

- Nera pra tu ser playba?

Bil: Fui até meus dezessete anos, a idade que eu vi meu pai matando minha mãe e me revoltei. Fui tentar denunciar e meu irmão ficou do lado do nosso pai e os dois disse que ia botar a culpa em mim se eu abrisse minha boca.

- Caralho, que filho da onça esse irmão teu.

Bil: Ganancioso desde moleque, preferiu continuar convivendo com o homem que tirou nossa mãe de nós por status, poder e dinheiro. - Nega com a cabeça. - Foda.

- Então tu não vai entrar em uma comigo quando eu matar teu velho? - Pergunto parando a gravação e guardo o aparelho no bolso da minha bermuda. - Já quis pra caralho te matar, mas já não é o caso na atualidade então espero não ter que chegar nesse ponto.

Bil: Só filmar e me mandar que eu deixo baixo.

- Fechou, encosto. - Faço um toque com ele.

Aciono o moleque que trampa de investigador pra mim e peço pra ele caçar informação sobre o coronel e me trazer um fichário em, no máximo, uma semana.

Aciono o moleque que trampa de investigador pra mim e peço pra ele caçar informação sobre o coronel e me trazer um fichário em, no máximo, uma semana

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Bruno Ildo, Bil.
28 anos.

Inolvidável - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora