o meu mundo todinho.

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Cigarras.

Existem mais de 1.500 espécies conhecidas, devidamente notáveis por sua cantoria entoada pelos machos.

Talvez fosse interessante pensar como coincidentemente e tão naturalmente, as coisas aconteciam na natureza.

Ele gostava de apreciar as coisas, principalmente aquele mundo, explorava e descobria curiosidades que muitos não sabiam. Se fosse para suprir, ele não se importava, adorava saber demais sobre alguns assuntos enquanto, sobre outros, não fazia ideia.

Era um explorador com sede de conhecimento, podia se dizer assim. Contudo, havia algo ou melhor, alguém, que Taehyung conhecia tão bem que poderia se tornar um sábio.

Um garoto dono de olhos tão redondos quanto esferas e escuros como as noites de verão; cabelos pretos, uma pele branquinha salpicada de pintinhas e coberta por tatuagens.

Jeon Jeongguk.

Taehyung gostava de observá-lo, igual observava as cigarras agarradas nas árvores antigas daquela praça que ele sempre ia para fumar, era um ato costumeiro. Ambos.

Eles eram melhores amigos há anos, moravam em casas que ficavam uma do lado da outra e desde quando eram crianças, estavam juntos. Totalmente opostos dos insetos cantantes. Pois, na natureza, enquanto o macho usa seu canto para atrair a fêmea, Taehyung nunca precisou atrair Jeongguk. Ele sempre esteve lá.

Talvez fosse interessante pensar como coincidentemente e, tão naturalmente, as coisas aconteciam entre os dois garotos.

A forma como a mente do amorenado poderia comparar e romantizar Jeongguk com qualquer coisa, literalmente. Ele passava suas tardes ensolaradas com as pernas para cima, apoiadas na parede cheia de pôsteres enquanto estava deitado na cama macia e bagunçada do melhor amigo.

As camisetas de rock que Jeon colecionava deixava o colchão mais confortável, aquilo tudo era confortável, costumeiro.

Até aqueles sentimentos bagunçados demais dentro de si. Confortáveis demais.

Mas Taehyung só conseguia se importar verdadeiramente e pensar em como a pele leitosa de Jeon possuía diversas migalhas de biscoitos achocolatados, e ele queria tanto prová-lo.

Jeongguk sequer precisava falar, o Kim conseguia lê-lo com toda a facilidade do mundo, cada vez mais, se aprofundando e entrando naquele mar turbulento, repleto de novidades e mesmices mas tinha algo que somente os dois sabiam: já não era mais a mesma coisa fazia tempo.

– Você está diferente. – Jeongguk dizia.

A voz descansada, rouca exatamente por isso apesar de continuar carinhosa e com uma leve camada de preocupação como sempre. Ele se perguntava, bem no fundo de sua mente, se toda essa preocupação não era medo de um dia ter a resposta que contornava seus pensamentos tal qual um furacão.

– Não estou. – o sorriso bonito de Taehyung sempre plantava em seus lábios quando ele respondia a mesma coisa, parecia quase ensaiado. – Eu sempre estive assim.

Porque Taehyung não se via sem aquilo. Ele simplesmente não se via sem Jeongguk, não se lembrava de como eram seus sentimentos pelo mais novo antes de se sentir bagunçado, talvez ele sempre fora daquele jeito e agora estava finalmente se dando conta.

Era demais. Era demais para ser tão simples assim.

Incógnita.

Taehyung poderia conhecer Jeongguk virado do avesso, mas sempre que encarava suas órbitas profundas e imensas tanto quanto o escuro, ele não conseguia se dar conta do que era sentido.

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