desavenças.

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Any Gabrielly

Retirei meus sapatos sujos, e os coloquei ao lado da porta, sabendo do péssimo hábito que eu deveria abandonar imediatamente. Minha casa ficava lotada de sujeira a qual eu deveria varrer depois, e eu mesma tentava me repreender sobre isso. A tarde havia passado voando, e mesmo tendo tomado uma xícara de café eu me sentia extremamente cansada e esgotada, completamente desesperada para me deitar na cama, fechar os olhos e dormir o mais rápido possível.

Coloquei minha bolsa em cima do sofá, e caminhei para o banheiro, retirando meu collant e ficando apenas de sutiã e shorts pela casa. Afinal, morar sozinha tratava-se disso, andar completamente nua pela casa sem ninguém para ver. Abri o armário da pia, e peguei de lá um pote cheio de gel de menta para dores corporais, o qual já estava pela metade. O deixei em cima da pia do banheiro e fui até a banheira, a enchendo com água quente até a borda já me espreguiçando de ansiedade. Estava precisando de um banho quente, gel para dor no corpo e minha cama urgentemente.

Retirei as últimas peças de roupa do meu corpo, e coloquei uma perna em contato com a água quente, fazendo-me suspirar com a sensação de alívio completo. Por fim, todo o meu corpo descansou naquela água morna e deliciosa, me fazendo deitar a cabeça na banheira e fechar os olhos por alguns segundos. Não podia me permitir dormir, não mesmo. Corria o risco de me afogar naquela água e só encontrarem meu corpo no dia seguinte. Então o que eu fiz foi ficar mais um tempo ali, esfregando minha pele com o sabão de rosas que deixava minha pele limpa e cheirosa. Mesmo morando em Paris, eu me considerava limpa, já que odiava me sentir suja e mal cheirosa, então evitava não comprar desodorantes, perfumes e outros produtos para me deixar com um aroma agradável e inesquecível.

Todos os homens que eu me relacionava, seja um caso de uma noite ou realmente um "namorado" eu deixava minha marca registrada. Um perfume o qual eu nunca trocava, e tinha aroma de cerejas refrescantes, deixava qualquer pessoa completamente desnorteada. Pelo menos as que eu me relacionava se sentiam "hipnotizadas" segundo os próprios.

Quando me senti devidamente limpa, me levantei da banheira e coloquei a toalha em torno do meu corpo, pegando o gel em minhas mãos, e caminhando pela casa silenciosa e entrando no meu quarto, ligando o aquecedor e tirando o pano do meu corpo nu. Me dirigi até a gaveta, pegando minha camisola branca e a colocando, e finalmente me jogando no colchão macio e que parecia um pedaço do céu para mim agora. Puxei minha roupa para cima, e abri o gel, pegando uma boa quantidade e espalhando em minhas mãos, e em seguida o colocando em toda a minha pele. Um pequeno ardor tomou conta dos meus olhos, mas foi aliviante saber que em breve não teria tantas dores quanto antes.

Após espelhar devidamente por toda a área dolorida, eu fechei o pote, coloquei em cima da mesinha de cabeceira ao lado da minha cama e deitei minha cabeça no travesseiro, me embolando com o edredom quentinho e macio, e fechando os olhos. Suspirei satisfeita, e senti minha boca se abrir levemente, soltando minha respiração devagar enquanto deixava o sono me consumir aos poucos.

Eu estava com fome no caminho logo para a academia que iríamos ensaiar hoje, e infelizmente Sabina não nos acompanhava como gostaríamos. Joalin estava com seus fones de ouvido enquanto observava a cidade pela janela, como uma criança de seis anos que nunca andou de carro.

— Não está ansiosa? Você será a Odette, deveria estar mais animada do que eu — Minha amiga advertiu, e eu poupei minhas palavras, apenas fazendo um movimento leve com os ombros — Você é tão sem graça.

— Você que se anima demais — Revirei os olhos demoradamente, e ela apenas ignorou, voltando a encarar tudo do lado de fora — Espero que tenha comida lá, estou morrendo de fome.

— Agradeça que Giorgina não esteja aqui, e coma o quanto quiser. Eu te disse que uma barrinha de cereais não iria te satisfazer.

— Mas ela vai perceber se eu ganhar alguns quilos a mais. Principalmente que amanhã é dia de balança — Encolhi meus ombros, desanimada com o dia de amanhã.

Sapatilhas Douradas - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora