Capítulo 14

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Ninguém sabia dizer o motivo, mas o senhor Darcy estava irritado aquela semana. Tratava os funcionários com rispidez, sem motivos aparentes, até mesmo tratou Georgiana com descortesia, dizendo que ela deveria permanecer em casa, ao invés de sair para um passeio. A jovem dama ficou arrasada com o tratamento do irmão e não sabia o que dizer para ele. Afinal, ela nunca fora uma pessoa de entrar em qualquer embate ou discussão. E infelizmente, fazia uma semana que Lizzy tinha partido para trabalhar na casa dos Gardiner para ser a governanta dos seus dois filhos. Uma menina e um menino.

Georgiana estava muito magoada com o senhor Bingley por ter indicado o local para Lizzy trabalhar, mas ela havia dito antes de ir embora que era por uma boa causa.

— Assim, Georgie, você não ficara mal falada por Londres, por causa de mim – Lizzy havia dito, antes de entrar na carruagem – E aposto que sua sala de estar estará cheia de cavalheiros para corteja-la. Do jeito que é bonita, vai causar um enfarto no Darcy.

Apesar disso, apesar de Lizzy ter razão, Georgiana preferia muito mais a companhia dela ao cortejo dos cavalheiros da sociedade. E infelizmente, Lizzy estava certa. Georgiana recebeu visitas esporádicas de cavalheiros elegíveis. Seu primo, Richard, parecia estranho com essas visitas, permanecendo na sala com ela, o tempo todo. Não era algo que incomodasse Georgiana afinal, ela gostava da presença dele. Era como irmão adorado para ela.

E quando ela ouviu aquelas duras palavras do seu irmão, sobre não poder sair para um passeio, Georgiana teve o apoio de Richard, que escutara a conversa deles, no corredor. Ele a amparou em seus braços e deixou a jovem chorar. Assim que suas lágrimas cessaram, ela afastou um pouco o rosto e olhou nos olhos azuis de Richard, procurando apoio.

— Richard, como meu irmão pode ser tão cruel? O que há de errado com ele? Sinto tanta falta de Elizabeth. Se ela estivesse aqui, com certeza iria me ajudar – ela disse, com a voz melancólica.

Richard beijou a testa dela, de forma carinhosa e acariciou seu rosto, limpando suas lágrimas.

— Não chore, Georgie. A jovem fez o certo em ir embora. Sua reputação e a da família Darcy seria arruinada. Você nem teria pretendentes. Alguém espalhou o boato sobre ela estar na biblioteca com um homem – Georgiana fez uma careta de desgosto.

— Não pode ser verdade, Elizabeth não é assim – ela disse, se afastando dos braços de Richard.

— Infelizmente eu vi com meus próprios olhos, Georgie. Por que acha que seu irmão propôs casamento a ela? E não sei onde ele estava com a cabeça para propor, afinal, nem era culpa dele o que aconteceu.

— Com certeza, Elizabeth seria uma boa esposa para ele! – Georgiana protestou, irritada. Gostava muito da amiga e iria defendê-la sempre.

— Georgiana, admiro sua lealdade para com ela. A jovem parece ser uma boa pessoa e honesta – Richard tentou conciliar a situação – Mas, seria ruim para Darcy casar com uma mulher sem fortuna ou conexões. Você teria suas chances reduzidas de um bom casamento e Darcy seria ignorado por muitas pessoas na sociedade. Tia Catherine iria inferniza-lo também, afinal, ela quer que Darcy se case com a nossa prima Anne.

— Darcy e eu não nos importamos com a sociedade – Georgiana disse, cruzando os braços, irritada com tudo aquilo. Irritada por nunca ter a chance de tomar as decisões por ela mesma. Irritada pelo destino, pois teria que se casar um dia. E talvez, com alguém que não amasse – Se ele fosse feliz com Elizabeth, seria o melhor para ele. E poderíamos viver em Pemberley a vida toda. Não precisamos ficar em Londres.

— E seu debute, Georgie? Achei que fosse seu sonho – Richard perguntou surpreso por ela não querer mais isso.

— Não tenho mais animo para isso. Poucas semanas em Londres me deixou estafada, Richard – ela confessou, respirando profundamente – Queria voltar para Pemberley e ficar longe da hipocrisia dos nossos pares.

Perdida no século XVIII - Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora